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NÃO EXISTE EX-LEITOR.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 29 de nov. de 2015
  • 6 min de leitura

JOSÉ CÉSAR DOS SANTOS

César Santos, diretor do Jornal de Fato, pensa diferente dos que estão a decretar o fim do jornalismo impresso. Para ele, todas as vezes que se pensou que uma nova mídia iria enterrar a mais antiga, o tempo mostrou que ocorreu exatamente o contrário: o seu fortalecimento. “Foi assim com o rádio em relação à chegada da TV; com a AM com o advento da FM; e será assim também com a mídia impressa com o crescimento do jornalismo na Internet. Ficarão os que investirem na qualidade, pois para trás ficaram sempre os que não se transformaram com a exigência dos novos tempos”, acredita. Fortalece sua tese dizendo que nunca ouviu falar que alguém perdeu o hábito da leitura. “Não existe ex-leitor. O conhecimento é um produto de alta demanda. Quem se acostumou a obtê-lo não deixará nunca de buscar ainda mais”, afirma. No entanto, confessa que como em toda e qualquer empresa no Brasil diante das atuais dificuldades econômicas, está fazendo adaptações no jornal para se manter no mercado, sem contudo, pensar em prejudicar um setor vital do periódico. “Preservar a redação é fundamental, pois é onde se produz a matéria prima que fornece a credibilidade à empresa jornalística. Sem ela sim, é o fim do veículo”, revela.

QUERIA SER JOGADOR PROFISSIONAL – Nascido em São Bento do Bufete, distrito de Caraúbas que acabou se tornando cidade de Janduis, em 19 de março de 1964, César é o quinto filho dos nove do casal Manoel Teobaldo dos Santos e Maria Cristina dos Santos. Assim que ele nasceu, seu Teobaldo resolveu que era hora de buscar novas oportunidades em uma cidade maior, e escolheu Mossoró para esta luta. Além de César, nasceram na hoje Janduis Socorro, Fátima, Concessa e Fabiano. Já na nova cidade vieram Hélio, Neves, Graça e Marcos. “Meu pai era feirante e também cambista. Viemos todos em um misto, o carro de linha da época, e nos instalamos em uma casa alugada no bairro Aeroporto. Entre 1964 e 1974, devido a dificuldades diversas, de casa alugada em casa alugada, passamos pelos bairros Boa Vista, Alto da Conceição e Doze Anos até chegarmos ao Centro, quando nossa irmã Socorro comprou uma casa na Avenida Rio Branco ao Sr. João Pinheiro, dono do vizinho Bar IP, local onde muitas decisões políticas locais eram tomadas e onde o ex-deputado Vingt Rosado tinha até uma sala para reuniões”, relembra. César estudou inicialmente no Educandário Presidente Kennedy, ainda quando era na Rua Felipe Camarão. Depois estudou na Escola Estadual Moreira Dias até fazer um Exame de Admissão para o Centro educacional Jerônimo Rosado, onde concluiu o ensino fundamental e fez todo o ensino médio. Começou a trabalhar aos 18 anos, quando ainda acreditava no sonho de se tornar um jogador de futebol profissional, pois havia se destacado dois anos antes pelo Potiguar no 1º torneio Norte-Nordeste Juvenil, que teve a participação de vários times grandes da região. “Fui trabalhar à noite no Restaurante do Vivi, por trás do Cine Pax. Eu tomava conta de toda a administração, atendimento e às vezes ainda ia para cozinha. Ficávamos abertos até acabar o movimento do cinema. Durante o dia continuava a treinar no Potiguar”, conta.

DE REPÓRTER ECONÔMICO AO PLANTÃO DE ESPORTES – A ilusão de ser jogador foi passando com a chegada de uma nova atividade em sua vida: a comunicação. Boa parte dos funcionários da rádio Difusora frequentava o restaurante, entre eles, seu irmão Fabiano Santos, que se tornou radialista aos 16 anos. Amigo de todos, César acabou ganhando uma oportunidade na produção do programa ‘J. Belmont Comunica Show’, que passou a ser apresentado de segunda a sexta pelos irmãos Paulo e George Vagner devido a eleição do titular para Deputado Estadual, em 1982. Nos sábados, J. Belmont reassumia o programa. A função de César era elaborar quadros que trouxessem interesse para os ouvintes, como o que movimentava toda a semana com a disputa de conhecimentos gerais entre alunos de colégios da cidade, com a emocionante final sendo realizada aos sábados, já com o comunicador titular no comando. O reconhecimento ao bom trabalho veio em seguida. J. Belmont trouxe de São Paulo a ideia do Repórter Econômico e sugeriu que César assumisse a função. “Nós fazíamos as pesquisas de preços nos mercados e supermercados da cidade, em uma época de inflação galopante, e entravamos ao vivo durante o programa dando às donas de casa as dicas de onde encontrar os produtos mais baratos. Foi meu primeiro contato direto com o público”, destaca. O sucesso do quadro despertou Dr. Milton Marques, então diretor da rádio Libertadora, que o contratou para fazer o mesmo serviço, com vantagens salariais e carteira assinada. A diferença é que já a partir das cinco da madrugada César entrava ao vivo com flashs direto dos locais das pesquisas, trazendo para o ouvinte do preço do tomate até as promoções do dia. Suas principais aliadas neste trabalho: uma moto e as inúmeras fichas de orelhão. Como às sete da manhã já estava liberado, César passou a frequentar os outros departamentos da emissora, se aproximando do setor de esportes. Acabou ganhando também a cobertura do esporte amador e fazendo parte da equipe do plantão esportivo nos finais de semana. Seu chefe era Patrício Oliveira, que havia terceirizado o departamento de esportes da rádio. “Fazia dobradinha com J. Nobre, e por sermos rápidos nas informações acabamos ganhando o apelido de ‘Faísca e Fumaça’, referência a um desenho animado da TV”, registra.

A CHEGADA ÀS REDAÇÕES DOS JORNAIS – Por um motivo menor, a partir de uma intriga interna, César foi dispensado da rádio Libertadora. Foi uma oportunidade para atuar em uma nova experiência, a que acabaria se dedicando dali para frente. Após a enchente que paralisou as atividades do Jornal O Mossoroense, em 1985, uma nova equipe foi montada sob o comando de Fabiano Santos, o novo Editor Geral do jornal. Formou-se então uma equipe de novos valores, entre eles César, para cobrir pautas, realizando entrevistas externas que eram repassadas para que outro repórter redigisse, e Carlos Santos, contratado para revisar textos. César confessa que na época não sabia fazer um texto jornalístico, mas teve a humildade de comprar o Manual de Redação da Folha de São Paulo para lhe nortear, e de também retornar no final das noites para a redação para reescrever as matérias do dia. “Eu queria aprender a ser um repórter, elaborar meus próprios textos. Com o Manual da Folha fiz meu curso de jornalismo, onde aprendi a importância do título, da foto reveladora, do que era uma retranca, um box, de como contar um fato de forma objetiva e interessante para o leitor”, descreve. Segundo ele, o principal ensinamento do Manual, no entanto, foi o de sempre ouvir todos os lados envolvidos de um fato. “Este é o princípio básico do jornalismo. Você só tem uma história se ouvir todos, questionar cada um de forma honesta para entender o que realmente aconteceu ou está acontecendo”, diz. “Eu não entendo como a disciplina Ética está no currículo das universidades. Fico indagando se é possível ensinar algo que deveria estar impregnado na personalidade, que é parte da índole de uma pessoa. Ou se tem ética na vida ou não se tem. Não se faz jornalismo sem ética, não se é jornalista se não for uma pessoa ética”, argumenta.

O NASCIMENTO DO JORNAL DE FATO – Depois de se fixar na redação de O Mossoroense, ser contratado pelo jornal Gazeta do Oeste entre 1988 e 1989, retornar para O Mossoroense e ser recontratado pela Gazeta no início de 1991, César já tinha adquirido o aprendizado necessário para vislumbrar projetos mais audaciosos. Até 2000, teve a oportunidade de passar por todas as editorias do jornal de Canindé Queiroz, assumindo também os cargos de Editor Chefe e de Editor de Redação. “Só para lembrar, quando chegamos a Gazeta o jornal tinha apenas oito páginas. Com os novos projetos de expansão foram criados Cadernos, Revistas e Edições Especiais, além de uma estrutura em Pau dos Ferros que nos dava suporte para as demais cidades do Alto-Oeste”, descreve. Em abril de 2000, após um rompimento irreversível com Canindé Queiroz, César despertou para a possibilidade de concretizar seu maior sonho: a de ter seu próprio jornal. Ao lado do companheiro Carlos Santos, lançou em agosto de 2000, com toda pompa, inclusive com a presença do governador Garibaldi Alves, o Jornal de Fato. “Mais do que um sonho de dois inovadores profissionais do jornalismo de Mossoró, o jornal veio colocar em prática o sonho de uma geração que queria dotar a região de um jornal moderno, que trocasse a manchete policial, comum até aquele momento, por outras que trouxesse mais ganhos ao desenvolvimento de todos”, resume César. O impresso circula hoje em 82 cidades do Estado com distribuição própria diariamente. A mesma edição está disponível na plataforma digital que alcança o mundo todo. “São mídias convergentes, que atraem cada vez mais leitores para aquilo que produzimos com o máximo de profissionalismo e coragem”, enaltece. Para César, o que o Jornal de Fato tem buscado é se manter fiel ao seu slogan: Jornalismo de Verdade. Faz ainda um alerta para todos os que gostariam de exercer a profissão que um dia abraçou com todas as suas forças. “É um equivoco glamourizar a figura do jornalista. Somos apenas agentes de notícias, que por vezes, são transformadoras. Por isso costumo dizer aos que chegam, como também aos mais experientes, que se um dia eles não tiverem a mesma emoção do primeiro dia, é melhor que procure outra atividade”, conclui.

 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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