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DEMOROOH!

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 10 de nov. de 2015
  • 6 min de leitura

JORGE HENRIQUE ACIOLE

O primeiro estúdio de tatuagens de Mossoró foi criado há treze anos sob a responsabilidade do goiano Jorge Tattoo, um profissional que ama sua arte da mesma forma como a cidade que o acolheu. “Mossoró me oferece tudo que preciso para viver bem com minha família, fazer amigos e produzir arte. Não troco este lugar por nenhum outro neste mundo”, revela. Sua empolgação tem todo sentido quando conhecemos de perto esta figura humana que gosta de reggae, filmes de ação, de seus bonecos de heróis, da praia de Cristovão, da união de sua família e de ajudar as crianças das inúmeras favelas que circundam sua casa no bairro Dom Jaime Câmara.

“Gosto de viver e de que as outras pessoas aprendam a também viver com alegria, otimismo e força de vontade, pois quando a gente luta muito para vencer, aprende a dar valor a cada batalha e a sensibilizar-se das profundas necessidades daqueles que pouco tem”, sintetiza Jorge.

Nascido em Goiânia, capital do estado de Goiás em 08 de maio de 1974, é o primogênito dos quatro filhos de Manoel José Aciole, um operador e instrutor de máquinas pesadas, aposentado, e Francisca Lucia Aciole, a gerente geral da casa onde sempre frutificou o amor e o respeito entre todos os seus membros.

“Depois de doze anos, vamos comemorar um Natal com todos os meus irmãos juntos. É que Cicero Evandro, caldeireiro, e Robson José, pintor industrial, acabam de deixar São Paulo de vez para morar em Mossoró. E minha irmã mais nova, Luciana Patrícia, gerente de hotel, já se considera mossoroense da gema”, revela Jorge. Para a festa em dezembro dona Lucia contará ainda com oito netos, sendo dois de cada filho, além das noras e genro.


O SENTIMENTO DA INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA – A trajetória de andanças de Jorge e sua família teve início logo aos quatro anos. Toda a família deixou Goiânia para morar em Assu, pois seu Manoel era funcionário da construtora Andrade Gutierrez e foi convocado para trabalhar na obra da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, o maior reservatório de água do Rio Grande do Norte. Jorge morou na ‘Terra dos Poetas’ durante quatro anos, entre 1978 e 1982. Foi onde iniciou seus estudos em uma escola que ficava no centro da cidade, mas que não lembra o nome. O que lembra é das brincadeiras com os amigos nas matas fechadas que circundavam a cidade.

Em 1982, a família estava de volta ao Centro-Oeste do país, mas desta vez a experiência era Brasília, época em que o ‘Heavy Metal’ era o maior atrativo entre os adolescentes, e onde a diversificação cultural do país se encontra para troca de experiências. “Apesar de ter nascido em Goiás, me sinto um Candango (denominação de quem nasce em Brasília), pois foi ali onde mais me formei para vida”, admite Jorge.

Antes, no entanto, entre seus 11 e 15 anos, passou pela rica experiência de viver em São Paulo, a maior cidade do país, onde seu pai foi gerenciar um dos setores da fábrica de sorvetes Kibon. Foi na Feira de Santo Amaro, em uma banca de frutas de uma amiga da mãe, onde Jorge ganhou seus primeiros trocados, carregando sacolas para as freguesas. “Transformava aquele dinheiro em brinquedos, como as pipas, uma das diversões preferidas do paulistano”, lembra.

Em São Paulo, Jorge estudou até o primeiro ano do ensino médio. Ele e seus irmãos não eram de sair muito, pois a família sempre foi muito caseira. “As constantes mudanças e a pequena diferença de idade entre os quatro irmãos, de apenas seis anos, ajudaram a sermos muito unidos e querermos estar sempre juntos”, explica.

Foi apenas quando retornaram à Brasília que Jorge iniciou, de verdade, suas atividades profissionais. Vendia cachorro quente no trailer de um amigo. Muitas vezes ia dormir de seis horas da manhã, para voltar a uma da tarde. Os estudos ficaram prejudicados. Nos seis meses deste trabalho pode comprar suas roupas, calçados, um som paraguaio e sentir uma independência financeira gratificante.

O AMOR ESCRITO NAS ESTRELAS DO REGGAE – Aos 17 anos, Jorge se juntou com a jovem Maria da Conceição e com ela teve seus dois primeiros filhos: Geoton Henrique, hoje com 23 anos, operador de carros pesados em Mossoró, e Luciana Patrícia, nome em homenagem a irmã de Jorge, que tem 21 anos e mora em Brasília. Quando saiu do trailer, foi trabalhar organizando o salão de uma revendedora de automóveis. Em seguida, foi camelô entre o Conjunto Nacional e a famosa Torre, vendendo produtos importados.

Ainda casado com Ceição, decidiu acompanhar o pai em mais uma nova missão da Andrade Gutierrez no Nordeste. Desta vez a obra era a barragem Castanhão, no Ceará, e eles aportaram em Mossoró pela primeira vez. Mas Jorge passou menos de um ano por aqui, pois não conseguia emprego na cidade. Neste tempo, de uma relação com Vanusa, uma namorada de Baraúnas, nasceu seu terceiro filho, a hoje cabeleireira e instrutora do Senai, Juliana Leslie. Ao retornar à Brasília, seu relacionamento com Ceição chegou ao fim, diante de tantas incertezas e inconsistências. Jorge ainda trabalhou de office-boy durante alguns meses, até o pai o chamar novamente para Mossoró, pois havia surgido uma vaga de emprego na obra.

Nesta nova viagem, Jorge não se fixou logo na empresa, mas conheceu na praia de Ponta do Mel Lucimary Lima de Souza, uma morena bonita que estava na areia da praia dançando reggae. “Quando vi aquela imagem logo me encantei. Dias depois nos encontramos em Mossoró, eu com uma pilha de LPs de reggae embaixo do braço e de macacão preto, ela com um vistoso macacão vermelho. Foi quando ela sugeriu trocarmos os macacões. Quando eu já ia tirando o meu, ela falou que era brincadeira. Só que o que já sentíamos um pelo outro não tinha nada de brincadeira. Era um amor verdadeiro e que o destino já havia planejado”, descreve.

Após uma nova ida e volta de Brasília, onde trabalhou em salão de beleza, cortando cabelos, penteando, se virando para se sustentar em uma profissão que não o agradava, mas que fazia com todo zelo e dedicação. Tanto que já iria se tornar gerente da empresa quando o pai o chama novamente para Mossoró para assumir o cargo de cozinheiro na obra do Castanhão.

Jorge volta para a cidade e, definitivamente, para os braços de Mary, com quem casou e viu nascerem mais duas preciosidades: Luara Raine, 18 anos, concluinte de Mecânica no IFRN; e Luzar Neto, 14 anos, estudante. Foram de inicio morar na cidade de Castanhão, onde passaram oito meses. Depois um tempo em Limoeiro, que era a cidade próxima a obra com mais condições. A cozinha também não era o trabalho dos sonhos de Jorge, mas dava para dar uma estabilidade financeira a sua nova família.


O AMOR PELA TATUAGEM – Quando em 1997 terminaram as obras no Ceará, ele retorna para Mossoró e consegue uma vaga na cozinha da construtora CMS, que estava realizando a adutora Assu-Mossoró. Jorge queria mesmo atuar na função de pintor industrial, o que só conseguiu meses depois, ficando um ano e seis meses. Na empresa de petróleo Geofísica, seu emprego seguinte, e onde dava escala de 90 dias com mais 30 de folga, Jorge visualizou a oportunidade de poder se dedicar a uma atividade que desde os 15 anos aprendeu a gostar de verdade: a de tatuador.

Com a esposa Mary, aproveitou os dias de folga para colocar, oficialmente, na sala de casa, o primeiro estúdio de tatuagens de Mossoró, organizando melhor a agenda de seus clientes, que já existiam de forma esporádica. “Sempre gostei de desenhar e pintar. Meu pai tinha três tatuagens e eu sempre perguntava como era que fazia. Um dia ele me levou no amigo que tinha feito suas tatuagens e me mostrou tudo. Conheci o motorzinho caseiro, as técnicas sensíveis e as responsabilidades sobre este trabalho”, me apaixonei.

Para Jorge, “Tatuar é uma forma de expressão, uma necessidade da personalidade. Algo muito pessoal e que oferece uma satisfação única, desnecessária da compreensão ou aprovação das demais pessoas”.

Hoje seu estúdio é considerado e reconhecido pelos amantes desta arte na cidade, de todas as idades. Sua dedicação ao que faz contagia. Equipou e modernizou com os melhores equipamentos e decorou com imagens de animais como carpas, leões, macaco e coruja, dragões e deuses, cores e artes que tornam o ambiente de muito aconchego e vibração. Criou um mundo seu cheio de amor, onde recebe amigos e clientes com paixão, dizendo sempre sua gíria preferida: DEMOROOH!


 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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