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AS ESQUINAS DA MINHA EXISTÊNCIA.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 3 de dez. de 2015
  • 6 min de leitura

FLÁVIA BATISTA DE ARRUDA

Uma nova escritora mossoroense nasce nesta noite de quinta-feira: Flávia Arruda. Psicopedagoga, servidora estadual, esposa, mãe, observadora perspicaz dos acontecimentos que formam sua avenida chamada vida, retrata no livro de estreia, ‘As Esquinas da Minha Existência’, fatos pontuais merecedores de reflexões, agora disponibilizadas ao mundo. São crônicas muito bem escritas que ‘sangram em letras suas dores e seus amores’, que só se transformaram em obra literária após o aval de dois mestres da cidade: o professor, jornalista e escritor Raimundo Antonio de Souza Lopes e o jornalista Mário Gérson. Flávia nasceu em Mossoró no dia 08 de junho de 1971, segunda filha das três do casal Manoel Inácio de Arruda, industrial do setor de serraria já falecido, e Maria do Socorro Batista, uma das filhas de seu Pitéu, do café Kimimo, servidora pública aposentada, hoje com 71 anos. A primeira filha é Maria de Fátima, advogada e servidora pública, a terceira Fernanda Batista, assistente social, ambas residentes em Natal. O pernambucano Manoel era caminhoneiro e em uma rápida passagem por Mossoró conheceu e casou com dona Socorro, esta sempre decidida, livre de correntes, amante da vida. Por aqui montaram uma empresa de representação de sal, depois ele administrou o café Kimimo, quando de uma ausência de seu Pitéu. “No curto período em que meu pai esteve a frente da torrefação, organizou algumas contas, receitas e retiradas, enxugou despesas e possibilitou que a empresa pudesse comprar a casa em que meu avô morava de aluguel, a mesma em que hoje moro”, conta Flávia.

MOMENTO DE INCERTEZAS E DOR – Quando tinha seis anos, os pais resolveram abrir uma serraria em Natal. Flávia já havia começado seus estudos no Colégio Montessori, em Mossoró, e na capital estudou onze anos na Escola Doméstica, onde fez todo o ensino fundamental, até o primeiro ano do ensino médio, quando seus pais se separaram. Voltou com a mãe e as irmãs para Mossoró e concluiu o técnico de secretariado escolar na Escola Estadual Elizeu Viana. “A separação foi muito sofrida para todas nós, especialmente para minha mãe. Quem aceitou a situação mais rapidamente fui eu depois que entendi que meu pai já não tinha o sentimento de amor por minha mãe. Por sermos muito amigos, pedi para ele voltar e ele aceitou. Neste tempo percebi que ele estava apenas fisicamente em nossa casa, não estava mais sentimentalmente. Entendi que não poderíamos fazer nada diante desta realidade. Também não era motivo para sacrificar o meu amor por ele. Continuamos cumplices na vida, somente com uma distância que para mim foi sofrida, pois queria tê-lo mais perto”, resume. Para as irmãs, apenas quando o pai ficou debilitado devido problemas provocados pelo quadro de cirrose, momento em que ambas ajudaram em seu tratamento, é que ocorreu a aproximação e a aceitação de que separações ocorrem e sentimentos morrem, que na vida nada é definitivo e que o amor deve sempre prevalecer. “O tratamento com que uma pessoa se entrega a outra depende muito do quanto esteja aberto o coração. Nunca me revoltei com a separação, o que me fez manter uma relação amorosa tanto com meu pai, quanto com minha mãe”, explica Flávia.

O AMOR IMPROVÁVEL E SEUS PERCALÇOS – Ao retornar à Mossoró, Flávia reiniciou o ensino médio no Colégio Dom Bosco. Porém, ao não ser aprovada no primeiro ano, repetiu-o na Escola Estadual Aida Ramalho, pois nesta época sua prioridade já era o trabalho. Durante quatro anos foi funcionária da fábrica de confecções de sua avó Chiquinha, que funcionava na parte de cima do escritório do Café. “Só sai devido doença de minha avó e fechamento da fábrica”, lembra. Foi neste período que Flávia deu um passo importante em sua vida ao casar com Pierre Targino, um rapaz por quem ela tinha a maior antipatia devido seu jeito brincalhão e descompromissado, que a fazia o resumir como uma pessoa ‘amostrada’. Em uma festa no Alíbi, em Tibau, três meses após o rompimento de seu noivado com Nélio Chaves, Flávia, com uma perna engessada, resolveu passar em frente à mesa onde o ex-noivo e sua nova namorada estavam sentados, para ‘provocar’. Sentado na mesma mesa e sabendo do sentimento de repulsa que Flávia tinha por ele, Pierre também resolveu provocar, a chamando-a para dançar. Para surpresa de Pierre, Flávia aceitou o convite. Naquela mesma dança foi iniciado o processo interior que transformou em amor o sentimento de repulsa. Criou-se o clima de paquera e eles começaram nesta mesma festa o namoro improvável, que deixou as amigas de Flávia com os queixos caídos. Flávia diz que o período em que esteve noiva a havia amadurecido como nunca antes, lhe fazendo sentir-se preparada para assumir maiores desafios na área sentimental. Foram apenas cinco meses de relacionamento com Pierre até o casamento ocorrido em 13 de junho de 1991, cinco dias após completar seus 20 anos. Nasceram deste enlace Pedro Felipe, estudante de odontologia de 21 anos, Matheus (17) e Maria Clara (16), ambos estudantes do ensino médio. Logo após o nascimento de Pedro, porém, as razões que antes afastavam Flávia de Pierre, amenizados pelo sentimento de amor que surgiu, deflagraram uma grave crise, provocando a separação do casal por três longos anos. No segundo ano, ao pedir o divorcio para se casar novamente, Pierre fez com que Flávia decidisse morar novamente em Natal, pois para ela aquela decisão matavam qualquer esperança de um retorno conjugal. “Não passou um mês que eu estava em Natal quando soube que Pierre estava muito mal devido à distância do filho Pedro”, conta Flávia. O vazio que Pierre sentiu culminou, no quinto mês em que estavam distantes geograficamente, no retorno da união do casal para um recomeço que dura até os dias de hoje.

UMA DOENÇA RARA E A NOVA CHANCE DE DEUS – Durante onze anos, mantiveram uma empresa de transportes de passageiros e encomendas que fazia linha de Mossoró para Fortaleza, chegando a ter dois veículos Bestas. O serviço foi encerrado quando Pierre descobriu ser portador de um câncer raro no fígado, já do tamanho de uma laranja, e que, segundo os médicos, duplicaria de tamanho em três meses. Até o seu caso, não havia registro de sobrevida neste tipo de angiosarcoma. Os médicos solicitaram que ele fosse tratado no Hospital Universitário da UFC para servir de estudos posteriores. Antes da cirurgia que retirou 70% do fígado e um terço do diafragma de Pierre, Flávia ouviu do médico a seguinte frase: “Sei como levo, mas não sei como o trago”. Neste momento, abriu a bíblia e leu uma passagem que dizia: ‘Um anjo em sonho veio a um servo de Deus e lhe disse que arrumasse a casa, pois Deus o daria mais tempo de vida’. “Aquilo me deu a certeza de que Pierre voltaria”, disse. Foram dez dias de recuperação e a orientação de serem feitas oito sessões de quimioterapia. Com medo de morrer neste tratamento, Pierre fugiu da primeira consulta, alegando que o tratamento era pior do que morrer. Foi Dr. Barreto, em Mossoró, que o convenceu a fazer as sessões que há dez anos o deixaram livre da doença. Superada esta passagem, Flávia, que já havia passado em concurso para o estado e desde 2001 era funcionária pública, retornou ao trabalho e fez também o curso de Pedagogia na UERN e de especialização em Psicopedagogia. Pierre abriu uma nova empresa de transporte, que não prosperou, e após difíceis atribulações na vida do casal que viraram suas vidas de cabeça para baixo, Flávia encontra na escrita o caminho para derramar todos os seus questionamentos e indagações. “A vida inteira fui levada pelos sentimentos. Observava muita coisa mais não reagia como deveria em muitas delas. Era contida. Escrever me libertou, comecei a sangrar no papel minhas dores e meus amores”, revela. Ao mostrar a amigos seus escritos e deles receber a aprovação, não teve dúvidas em entrar de cabeça no mundo da literatura. O livro traz impressões sobre sua própria vida, de seus familiares, reflexões sofre o que a fez sofrer e amar e relatos de cotidianos que podem, a princípio, parecer pouco significativos, como podem também trazer para muitos leitores grandes ensinamentos. “Estou sentindo uma mistura de ansiedade e alegria. Não só em lançar esta obra literária, mas em está finalizando, ou iniciando, mais um novo capítulo desta história maravilhosa que é a vida”, descreve.

 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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