LUZ QUE ILUMINA O CAMINHO.
- obomdemossoro
- 6 de mar. de 2016
- 9 min de leitura

MARY SIMONE BARROCAS ROSADO
Esposa do ex-deputado federal Betinho Rosado, mãe do atual deputado federal Beto Rosado, de Roberto e de Cristina, que lhe deu a neta Maria Laura, a assistente social Mary Simone há nove anos divide seu tempo também com a administração de sua empresa de jardinagem e paisagismo, sem deixar, no entanto, de reservar espaço para viajar e encontrar amigos, em particular as companheiras do divertido Grupo das Solidárias, que ela mesma criou para contribuir com instituições beneficentes de Mossoró. Esta introdução poderia fazer o leitor de O BOM DE MOSSORÓ pensar que estamos enveredando por um novo estilo de texto, mas voltado para o colunismo social, que costuma exaltar as posses, posições e aparências de alguém, em detrimento de sua verdadeira essência. Não, este paragrafo inicial tem a intenção apenas de fazer uma rápida apresentação, colocando logo o leitor a par do que hoje ocupa a vida de nossa personagem, dona de uma história construída com determinação, coragem e dedicação, em meio às alegrias e angustias comuns na vida da maioria dos brasileiros.

NASCIDA EM FORTALEZA NO DIA 19 DE NOVEMBRO DE 1950, a caçula dos oito filhos do casal Francisco Barrocas Filho e Maria Lindaura Lopes Barrocas acostumou-se a conviver bem em sua infância e juventude com dois mundos distintos: o urbano e o rural. Talvez daí ser fácil perceber a habilidade que Mary Simone tem em conviver bem, tanto no mundo social do glamour e da proximidade com o poder, como nos mais simples ambientes, conversando com gente humilde e se solidarizando com seus aperreios comuns. Seu Francisco, conhecido como Sr. Barroquinha, era um empreendedor rural que possuía propriedades em Canindé, onde plantava algodão, e na Serra de Guaramiranga, onde investia no café. Em época de estiagens, transportava seu gado de uma para a outra, coisa de 70 km. Chegou à região devido o pai, avô de Mary, ser médico na vizinha Baturité, e por lá acabou investindo seu futuro naquilo que amava, criando os filhos com os recursos provenientes da terra. Dona Lindaura administrava a prole: Haroldo, Airton, Silene, Marlene, Crisanto, Leda, Danilo e Mary, sendo os dois últimos já nascidos na casa de Fortaleza, comprada justamente para que eles pudessem estudar na capital. Por muitos anos, em suas férias, Mary passava o mês inteiro na Serra, indo também, quando era inverno, para o sítio de Canindé. “Lembro que meu pai, para nos ocupar o tempo, amarrava um saco em nossa cintura e nos mandava para o apanhado de café, um momento delicioso e divertido”, recorda. “Também cantávamos muito, eu e meus irmãos e primos, jogávamos dominó e frescobol. A raquete de couro, quando amolecia devido o frio da Serra, tinha que ser esquentada para ganhar rigidez novamente. A cachoeira era a maior atração, onde descíamos as pedras montados em capinhas dos coqueiros, tipo que fazem nas dunas do litoral”, descreve. Em Fortaleza, a casa estava sempre muito cheia. Além dos irmãos, muitos primos vieram morar para estudar. Era onde o irmão Haroldo, que criou um time de futebol, levava a turma para fazer reuniões. Seu Francisco nunca chegou a morar na capital, preferia a fazenda, ainda mais quando sofreu o mal de Angina, um tipo de dor no peito causada pela redução do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco, o que deixa o coração sem oxigênio suficiente para desempenhar sua função. Nesta hora dona Lindaura também voltou a morar na Serra, para acompanhar o esposo, na companhia de suas produções em bordados richelier, crochês, colchas de cama e toalhas que fazia para presentear as filhas e noras. Seu Francisco faleceu em 1986, devido sua idade avançada e em decorrência do agravamento de uma erisipela. Dona Lindaura despediu-se da vida em 2000, vítima de infarto, quando já morava novamente em sua casa de Fortaleza.

MARY ESTUDOU NO COLÉGIO DE FREIRAS DAS DOROTÉIAS até o 4º ano. Passou ainda pelas escolas Nossa Senhora da Assunção e João Pontes, onde concluiu o ensino fundamental. O médio, na época chamado científico, fez no Colégio Estadual Liceu, no anexo do bairro São João do Tauape. A irmã Silene era quem mais acompanhava seus estudos, comprando os livros necessários, pois a mãe estava sempre dividida entre o campo e a cidade. Seu primeiro emprego conseguiu paralelamente aos cursinhos específicos que fazia para entrar em uma faculdade. Foi recepcionista no Hospital Infantil Walter Teles. Ela mesma foi lá e se apresentou para pedir emprego. Com os irmãos casando e indo morar cada um em suas casas, Mary teve que ir assumindo sua independência. Tinha seus namorados comportados, mas o que queria mesmo era ganhar seu próprio dinheiro. Foi assim que deixou o hospital para entrar no mercado de capitais, vendendo letras de câmbio. Devido seu bom relacionamento na sociedade alencarina, vendia bem e ganhava comissões que lhes permitiam viver com seus próprios ganhos. “Uma sensação boa de ser útil e de conquista da liberdade”, revela. Foi quando fazia este trabalho que a gerente da loja de passagem da viação Cruzeiro do Sul, dona Lourdinha, a convidou para trabalhar na empresa, onde ficou de 1970 a 1973. Em 1972, a colega de trabalho Socorro Peixe a convidou para passar um final de semana em Mossoró, cidade que ainda não conhecia. A amiga iria se encontrar com o namorado, o também cearense Rútilo Coelho, que estudava economia na cidade potiguar. Viajaram no fusquinha verde de Socorro e, no sábado à tarde, uma grande turma se encontrou no Posto Imperial, inicio da Avenida Presidente Dutra, ainda bairro de Santa Luzia, um dos ‘points’ da juventude naqueles tempos. Na mesa, além de Mary, acomodaram-se cerca de cinco casais, entre eles, Rútilo e Socorro, Vileman e Francisquinha, Sebastião e Maria Amélia. Em um determinado momento, chegando para abastecer seu bugre amarelo, Carlos Alberto de Souza Rosado, colega dos rapazes na faculdade de Economia, ao vê-los, aproximou-se para cumprimentar e aproveitou para convidar todos para ir ao Sítio Canto, de sua família, onde foram recepcionados pelo casal Isaura, irmã de Carlos, e seu esposo Joaquim Saldanha.

NA SEMANA SEGUINTE, PARA SURPRESA DE MARY, um telefonema para seu trabalho do tal Carlos Alberto a convidando para passar um novo fim de semana em Mossoró. O Betinho, como era conhecido, havia procurado com amigos o número daquela jovem de quase 22 anos que o encantara. Mas devido outros contratempos, ela só aceitou o convite um mês depois. No entanto, ao chegar, novamente com a amiga do fusquinha verde, soube que o pretendente tinha uma namorada. Cabreira, nem ligou para o rapaz.
Porém, ninguém consegue fugir do seu próprio destino. Eis que na rua Dr. Almino Afonso, quase em frente ao prédio da reitoria da UERN, um carro abalroou o de Socorro, criando uma pequena confusão no local. Betinho tinha ido receber o dinheiro de seus serviços como monitor de uma disciplina da faculdade de Economia, e deu de cara com Mary. Conversaram e já combinaram de se encontrar à noite.
Era tempo de campanha eleitoral e a disputa acirrada levava toda a cidade para as vigílias. A família de Betinho apoiava a chapa Dix-huit Rosado para prefeito, Canindé Queiroz para vice. “Dona Adalgisa, mãe de Betinho, levou seus tamanquinhos para bater um no outro, detalhe como vários outros que mexiam com os eleitores e faziam das campanhas eventos contagiantes. Mas o que me marcou naquele dia foi o inicio do nosso namoro, que se seguiu com inúmeras viagens entre Mossoró e Fortaleza, algumas vezes minhas, outras dele”, conta Mary.
O casamento ocorreu em 16 de dezembro de 1974, quando Mary já morava em Mossoró, cursando Serviço Social da UERN. Betinho morava em Natal, pois havia concluído seu outro curso, o de Agronomia, e estava trabalhando no projeto do bicho-da-seda, da Secretaria de Agricultura do Estado. Resolveram casar no final do ano pelo fato de Betinho ir cursar o mestrado em Economia Rural em Viçosa, Minas Gerais, no ano seguinte. Durante três anos ficaram longe de Mossoró, em uma cidade essencialmente universitária, de 14 mil habitantes, clima agradável, onde Mary cursou a faculdade de Economia Doméstica, aproveitando cadeiras para quando viesse concluir Serviço Social.

NO PERÍODO DE VICOÇA NASCEU ROBERTO, o primeiro filho do casal. No final de 1978, quando já estavam de volta, nasceu a filha Maria Cristina e, somente em 1982, veio ao mundo o caçula Beto Rosado. No final do curso, Mary estagiou no SESI para produzir sua monografia sobre Humanização no Trabalho, juntamente com as colegas Inês Isaura e Eva Fonseca. O SESI acabou lhe contratando, onde por quase 20 anos atuou como assistente social. Com a eleição de Betinho para deputado federal em 1974, Mary e os filhos também foram morar em Brasília. Nos últimos quatro anos eles já estavam fora de Mossoró devido o cargo de Secretário do Estado do Trabalho e Ação Social assumido por Betinho no governo de José Agripino, entre 1991 e 1994. “Brasília era uma oportunidade de crescimento para meus filhos, principalmente. Com toda sua estrutura, visibilidade, potencialidade, poderia abrir caminhos positivos para eles. Pelo menos era o que eu e Betinho pensávamos. No entanto, acontecimentos inimagináveis mudaram toda nossa expectativa. Passamos a conviver com um pesadelo que nenhum pai e nenhuma mãe imaginam passar. Meus dois filhos mais velhos não souberam dizer NÃO ao mundo ilusório das drogas”, conta emocionada Mary. Uma experiência que muitos jovens vivem pela facilidade em entrar, sem a consciência de que para sair existirão dificuldades, sofrimentos e embates físicos e emocionais que quase sempre acabam, inevitavelmente, arrastando toda a família para dentro do problema. Em 1997, Mary decidiu por voltar a morar em Mossoró, dividindo-se, desde então, entre as duas cidades. Em Brasília, Betinho exerceu seus cinco mandatos eletivos até 2014, quando da eleição do filho caçula. Desde então, continua suas viagens, mas desta vez no trabalho de assessoramento a Beto, o que lhe deixa ainda muito próximo dos principais acontecimentos políticos do país.

A VIDA DE MARY HAVIA DADO UMA GUINADA, e ela precisava se reposicionar, se recompor, se reinventar. O sentimento de culpa, a frustração, os questionamentos que fazia ao lado do esposo, não poderiam ser os únicos norteadores de sua vida a partir deste fato. Era uma realidade, difícil, mas possível de ser enfrentada. De início, precisou saber conviver com o mundo e suas diversas opiniões. Aproveitou um plano de demissão voluntária oferecido pelo SESI e pediu desligamento definitivo, depois se aposentando, mesmo perdendo vantagens financeiras. Mary não se sentia com cabeça para trabalhar. Buscava soluções, mas o tempo lhe mostrava que nada é definitivo, nem os bons, nem os maus momentos. Descobriu que nada pode abalar uma pessoa ao ponto dela perder a fé, e que a felicidade está no interior de cada um, seja qual for a situação que o desafie. “Para isso Betinho foi fundamental, dando-nos o norte, apontando o caminho da sensatez. Sempre nos deu força, com sua paciência e inteligência, para superar tudo. Nem tão pouco deixou de produzir e viver, contribuindo com suas ideias para o bem estar de todos. Vivemos os dois juntos os desafios, mas sofremos separadamente cada angustia, cada dor”, conta. Mary conta que a superação passou a ser o objetivo maior de sua vida, ao lado dos filhos, apoiando-os, incentivando-os, buscando juntos, a cada dia, o aprendizado e o engrandecimento necessário para o fortalecimento de sua família. “Aprendi a controlar mais minhas emoções, a ter equilíbrio de mãe, cuidando da vida sem perder a constância do pensar e do agir, sem receio do que tivesse que fazer”, relata. A vida continuou e Mary hoje se sente testada em uma grande prova de fogo. Amadurecida, fortalecida pelas circunstâncias de momentos que acredita, por razões que fogem ao entendimento comum, deveria passar. “As culpas ainda são inevitáveis e apontam para todos os lados, mas o mais importante que fica acaba sendo a afinidade que nasceu pelo sofrimento. Nos amamos muito, criamos estratégias para a felicidade e a convivência saudável. A vida é energia, trabalho, alegria e convivência. Nunca devemos dar espaço para lamentações”. Ensina. Ao colocar sua própria empresa e se dedicar a ela com muita intensidade e amor, Mary mostrou estar disposta a seguir seu caminho determinado e produtivo. Fez o mesmo quando criou e convidou três dezenas de amigas para o Grupo das Solidárias, que se reúne mensalmente para comemorar a vida. “Cada encontro é um momento de celebração onde buscamos através da amizade, fraternidade e solidariedade sentir a importância que temos para com o próximo, no sentido da alegria, do apoio e da oração, na certeza de que Deus está sempre presente, inclusive nos momentos mais difíceis”, conclui.

Nota: para Mary Simone, Betinho, seus filhos e toda a turma das Solidárias, O BOM DE MOSSORÓ publica a letra e o vídeo da música LUZ DIVINA, com Roberto Carlos, comemorando também a publicação de nossa 150º história de vida em apenas oito meses de existência. Seu exemplo de mulher guerreira, Mary Simone, é mais um retrato do valor que muitos heróis, anônimos ou não, nos deixa como ensinamento e esperança de estarmos construindo uma sociedade melhor para todos.
LUZ DIVINA. Luz que me ilumina o caminho e que me ajuda a seguir. Sol que brilha à noite e a qualquer hora me fazendo sorrir. Claridade, fonte de amor que me acalma e seduz. Essa luz, só pode ser Jesus. Essa luz. Raio duradouro que orienta o navegante perdido. Força dos humildes, dos aflitos, Paz dos arrependidos. Brilho das estrelas do universo, o seu amor me conduz. Essa luz, é claro que é Jesus. Essa luz.
Sigo em paz no caminho da vida por que. O caminho a verdade a vida é você. Por isso eu te sigo, Jesus meu amigo. Quero caminhar do seu lado e segurar sua mão. Mão que me abençoa e me perdoa e afaga o meu coração. Estrela que nos guia luz divina o seu amor nos conduz. Essa luz, é claro que é Jesus. Essa luz, só pode ser Jesus.
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