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EU TENHO UM PAI, E ELE É MEU AMIGO.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 23 de mar. de 2016
  • 5 min de leitura

MARCELL LOPES DO MONTE RODRIGUES

Marcos Vinicius do Monte Rodrigues nasceu em Mossoró no dia 08 de dezembro de 1957, foi fiscal municipal e diretor do Abatedouro Frigorífico Industrial de Mossoró na 1ª gestão da prefeita Rosalba Ciarlini, tendo continuado no cargo na gestão de Dix-Huit Rosado. Era filho de seu Telé, um conhecido proprietário de frota de taxi que funcionava na Praça do Mercado Central nos anos 60 e 70, e de dona Nazaré. Conheceu Marluce Lopes do Monte Rodrigues quando esta trabalhava no setor de calçados, em uma loja de propriedade da família: Casa Reginaldo. Casaram em 05 de agosto de 1980 e com tiveram três filhos homens: Margley, Marcell e Marcius. Antes mesmo de entrar na função pública, já mantinha com a esposa a loja A Charmosa Confecções, entre os anos de 1985 a 1992, em prédio herdado após a morte de dona Nazaré, bem localizado no centro de Mossoró, na rua Antonio de Souza. Inquieto, sempre buscava diversificar seus negócios. Também era bastante popular, tratando a todos com atenção e alegria, procurando ter uma palavra de incentivo para com todas as pessoas através de brincadeiras e de seu constante bom humor. Com o fim da confecção, decidiu alugar por um período o prédio comercial, abriu uma mercearia no bairro Paredões, onde morava, batizando-a de Três Irmãos, homenagem aos filhos. Em 1998, pediu de volta o prédio e resolveu entrar no mundo da alimentação, abrindo a ‘Lanchonete e Restaurante do Comerciário’, pois tinha a certeza que iria atrair como clientes estes trabalhadores da maior região de negócios de Mossoró.

NO COMEÇO TINHA APENAS DOIS FUNCIONÁRIOS além do casal. A esposa ficava na administração e no Caixa e o esposo nas compras e atendimento. As instalações eram simples, mas os produtos atraiam pela qualidade e preço baixo. “Lembro de um cartaz que anunciava o almoço de R$ 1,00”, recorda Marcell. Seu Marcos gostava de dizer aos amigos e clientes que sua lanchonete e restaurante tinha ‘Preços baixinhos, baixinhos, igual ao salário dos comerciários’. Com o negócio ele sustentava a família, enquanto via os filhos crescerem, estudando e começando a também participarem dos serviços da lanchonete, quando passavam um ‘tempinho’ ajudando os pais nas diversas atividades. Os momentos mais difíceis financeiramente estavam ficando para trás e tudo começava a ficar nos seus devidos lugares. Até mesmo o fato de seu Marcos ter tido uma filha em uma relação extraconjugal tinha se acomodado, principalmente pelo bom coração de dona Marluce, de personalidade cristã, conciliadora e conformada com as necessidades que a vida impõe para que cada um cresça espiritualmente. Marcília, o nome da menina, tem hoje uma relação estável com os irmãos e trabalha na seccional da OAB em Mossoró. O que realmente foi difícil para dona Marluce enfrentar foi a morte súbita de seu esposo, após um dia normal de trabalho no final do ano de 2004. Ao chegar em casa, ele tomou um banho, jantou, assistiu o jornal e foi se deitar. Pouco tempo depois reclamava de dores e cansaço. Diabético, foi logo levado pelos filhos Margley e Marcell para o hospital Wilson Rosado. Encaminhado para Unidade de Terapia Intensiva, não resistiu mais que uma hora e meia, vitimado por uma embolia pulmonar. Poucos sabem da gravidade que pode se tornar este problema de saúde, causado por uma obstrução súbita de uma artéria pulmonar. De cada dez casos, nove começam com um coágulo nas veias profundas da perna, uma condição chamada de trombose venosa profunda. O coágulo é liberado da veia e viaja pela corrente sanguínea até os pulmões, onde pode bloquear uma artéria. Esses coágulos se formam quando o fluxo sanguíneo é restringido e diminui. Isso pode acontecer se a pessoa não se mover por muito tempo. Os sinais e sintomas da embolia pulmonar incluem perda de fôlego sem explicação, dificuldade de respirar, dor no peito, tosse ou tosse com sangue. Batimento cardíaco rápido e irregular, chamado de arritmia, também pode indicar embolia pulmonar.

“A MINHA REAÇÃO AO SABER DA NOTÍCIA FOI A DE PARALISIA. Não queria acreditar e só pensava como seria a nossa vida sem a sua força e presença. Ainda tinha a tarefa de contar a minha mãe, dizendo que ela se preparasse, pois o pai não havia resistido”, descreve Marcell. Até aquele momento os três filhos não tinham nenhuma responsabilidade maior no negócio da família. A obrigação deles era apenas com os estudos. Com 22, 20 e 17 anos, respectivamente, precisaram da força interior de dona Marluce para se reinventarem. Juntos, os quatro tiveram que se organizar para manter a lanchonete da mesma forma, com a mesma qualidade. Marcell foi aos poucos assumindo uma liderança natural. Nascido em 14 de fevereiro de 1984, estudou a maior parte do ensino fundamental no Colégio pequeno Príncipe. Apenas três dos oito anos fez no Colégio Santa Maria Goretti, no bairro Paredões. O ensino médio começou no CPP, mas o 2º e 3º ano estudou na Escola Estadual Abel Coelho. No ano em que fazia cursinho, se preparando para o vestibular, perdeu o pai e abandonou de vez os estudos. Em abril de 2005, Marcell contratou para os serviços de cozinha a filha da amiga Elineuza, Rosilene Maria do Nascimento Rodrigues, que ela indicou com todas as garantias de que ele não iria se arrepender. Não mesmo, pois em outubro começaram a namorar a partir do bom relacionamento que tinham, com brincadeiras e olhares que se intensificavam, despertando o sentimento do amor. “Ela demonstrou ser uma pessoa de bom caráter, atenciosa, responsável, amiga. Devido às questões financeiras e emocionais, que pediam o tempo certo para decisões tão importantes e definitivas, sem precipitações, nos casamos somente em 05 de dezembro de 2010. Hoje ela é a chef de nossa cozinha e me deu o maior presente que um homem poderia desejar: nosso filho Marcos Vinicius”, derrete-se.

MARCELL PASSOU A TER UMA ROTINA DE TRABALHO começando às 5 horas, quando diariamente vai às compras de frutas, verduras e legumes na COBAL, já tendo deixado o beijo e o abraço fraternal no filho, que só voltará a ver no início da noite, quando chega de mais uma jornada na lanchonete. Da COBAL já segue direto para o negócio, organizando o dia e ajudando a preparar o café da manhã que precisa parecer o mais possível com o de qualquer residência: Cachorro quente, tapioca recheada, cuscuz com ovo, pão assado, leite com Nescau, sucos e vitamina diversas. No almoço o cardápio é variado e popular, contando com carne de sol, bife ao molho ou frango assado, acompanhando de porções ou em quentinhas. O irmão Margley também havia casado em 2008 com Kaline, dando a Marluce sua maior companhia nos dias de hoje: a netinha Maria Eduarda, hoje com 7 anos. Marcius continua solteiro mora com a mãe, mas assim como os outros dois dá expediente na Lanchonete resolvendo as questões externas e ajudando no salão nas horas de maior movimento. Dona Marluce é caseira, faz suas próprias refeições, gosta de escutar seus hinos religiosos e frequenta todos os finais de semana, ao lado do atencioso Marcell a igreja do Nazareno. Passados onze anos da morte do pai, a lanchonete recebeu investimentos, teve sua estrutura melhorada, o cardápio diversificado e a cliente cresceu, podendo sustentar os três filhos que recebem salário fixo do negócio. “Nossa união foi fundamental para mantermos tudo organizado. Sentimos falta do pai, principalmente em datas comemorativas, quando lembramos ele nos pedindo para pedir desculpas um para o outro depois de alguma desavença. A ausência de sua liderança e segurança ainda nos deixa tristes e pensativos, mas aprendemos que a vida continua e que devemos fazer nossa parte”, reflete. O nascimento de seu filho lhe deu ainda mais força, um sentido novo para a vida, fazendo-o superar melhor todas as interrogações e duvidas que ainda tinha sobre seu destino. “Outro dia a professora da Alfabetização do Santa Maria Goretti, onde estuda, contou que ele disse ‘Eu tenho um pai, e ele é meu melhor amigo’. Estas coisas nos deixa muito feliz, emocionado e orgulhoso, nos dando a certeza de que meu pai deixou todos os bons exemplos que ele podia. Onde ele estiver deve estar nos vendo com orgulho. Isso nos conforta”, finaliza Marcell.

 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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