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SENTAR EM CÍRCULO OU EM ‘U’.

  • Augusto Cury
  • 7 de jan. de 2016
  • 2 min de leitura


Certa vez, quando eu estava na quinta série do ensino fundamental, minha classe foi dividida em grupos. Cada grupo tinha de apresentar um trabalho na frente da turma. Muitos do meu grupo se recusaram a fazer tal façanha. Eu, mais ousado, fui em frente. Jamais tremi tanto. Minha voz ficou sufocada. Parecia tão fácil falar dentro do meu quarto, mas eu não conseguia coordenar minhas ideias na frente da classe. Hoje dou palestras para milhares de pessoas numa plateia. Mas não foi fácil superar esse conflito. Por que é tão difícil falar sobre nossas ideias em público? Por que muitos têm dificuldade de estender a mão e fazer perguntas num anfiteatro? Por que algumas pessoas são eloquentes e seguras para falar com os íntimos mas completamente inibidas para discutir suas opiniões com estranhos ou em grupos de trabalho? Uma das grandes causas é o sistema escolar. Apesar de parecer tão inofensivo enfileirar os alunos um atrás do outro na sala de aula, esta disposição é lesiva, produz distrações e obstrui a inteligência. O enfileiramento dos alunos destrói a espontaneidade e a segurança para expor as ideias. Gera um conflito caracterizado por medo e inibição. O mecanismo é o seguinte: quando se está num ambiente social, detona-se um fenômeno inconsciente em frações de segundos, chamado gatilho na memória, que abre certos arquivos que contêm insegurança e bloqueios, gerando um estresse que obstrui a leitura de outros arquivos e dificultando a capacidade de pensar.


AS GRANDES TEORIAS EDUCACIONAIS NÃO ESTUDARAM OS PAPÉIS DA MEMÓRIA. Por isso, elas não perceberam que bastam dois anos em que os alunos se sentam enfileirados na escola para gerar um trauma inconsciente. Um trauma que produz um grande desconforto para expressar as opiniões em reuniões, falar "não", discutir dúvidas em sala de aula. Alguns adquirem um medo dramático de receber críticas, e por isso se calam para sempre. Outros são superpreocupados com o que os outros pensam e falam a respeito deles. Você tem este trauma? A escola clássica gera conflitos nos alunos sem perceber. Além de bloquear a capacidade de argumentar, o enfileiramento dos alunos coloca combustível na síndrome do pensamento acelerado, a SPA. O pensamento dos alunos vai a mil por hora. Para os adultos já é difícil suportar a fadiga, a ansiedade e a inquietação da SPA. Agora, imagine para crianças e jovens obrigados a ficar sentados, inertes, e, ainda por cima, tendo como paisagem à sua frente a nuca dos seus colegas de classe? Para não explodir de ansiedade, eles tumultuarão o ambiente, terão conversas paralelas, mexerão com seus amigos. E uma questão de sobrevivência. Não os culpe. Culpe o sistema. Como resolver esse problema? Fazendo com que os alunos se sentem em meia lua, em U ou em duplo círculo. Eles precisam ver o rosto uns dos outros. Por favor, retirem os alunos da pré-escola à universidade do enfileiramento. Ele fomenta a inércia intelectual.


* Do livro Pais Brilhantes, Professores Fascinantes.

 
 
 

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