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PEÇA POR PEÇA, CONSTRUÍMOS NOSSA HISTÓRIA.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 26 de jan. de 2016
  • 4 min de leitura

GERALDO DE BRITO GUERRA FILHO

A família de Geraldo Filho tem sua origem no sítio Serrote, município de Caraúbas, em terras herdadas por seu pai, Geraldo de Brito Guerra , um agricultor que depois veio a ingressar no Departamento de Estradas e Rodagens (DER), onde se aposentou. A mãe, Cecília Crisóstomo Guerra, teve seus dois primeiros filhos com a ajuda das parteiras locais, que também tinham que ser benzedeiras e psicólogas para que tudo desse certo. Por lá nasceram Maria e José, até a família decidir morar em Mossoró, bairro do Alto de São Manoel, onde nasceram Célia, Geandra, Geraldo, Carlinhos e Chiquinho. O Geraldo pai foi aproveitado no DER a partir de seus trabalhos nas chamadas frentes de emergência, devido às estiagens, e acompanhou o período onde foram construídas diversas rodovias ligando os diferentes municípios do estado. Por anos ele trabalhou no duro serviço braçal, até ser deslocado para o almoxarifado da empresa. Enquanto isso, dona Cecília costurava e fazia pamonha para vender juntamente com os milhos verdes em um ponto na Cobal. Também vendeu frutas e verduras. Estes dois trabalhos que possibilitaram o sustento da família até o início dos anos 90. Com os seguidos planos econômicos da época, afetando de forma diferente cada um dos brasileiros, o ponto de comércio da Cobal acabou fechando, mas dona Cecília não ficou parada, foi trabalhar com o filho José na mercearia que ele havia colocado no Mercado do Bom Jardim, onde até hoje ela se diverte, já que não tem mais a preocupação de sustentar nenhum filho. Seu Geraldo também não ficou de pijama em casa aproveitando a aposentadoria. Diariamente, em outro ponto deste mesmo Mercado Público, vende peixe para sua clientela fiel. Seus fornecedores são da praia de Cristovão, os de água salgada, e da barragem Castanhão, os de água doce. Tilápia, Serra e Atum são os mais procurados, mas o que impressiona mesmo é a disposição e habilidade deste senhor de mais de 70 anos nas tarefas de mexer com a serra de cortar peixe, fazer contas, comprar e vender sem nenhum auxiliar.


COM ESTES DOIS EXEMPLOS EM CASA, Geraldo Filho teve que aprender cedo. Dos oito aos treze anos possuía seu próprio carrinho de vender confeitos. Vendia na calçada de casa no horário em que não estava nas escolas estaduais Solon Moura ou Jerônimo Vingt Rosado. Em dias de futebol no Nogueirão, levava seu carrinho até o estádio Nogueirão. Ele mesmo comprava seus produtos no Centro de Mossoró. Os confeitos e outros doces na Comercial Pedro de Aquino, e os cigarros com Pedro Amâncio, ou Pedrinho do Cigarro como era mais conhecido. “Eu tinha meu próprio dinheiro para ajudar mamãe, comprar roupas e realizar meu sonho de ter minha bicicleta Monareta”, lembra. Com as primeiras namoradas surgindo, acho melhor aposentar o carrinho e ir trabalhar com o irmão no comércio do Mercado. Aos 18 anos serviu no 7º Batalhão de Engenharia, em Natal, que além de ser um sonho de criança, ainda era remunerado com meio salário mínimo. Quando voltou, acabou casando com Carmem Ariane, a namorada que havia deixado em Mossoró. Com ela teve Juan Rafael, hoje com 23 anos, professor do SENAI e concluinte de Mestrado em Engenharia de Energia, e Pedro Samuel, agora estudante de Direito. Com a vida de casado vêm também maiores responsabilidades. Geraldo coloca então uma bodega no Ferro de Engomar, bairro Santo Antonio, local onde também morava com Ariane, na época estudante. Seu negócio vendia de tudo e de qualquer forma que o freguês quisesse. Era 200 gramas de açúcar, uma medida de óleo, uma banda de rapadura e o café Vitória moído na hora. Apesar da vontade e coragem de trabalhar, o famoso ‘livro de fiados’ acabou fazendo com que a bodega quebrasse após cinco anos de funcionamento.

ARIANE CUIDAVA DOS FILHOS E INVESTIU NOS ESTUDOS. Hoje é funcionária do IFRN e da Prefeitura de Mossoró, na área de educação, graduada em Pedagogia e fazendo Mestrado em Educação. Geraldo investiu no setor que viria a crescer muito. Foi um dos primeiros mototaxista de Mossoró. “Na época a corrida custava R$ 1,00 e a gasolina era R$ 0,58 o litro. O resultado foi ótimo, tinha dias de fazer R$ 60,00 a R$ 80,00. Para quem estava parado era uma benção”, conta. No entanto, a concorrência, as distâncias, o combustível e, consequentemente, o valor cobrado pelas corridas, foram aumentando sistematicamente, fazendo com que Geraldo deixasse a profissão após seis anos. Com o dinheiro que juntou nesta atividade, resolveu abrir uma ‘lan house’ no conjunto Vingt Rosado, onde mora até hoje. A atração que reunia, principalmente, crianças e jovens possibilitou a Geraldo aprender duas outras atividades: manutenção de computadores e instalação de programas, que ele utilizava em seu negócio; e construção de mini jardins, ideia surgida de seu amor pelas plantas. O processo é todo artesanal, utilizando a reciclagem de materiais como matéria prima básica. Com o tempo, ele também começou a produzir mini fontes, reunido os dois produtos para oferecer projetos a um novo tipo de cliente. Entre os itens utilizados nesta arte que Geraldo faz com zelo e habilidade, estão os troncos de madeira, vaso quebrado e pedaços de cerâmica. “Usamos ainda massa durepoxi, gesso com agave, cola de silicone, EVA, tinta acrílica e verniz para impermeabilizar e dar brilho”, conta.

COM ESTA ATIVIDADE GERALDO ENCONTRA-SE COM SUA ESSÊNCIA. Vira um artesão e se inscreve na FUNGER para participar de Feiras de Artesanato e do grupo que semanalmente expõe seus produtos na Praça da Convivência da Avenida Rio Branco. Com esta renda extra de um negócio exclusivo e personalizado, resolve fechar a ‘lan house’ e se dedicar apenas ao artesanato. As encomendas se estabilizam e oferecem certa estabilidade. Aparece então a oportunidade de ocupar um ponto comercial no mercado do Bom Jardim, onde já está sua família, e em 2014 instala a ‘Casa da Flor do Sertão’, onde expõe sua arte e produz as encomendas recebidas. “Para cada cliente criamos algo especial, que achamos conveniente e de acordo com suas expectativas. Geralmente entregamos o pedido no prazo máximo de um mês”, explica. Para Geraldo, a vida é construída peça por peça, como os seus mini jardins e mini fontes. “Amo o que faço e tenho minha família como suporte de apoio e incentivo. Ensinei aos meus filhos que o mais importante é fazer nossa história como homens de bem, e não como homens que só querem se dá bem, de qualquer forma, passando por cima do próximo. Assim como meus pais e irmãos, me sinto realizado por chegar até aqui sem ter saído deste caminho”, resume.


 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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