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SIMPLESMENTE RAIBRITO.

  • Lindomarcos Faustino
  • 18 de nov. de 2015
  • 4 min de leitura

RAIMUNDO SOARES DE BRITO (In Memoriam)

Em 27 de novembro de 2012 Mossoró perdeu um dos seus principais ícones do seu universo cultural, aos 92 anos, vítima de falência múltipla de órgãos. Raimundo Soares de Brito, ou simplesmente ‘Raibrito’, se encontrava internado desde o dia 3 de setembro daquele ano no Hospital da Unimed, em Natal. Nasceu no dia 23 de abril de 1920, em Caraúbas, filho de José Soares de Brito e Raimunda Saul da Costa. Chegou a Mossoró em 1940, permanecendo aqui por quase toda a sua vida. Neste mesmo ano casou-se com Dinorá de Oliveira Brito, tendo convivido com ela por 64 anos, vindo esta a falecer no dia 30 de setembro de 2004. Seu Raibrito exerceu importantes cargos públicos e atividades durante sua vida, tais como: Agente Municipal de Estatística; 2º Juiz Distrital, do Distrito Judiciário de Caraúbas; Agente Postal Telegráfico em Jucurutu, Caraúbas, Mossoró e Assu; Chefe do Serviço da Dívida Ativa da Prefeitura Municipal de Mossoró; Diretor do Museu Municipal e da Biblioteca Municipal de Mossoró; historiador, pesquisador, palestrante e conferencista. Foi também dono de bar, comerciante, vereador durante três legislaturas, em sua terra natal, e na cidade de Mossoró candidatou-se a vereador, mas ficou na suplência.



INCANSÁVEL PRODUTOR CULTURAL – Foi um dos maiores historiadores de nossa cidade, possuindo um acervo riquíssimo sobre a história local. Publicou cerca de 50 trabalhos, entre livros e plaquetes e era sócio de diversas entidades culturais em Mossoró, do Estado e até do País: Instituto Cultural do Oeste Potiguar – ICOP, Academia Mossoroense de Letras – AMOL, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN, Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC, Membro Honorário da Academia de Letras de Uruguaiana – RS, além de outras. Ainda possuía o título de Cidadão Mossoroense, outorgado pela Câmara Municipal, uma proposta do então vereador Francisco de Assis Vieira, em 1989. Alguns livros publicados por este grande pesquisador e escritor foram: Notícia Biográfica de Alguns Patronos de Ruas de Mossoró, 1978; Estudos de História do Oeste Potiguar, 1979; Alferes Teófilo Olegário de Brito Guerra - Um Memorialista Esquecido, 1980; Uma Viagem Pelo Arquivo Epistolar de Adauto Câmara. 1981; Pioneiros da História da Indústria e Comércio do Oeste Potiguar, 1982; Indústria e Comércio do Oeste Potiguar – Um Pouco de História, 1982; Legislativo e Executivo de Mossoró - Numa Viagem Mais que Centenária, 1985. Escreveu ainda; Luiz da Câmara Cascudo e a Batalha da Cultura; Apostila do Afeto: Câmara Cascudo; Notas Genealógicas Sobre a Família de Dona Amélia de Souza Melo Galvão, 1982; Nas Garras de Lampião (Diário do Coronel Gurgel) - (1996); Caraúbas Centenária; Ruas e Patronos de Mossoró (Dicionário); Eu, Ego e os Outros (Memórias de Tipos Populares); AMOL – Seus Patronos e Acadêmicos. Foi destaque em 1995 com o título de ‘Doutor Honoris Causa’ pela então Universidade Regional do Rio Grande do Norte – URRN, atual UERN; também foi agraciado em 1997 com o diploma ‘Amigo da Cultura’. A partir do ano de 2009 passou a morar na capital com seu sobrinho Marcos Oliveira, em uma idade já bastante avançada e com certa dificuldade de exercer as atividades que tanto amava. Na ocasião de seu falecimento, a então prefeita de Mossoró, Maria de Fátima Rosado Nogueira decretou luto oficial de três dias, em todo município, pela morte do Guardião da Cultura Potiguar. Seu velório aconteceu na Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte, no Salão Marieta Lima, Praça da Redenção Dorian Jorge Freire. O Padre Guimarães Neto, ainda na Biblioteca, fez a recomendação do corpo e, logo após, seguiu em cortejo por parentes, amigos e escritores para o Cemitério Novo Tempo, onde foi sepultado em clima de comoção.


A professora Josselene Marques assim escreveu sobre ele quando de sua partida: "Tocou-me profundamente a notícia da partida definitiva do renomado historiador, pesquisador e escritor caraubense Raimundo Soares de Brito – com relevantes e impagáveis serviços prestados a Mossoró. Eu ainda era adolescente quando o conheci nas dependências do Museu Municipal. Na época, também funcionava, nesse mesmo espaço, a Biblioteca Pública. Raibrito trabalhava lá como pesquisador e gostava de incentivar os jovens não só a estudarem, mas também a colecionarem selos. Meu primeiro lote de selos foi um presente dele. Como, anteriormente, havia ocupado o cargo de Gerente Postal e Telegráfico em Mossoró, naturalmente, passou a colecioná-los – tinha uma caixa cheia deles e os ofertava a quem se interessasse por esse hobby. Por sua influência, acabei me tornando filatelista. Chegamos, inclusive, a participar de exposições do Clube Filatélico e Numismático Mossoroense, no qual ocupei o cargo de vice-presidente por alguns anos. Costumava visitá-lo, em sua residência, sempre que resolvíamos fazer um novo pedido às filatélicas brasileiras. Na primeira vez em que lá estive, fiquei impressionada, melhor dizendo, encantada com todas aquelas estantes – que ocupavam quase a casa inteira – repletas de livros metodicamente catalogados. Era um verdadeiro paraíso para quem gosta de cultura, de história, enfim, de ler. Para completar, ainda tinha a sua amável e simpática esposa Dona Dinorah. Nessas ocasiões, conversávamos muito e, confesso, era difícil sair de lá, pois me sentia bem e não faltavam assuntos. Eram horas de valioso aprendizado com aquele experiente e sábio casal. Coincidentemente, depois que ela se foi, em 2004, tudo mudou: o trabalho me absorveu, a filatelia teve que ficar em segundo plano e o meu amigo, algum tempo depois, precisou mudar-se para Natal, a fim de cuidar melhor de sua saúde. Esporadicamente, sabia notícias suas pela mídia e através dos amigos que temos em comum. Raibrito foi um homem que justificou sua passagem pela terra. Sua obra tem um valor incalculável. Mossoró lhe deve todas as honras, pois o fato de não haver nascido nesta cidade não o impediu de pesquisar, resgatar e preservar a nossa história."

A Secretaria de Cultura do RN e a Fundação José Augusto, ao emitir nota de pesar, lembrou que: "Do seu hábito de colecionador, reuniu recortes de jornais, documentos históricos, catalogando-os e preservando parte viva da história contemporâneo do Rio Grande do Norte. De suas pesquisas nasceu um dos mais importantes registros sobre as ruas da cidade de Mossoró, o livro Ruas e Patronos de Mossoró. Ao longo de seus 92 anos de história, foi um escritor de raros dotes e pesquisador autodidata, tendo entre suas grandes contribuições a criação da maior hemeroteca do Estado, o acervo virtual Raibrito, com o apoio da Petrobrás e do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP). Sua trajetória evolutiva foi um testemunho de independência cognitiva, que ficará de exemplo para as próximas gerações."

 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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