UM SERVIÇO LONGE DA CRISE ECONÔMICA.
- obomdemossoro
- 27 de nov. de 2015
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ANTONIO MARCOS DA SILVA MEIRA
Em Mossoró existe uma Unidade de Pronto Atendimento exclusivamente para tratar de defeitos e manutenção de portas de veículos automotivos. É a UPA das Portas, criada pelo mecânico Antonio Marcos da Silva Meira, natural de Grossos, nascido em 07 de julho de 1986. Seu pai, Pedro Meira da Silva Neto, também mecânico, e sua mãe, Maria de Fátima da Silva, se separaram quando ele tinha apenas dois anos, o que o trouxe para casa de seus avós paternos, no bairro Santo Antônio, próximo ao Hospital Rafael Fernandes. Sua única irmã, Maria Mendonça, ficou com a mãe em Grossos. Com os cuidados dos avós Raimundo Meira da Silva e Maria José Ibiapino, Marcos estudou no Jardim de Infância Modelo e, em seguida, na Escola Estadual Eliseu Viana, onde fez até o 4ª ano. Foi ainda por um ano aluno da Escola Estadual Ambulatório Cardeal Câmara, para depois concluir o ensino fundamental na Escola Estadual Jerônimo Rosado. O ensino médio iniciou na Escola Estadual Abel Coelho, porém, como já trabalhava, acabou fazendo as provas do supletivo do Alfredo Simonetti para concluir seus estudos. Pensa em algum dia fazer vestibular, mas ainda não teve a coragem necessária para enfrentar as aulas noturnas. “É um projeto pessoal que tenho ter um curso superior que seja ligado a minha área de trabalho. Espero ter esta oportunidade nestes próximos anos”, confessa.

FORMADO NAS OFICINAS DOS FAMILIARES – Desde os nove anos que Marcos frequenta as oficinas mecânicas dos seus familiares. A primeira foi a de lanternagem e pintura do tio Bina, no bairro Paraíba, onde aos poucos, lixando carros e auxiliando nos diversos serviços, foi despertando seu interesse pelo trabalho. “Em Bina fui vendo que minha vida não teria muito espaço para brincadeiras de criança. Desde cedo tive que ter responsabilidades e ganhar meu próprio dinheiro, pouco que fosse. O bom é que tudo que eu ganhava era meu, não precisava ajudar em casa”, conta. Aos 14 anos, o tio Wilson Piazza e o primo Jean abriram a UTI das Portas e chamaram Marcos para ser seu funcionário. Ele já entendia muita coisa de conserto e manutenção em portas, pois aprendera na oficina do tio Bina, que também havia se especializado no setor. Durante cinco anos, Marcos desenvolveu ainda mais sua especialidade e criou sua clientela fiel. Quando em 2005 os sócios resolveram levar a oficina para um novo endereço, Marcos aproveitou a oportunidade e ficou no mesmo local, na Rua Coronel Gurgel, criando sua própria empresa: UPA das Portas. “Eu já sabia fazer o serviço e o local já era conhecido. Então não tinha como dar errado”, explica. Nestes dez anos nunca faltaram clientes. Muitos já se acostumaram com seu atendimento gentil e responsável. “Fazemos cerca de dez serviços por dia, sempre procurando cumprir com os prazos acertados no inicio da conversa. Quando tem muito serviço na frente, logo digo que venha no outro dia, pois não quero deixar o cliente com uma expectativa que não será concretizada”, revela. Para Marcos, o segredo de manter as portas dos carros sempre em bom funcionamento é fazer as manutenções semestrais nos vidros e travas elétricos, pois eles são sensíveis à poeira e trepidação. “O tempo desgasta a engrenagem e em alguma hora aparecerá o problema. O bom é que cada um faça sua programação periódica para evitar constrangimentos inesperados, trazendo o carro para uma limpeza preventiva de tempos em tempos”, aconselha.

CORAÇÃO BONDOSO E JUSTO – Com a situação financeira equilibrada, Marcos casou há sete anos com Chinarle Borges, com quem já namorava há dois. Com ela nasceram as filhas Glória Maria, de seis anos, e Maria Fernanda, de dois. Logo que casou alugou uma casa perto da dos avós, depois comprou sua própria casa no bairro Santa Delmnira. Adquiriu seu próprio carro e nos finais de semana sua maior diversão é está com as três, em casa, na praça ou curtindo uma praia. O aluguel do prédio onde funciona sua oficina divide com outro mecânico, o que é uma boa ajuda para ambos. De lá não pretende sair nem tão cedo, pois a clientela já se acostumou com o local e poderia haver uma dispersão. “Não podemos dar mole para a concorrência, que cresceu nos últimos anos”, lembra. Desde que começou, Marcos chegou a passar um período dividindo seu tempo em uma prestadora de serviços da Petrobrás, a Petrosinerge. Ele passava 15 dias na oficina e 15 dias como plataformista nos campos de Macau, Aracajú e Mossoró. “Foram dois anos que valeu apenas pela experiência, pois eu ganhava mais dinheiro nos 15 dias em que ficava em minha oficina”, confessa. A atividade de Marcos faz parte de uma fatia de mercado que ainda não sente os reflexos da retração econômica. “Os clientes nos chegam por uma necessidade de momento, pois uma porta que não abre ou um vidro que não fecha não podem ter suas soluções adiadas, ainda mais pelo fato do serviço não ser caro”, explica. No entanto, Marcos afirma que tem ouvido dos próprios clientes que a situação não está nada fácil. Para ele, enquanto esta classe política egoísta e despreparada continuar mandando nos rumos do país, a situação só irá piorar. Acostumado a ajudar seus familiares e os de sua esposa, Marcos da a receita para aprumar os rumos do país: “Não sei se tem jeito enquanto todos só pensarem em si mesmo. É preciso olhar mais para as necessidades do próximo. Sem agir com um coração bondoso, justo e honesto, nada vale a pena, nada muda, nada se constrói”, conclui.

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