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50 ANOS DE IMPRESSÕES.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 2 de mar. de 2016
  • 5 min de leitura

EDMILSON DE OLIVEIRA BEZERRA

A fazenda Taboleiro Alto, localizada do lado direito de quem vai para Grossos, logo após a rotatória que leva para Fortaleza, foi o palco dos primeiros treze anos de vida do empresário Edmilson Bezerra, mas conhecido por ‘Edmilson Serigrafia’. Nasceu lá mesmo, nas mãos de uma parteira, no dia 13 de agosto de 1950. Eram terras do tio Zeca Cirilino, ou Mundinho Cirilino, que seu pai, Raimundo Falcão Bezerra, irmão de Zeca, gerenciava. Sua mãe, Maria de Lourdes de Oliveira Bezerra, também tinha o papel de gerente, mas no seu caso a tarefa estava centrada nos dez filhos e nos afazeres da casa. Edmilson era o sexto da prole, sua principal obrigação era ajudar o pai na tirada do leite. “Bastava ele dar uma batidinha na rede de quatro horas da madrugada para eu e meus irmãos entenderem que já era hora de levantar”, destaca. Na época de inverno, lembra, a lama tomava conta de todo o corpo dos meninos. A mãe morria de dó de vê-los naquela luta diária, mas o pai sabia que não podia criar os filhos na moleza. “Lutar com o gado foi um aprendizado para sempre. Esforço, dedicação e disciplina que me acompanharam para o resto da vida”, afirma. Apenas em 1963 a família veio para Mossoró, em uma casa emprestada pelo mesmo Zeca, para que os sobrinhos pudessem estudar. Os mais velhos já nem quiseram. Aos 13 anos, Edmilson sabia apenas a cartilha do ABC, sendo matriculado no 1º ano primário no Grupo Antonio Gomes, localizado no bairro Paredões, aonde vieram morar. Pela idade e conhecimento demonstrado, a professora decidiu já no outro ano lhe colocar direto para no 3º, pulando um ano. Na Escola Estadual Cunha da Mota estudou até o Exame de Admissão, indo fazer o ginasial primeiro na Escola Municipal, depois na Estadual, onde também terminou o ensino médio estudando no anexo que funcionava na ESAM. Seu Raimundo continuou lutando com o gado nas terras da Fazenda de Zeca, que era um homem rico. Era dono do barracão do Porto Santo Antônio, dando todo suporte para o grande movimento de mercadorias e passageiros no local, além de possuir embarcações que não paravam o dia inteiro. Foi um dos primeiros a ter carro em Mossoró, prestigio que fez com que fosse homenageado com o nome de uma rua no bairro Barrocas. “Depois tio Zeca perdeu muito dinheiro devido turbulências da vida, inclusive chegando a vender a Fazenda onde nasci. Meu pai teve que procurar outras fazendas para continuar a fazer o que sabia: negociar com gado”, conta Edmilson.



PARALELAMENTE AOS ESTUDOS, OS MENINOS TINHAM QUE CUIDAR de ganhar o pão de cada dia. Era 16 de maio de 1966 quando ele e o irmão Edilson vinham chegando em casa montados nos burros que traziam os caixotes com o leite da vacaria do pai no Sítio Pau D’arco. A mãe vendia toda a produção em casa mesmo para freguesia certa. “Foi quando meu vizinho Tércio, ao qual já havia falado para trabalhar com ele em uma empresa de serigrafia, me chamou e perguntou se eu ainda queria, dizendo em seguida: ‘Pois se quiser vá botar uma roupa e vamos embora.’ Foi meu primeiro dia de trabalho, que agora completará 50 anos”, destaca Edmilson. A empresa tinha o nome de Artflam e era dos sócios Alcides, um paraibano de Campina Grande, e Carlinhos, irmão de Filgueira, atualmente diretor do Colégio Dom Bosco. Edmilson entrou como ajudante dos mais experientes. “Os desenhos, as artes, eram feitas na mão, com caneta nanquim, passadas para um filme, preparado com solvente para ir a uma tela de nylon bem mais grossa do que as de hoje em dia”, descreve. Segundo Edmilson, as flamulas, geralmente usadas como enfeites nas casas, eram a principal peça de propaganda na época. Faziam também faixas, panfletos e adesivos. Neste ramo a Artflam era a pioneira e única na cidade, até Rogério Dias sair da empresa e colocar a sua própria serigrafia. Depois a própria sociedade se dissolveu e cada um foi para um lado. Ronald Neo, que era do setor comercial da empresa, se aproveitou da ocasião e acabou propondo sociedade com Alcides, criando a empresa ‘Ralcy’. Edmilson ficou com eles, indo trabalhar em uma casinha de taipa que Ronald comprou na Rua Jerônimo Rosado para funcionar o negócio. Em 1970, uma nova divergência entre sócios e Alcides foi embora para Paraíba. Ronald, com problemas na retina do olho direito, chamou então Edmilson para gerenciar a empresa. Em 1974, quando da nomeação de Tarcísio Maia para governador, Ronald foi convidado para assumir um cargo em seu governo, já que tinha ligações familiares. Desta forma, passou a vir em Mossoró apenas de mês em mês, para receber a prestação de contas de Edmilson. Já no ano seguinte, Ronald achou por bem se desfazer da empresa, oferecendo-a prioritariamente ao próprio Edmilson. Na verdade o patrimônio era mais a casa de taipa, pois maquinário era pouco e nem a empresa, nem, por conseguinte, os funcionários, não eram legalizados. “Procurei meu pai para vender as oito cabeças de gado que eu tinha e, por orientação de amigos, para completar o dinheiro, fui à recém-chegada Caixa Econômica ver como era este negócio de dinheiro para novos negócios que o gerente Roberto Ávila divulgava. A única exigência foi ter dois avalistas”. Relembra.

ASSIM EDMILSON VIROU EMPRESÁRIO, logo investindo na casinha para funcionar a empresa e servir também de moradia, pois pretendia casar em breve com a namorada de cinco anos, Maria Ediva Fernandes, caraubense que havia vindo para Mossoró trabalhar como técnica de enfermagem, morando com parentes na mesma rua da serigrafia. Em 19 de dezembro de 1996 ocorreu o esperado casamento, mesmo ano em que ambos registraram a empresa com o nome de Fernandes e Bezerra. Ambos, portanto, preste a completar 40 anos. A serigrafia passou a funcionar em um quarto construído no quintal da casa, Edmilson concluiu o curso de Geografia na UERN e os filhos foram nascendo: Israel, que mora em Londres e é casado com uma francesa, mãe da Lua, única neta dos avós corujas que a vêm todos os dias pelas redes sociais; Tiago, jornalista e administrador de empresa; Rafael, psicólogo; e Samara, que mora com o irmão em Londres. “Minha vida hoje reflete uma caminhada de muito trabalho. Muitas vezes ficava até de madrugada nos serviços de serigrafia, vindo a pé, na escuridão, do centro para o bairro Paraíba com um pedaço de pau na mão apenas para enfrentar os cachorros, pois medo de ladrão ninguém tinha naquela época”, conta Edmilson. Para ele, o ramo de seu negócio deu um grande salto com a informatização e a evolução dos equipamentos e materiais utilizados. “Impressoras digitais, programas de finalização de artes, possibilitaram qualidade quase que perfeita, ampliando nossas opções de serviços e diversificando a clientela”, descreve.

DEPOIS DE TODA ESTA TRAJETÓRIA calçada pela paciência e respeito para com o próximo, Edmilson ver com preocupação os desmandos administrativos pelos quais o país atravessa, com as empresas sendo sufocadas para pagar uma conta alta da irresponsabilidade da classe política. “Temos muitas dificuldades em empreender no Brasil. São muito gargalos, custo de produção alto, encargos e impostos ilimitados e concorrência desleal. Tudo isso exige uma administração centrada e muito consciente para não se perder o controle e naufragar depois de tantos investimentos e sonhos depositados”, resume. Sua empresa hoje conta com cerca de 50 colaboradores, mesmo depois de cortes necessários, em um espaço com cerca de 1.000 metros quadrados. Atua nos serviços de outdoors, placas de sinalização, camisetas sublimadas, bandeiras, faixas e muitos outros itens que envolvem impressão e produção artística. Bem diferente do tempo da casinha de taipa, mas com o mesmo empenho e dedicação daquele menino que com a cartilha do ABC, carisma, humildade e simplicidade, soube aliar responsabilidade, dedicação e credibilidade para vencer. “Sempre estar disposto a ouvir as pessoas, dando-lhes a atenção devida, foi uma das minhas principais virtudes. O respeito que tinha por meus pais, meu tio, meus irmãos, colegas de estudos, passando pelos amigos e clientes, dos mais importantes aos mais humildes. Eis meu segredo na vida, que transmito para todos com muito orgulho e ciente de que sem ser solidário e amigo não chegamos a lugar algum”, enfatiza Edmilson.

 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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