NEM TUDO ESTÁ PERDIDO.
- Josselene Marques
- 7 de nov. de 2015
- 2 min de leitura

Durante esta semana, com base na observação que fiz durante repetidas visitas à XI Feira do Livro de Mossoró, cheguei a uma gratificante e promissora conclusão: nem tudo está perdido em se tratando da aquisição do hábito de leitura por uma parcela razoável das mais novas gerações. Algumas equipes escolares, responsáveis pela compra dos livros, tiveram a louvável e justa iniciativa de levarem junto com elas grupos de estudantes a fim de que eles as ajudassem na escolha dos títulos a serem adquiridos – podem ter certeza que era tudo o que eles queriam! Foi com alegria que presenciei a empolgação de vários adolescentes durante a escolha dos livros para ampliação do acervo das escolas em que estudam. A liberdade de escolherem qualquer título, sem se preocuparem com o preço, foi tudo de bom para eles. Quando passava por um dos estandes, escutei quando uma aluna afirmou que lamentava o fato de ser concluinte, já prevendo que não terá tempo de ler todos aqueles livros até o final deste ano – imaginem que coisa boa!

O IMPRESSO AINDA ATRAI – Mesmo com concorrência desleal das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC), percebi que os mais jovens integrantes da Sociedade da Informação ainda apreciam o material impresso e isto é algo maravilhoso e uma motivação para os escritores. Entre os títulos escolhidos por eles, destaco o best-seller Fallen (Anjo Caído) – primeiro romance da série de livros de ficção sobre anjos da escritora norte-americana Lauren Kate e os cinco livros de aventura e fantasia da série sobre mitologia grega do século XXI, Percy Jackson & os Olimpianos, todos escritos pelo estadunidense Rick Riordan. Vale salientar que tanto a conhecida e reconhecida obra de Shakespeare – ‘atualizada’ em HQ – quanto a poesia e a prosa de autores brasileiros não foram descartadas pelos estudantes, pois eles, espontaneamente, reservaram alguns títulos. Em meus giros pelos estandes, também ouvi comentários e olhares de censura de professores mais conservadores dizendo-se insatisfeitos com as escolhas. Em sua opinião, as crianças e os adolescentes deveriam ler apenas os clássicos, convencionados ou impostos por pessoas dos séculos já passados.

O HÁBITO DA LEITURA – Reconheço o valor dos clássicos, até mesmo pelo fato de eles nos trazerem o contexto histórico de tempos recuados, mas não podemos impô-los aos jovens do século XXI, que preferem e buscam, em sua maioria, a ficção fantástica, na qual tudo é possível e se resolve, como um refrigério diante da realidade de violência, insegurança, impunidade e corrupção em que vivem e para qual não vislumbram solução, pelo menos em curto prazo. Sabemos que, para adquirirmos o hábito da leitura, precisamos iniciar pelo que gostamos. Portanto, devemos deixar a escolha a critério deles. Isto não nos impede de sugerirmos os títulos literários consagrados nas gerações anteriores, mostrando-lhes a sua relevância, mas jamais lhes impondo a leitura de um livro. Afinal, a leitura deve ser algo prazeroso e não um castigo. Tenhamos paciência porque consolidado o hábito, amadurecidos os leitores, eles lerão, naturalmente, tudo quanto encontrarem pela frente. Sei do que estou falando... Aproveitando este espaço, convido todos que gostam de poesia a visitarem, neste sábado, das 14 às 17 horas, no Expocenter, o estande da Sarau das Letras Editora, onde estarei autografando o meu livro Sublimes Encontros.
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