top of page

O FIEL ESCUDEIRO DE CANINDÉ QUEIROZ.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 12 de nov. de 2015
  • 4 min de leitura

FRANCISCO RODRIGUES DA COSTA (INÁCIO)

Dos dez filhos nascidos do casal Manoel Daniel da Costa e Maria Rodrigues de Andrade da Costa, apenas quatro resistiram aos primeiros dias de vida. O primeiro deles é o mais conhecido em Mossoró, pois por mais de 30 anos acompanhou os passos de uma das figuras mais emblemáticas da geografia humana da cidade: o empresário, jornalista e político Canindé Queiroz. Inácio da Gazeta do Oeste nasceu Francisco no dia 21 de abril de 1958. Ano de seca grande no Nordeste do Brasil, mas também de alegria pelo primeiro título de campeão no futebol da seleção brasileira. O drama e o circo aliados para receber um ser humano humilde, de bom coração para os outros, mas teimoso para si mesmo, que mesmo exalando gentileza e se esforçando na dureza do trabalho, sem limites, sem reclamações, não soube construir uma base sólida para seu futuro e de sua família. Seu pai faleceu no ano de 1979, devido problemas com o alcoolismo, sua mãe, ainda viva aos 85 anos, mora no bairro Santo Antônio, lúcida, dona de seu próprio nariz, se cuida e só observa os caminhos da prole: o filho Antônio é pedreiro; Daniel, catador de papel e aposentado por invalidez; a caçula, Maria do Rosário, mora em Aracati e é dona de casa; e Inácio, o mais velho, acaba de deixar o jornal onde esteve por mais de 30 anos. O que será da vida deste querido amigo de tanta gente?

A DEDICAÇÃO QUE SE TRANSFORMOU EM CONFIANÇA – Foi na Rua Arthur Bernardes, por trás do Cine Jandaia, que Inácio viveu sua infância. Seu pai trabalhava como soldador e sua mãe, muitos anos, foi funcionária pública do estado, trabalhando como zeladora de escolas. Ele lembra bem da Sorveteria Cinelândia, de propriedade de João do Bigodão, de tomar banho no rio Mossoró e das festas de discoteca animadas por radiola. “Tinha a ‘Tertúlia’, que ficava ao lado da igreja São José, a ‘Zenzala’, na Boa Vista, e também a ‘Snob’, no Centro”, recorda. Opções de diversão em uma época onde estudar não parecia ser tão prioridade para pais, crianças e o próprio poder público. Inácio só estudou até o quinto ano do ensino fundamental. Começou a trabalhar com 18 anos no restaurante da fábrica de cimentos Nassau, administrado por Olímpio Rodrigues. “Fiquei na Nassau durante seis anos. Ia e voltava no transporte da própria empresa e a alimentação era por lá mesmo. Assim pude gastar meu dinheiro com roupas, compras para casa e farra. Foi um tempo de muita liberdade”, conta. Como qualquer jovem, acabou se apaixonando e casando com Maria Fernandes de Araújo no dia 24 de dezembro de 1981. Com ela teve três filhos homens: Junior, atualmente desempregado; e os gêmeos Leandro e Leonardo, que trabalham e são os sustentáculos de esperança para o futuro dos pais. Com o fechamento do restaurante, Olímpio, que era sócio do jornal Gazeta do Oeste, não deixou seu auxiliar na mão. Logo o encaixou na gráfica, onde iniciou na área de acabamento dos impressos. Inácio conta que conhecia Canindé Queiroz desde a campanha em que ele se elegeu vice-prefeito de Mossoró, e também de quando era diretor da Fábrica de Fiação e Tecelagem Mossoró S/A (FITEMA). Mas foi trabalhando no jornal que eles acabaram se tornando muito próximos. “Comecei a fazer os mais diversos serviços, não só dentro do jornal como externamente. Tudo que Canindé queria mandava logo me chamar. À noite ficava na portaria enquanto ele terminava a coluna. Só saíamos na mesma hora. Com pouco tempo D. Maria Emília, esposa de Canindé, dividiu um terreno próximo a sua casa para mim e Ferreira, o gráfico mais antigo do jornal. Até hoje moro nesta casa e nunca paguei aluguel. Só me falta agora legalizar em meu nome, coisa que Ferreira fez antes de falecer”, revela.

EM BUSCA DE UM RECOMEÇO – Para Inácio, estar na Gazeta independia se os tempos eram de bonança ou de dificuldades. Bastava está no jornal que sua vida parecia transbordar de alegria. Ainda mais quando o patrão lhe enchia de atribuições e responsabilidades. “Muitas vezes ele me pedia para ficar no jornal enquanto ia para rua em seu fusca em busca de notícias para coluna, quando dizia que aquele dia estava ‘fraco’”, recorda. “Tenho o melhor dos sentimentos para com Canindé e Maria Emília. Foram quem mais me ajudaram nesta vida. Tenho gratidão por eles. Tudo que eu deixei de ter ou fazer coloco sob minhas próprias responsabilidades. Sei que me acomodei e não busquei alternativas. Me sentia frustrado ao receber pressão nos serviços que não dava conta, por falhas ou limitações. Eu hoje era para ter as coisas. Gastei muito, farreei muito, deixei de dar atenção à minha família. Mas não por falta de bons conselhos. Minha consciência é meu guia. É ela que me cobra”, admite. Para Maria Emília, só depende dele mesmo dar a volta por cima. “É muito trabalhador e inteligente. Sempre está inventando algo que lhe dê algum dinheiro. É esforçado, mas falta-lhe disciplina, firmeza de propósitos. Os meus conselhos e de Maria José (Mazé) sempre estão entrando por um ouvido e saindo pelo outro”, revela. Lembrado de uma famosa frase de Chico Xavier, ‘Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo. Mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim’, Inácio baixa a cabeça e diz que vai tentar dar a volta por cima. Ultimamente, anda as turras com a esposa, sem entendimentos, com acusações, desencontros, incompreensões que não os levarão a lugar algum. “Vou tentar me aposentar em 2016 e colocar esta casa em meu nome. Quero superar todas as minhas deficiências e vícios. Ser uma pessoa melhor para minha família e encontrar uma paz que não estou conseguindo ter, com tantos pensamentos que me afligem”, confessa Inácio. Que ele tenha a certeza de que não faltarão amigos de verdade para lhe dar a mão, basta que queira acreditar que é um cidadão valioso, merecedor de toda confiança e respeito dos cidadãos mossoroenses que o conhece e lhe tem o mais profundo carinho.


Obs: Segundo Inácio, quando tinha 18 anos, tempos em que sofria ataques epiléticos, o famoso médico e astrólogo Dr. Bezerrinha, já falecido, disse a sua mãe que enquanto não mudasse seu nome ele não ficaria bom. Foi assim que Francisco virou Inácio. Depois dessa consulta, e com a ajuda de remédios que controlavam os sintomas da doença, que Inácio tomou por cinco anos, nunca mais teve nenhum ataque.

 
 
 

Comentarios


DIÁRIOS DE MOSSORÓ
SIGA
  • Grey YouTube Icon
PARCEIROS
PENSAMENTO DO DIA

 

Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

Cazuza

 

PROCURE POR TAGS
  • Grey Facebook Icon

© 2015 por O bom de Mossoró

bottom of page