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NÃO DEIXE PARA AMANHÃ, O QUE PODE FAZER HOJE.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 31 de out. de 2015
  • 7 min de leitura

IVAN BRASIL DE ARAÚJO JÚNIOR (In Memoriam)

Neste domingo, dia 01 de novembro, Mossoró lembra com saudades de um de seus filhos adotados mais queridos de sua história recente. Há um ano, morria precocemente em acidente de moto o médico oncologista Ivan Brasil, juntamente com o seu filho primogênito Igor. Um fato que entristeceu toda a cidade, não só pela gravidade e dramaticidade do ocorrido, como pelo reconhecimento da grandeza de seu trabalho para sociedade mossoroense, seja no Hospital do Câncer, na UERN, onde era professor, dando plantão no SAMU, como também na maçonaria, onde era um venerável bastante atuante.

Ivan nasceu em 22 de fevereiro de 1976, em Natal, mas sua infância se deu em Rodolfo Fernandes, cidade onde nasceu e atuou profissionalmente e politicamente o pai, o também médico Ivan Brasil de Araújo. Sua mãe, Luzineide Azevedo Brasil de Araújo, professora aposentada, é natural de Barra de Santa Rosa/PB. Até os dez anos, Ivan estudou o ensino fundamental na escola estadual João Cordeiro, quando foi morar em Natal, na casa da avó materna Rita Melo de Azevedo (hoje com 84 anos), onde fez o ginásio no colégio Sagrada Família e o ensino médio no Colégio Salesiano São José. Em 1993, passou no vestibular para medicina na UFRN, formando-se em 1999.

Irmão da advogada Izabele Brasil Azevedo de Araújo Harrop, de 32 anos, e da dentista Ivana Brasil Azevedo de Araújo, de 25, ajudou a cuidar de ambas quando também mudaram-se para a capital, cada uma a seu tempo, a fim de terem sua graduação superior. Em fevereiro de 2000, Ivan partiu para o Norte do país, onde serviu o exercito como médico em Novo Aripuanã/RR, incluindo em seu currículo um curso oferecido na floresta amazônica, onde os que lá servem passam uma semana no meio da selva só com alguns itens básicos.

Ao retornar, casou em 2001 com Janina Marinho de Oliveira Brasil, colega de turma da universidade, com quem teve os filhos Igor Marinho Brasil (nascido em 08.07.2002) e Iasmin Marinho Brasil (9 anos, nascida em 09.09.2006). Fizeram Residência Médica juntos em Recife/PE, ele em Cirurgia Geral e ela em Pediatria. Em 2003, Ivan começa a especialização em Oncologia Cirúrgica na Liga Contra o Câncer em Natal, vindo em 2006 para Mossoró trabalhar no Centro de Oncologia e Hematologia. A pedido de O BOM DE MOSSORÓ, sua mãe, sua esposa e suas irmãs escreveram depoimentos pessoais para registrar a passagem do primeiro ano de seu desencarne.

LUZINEIDE AZEVEDO, MÃE: “Chegou um ano sem a presença física de vocês meus amados filhos, e o que dizer uma mãe neste momento em que a dor ainda está latente em seu coração? Há 39 anos você nascia enchendo de alegria e emoção uma jovenzinha de 19 anos, e ao longo do tempo você foi me ensinando tantas coisas boas e bonitas, pois você já nasceu um grande menino homem de um coração tão generoso. Ensinou-me a ser forte e corajosa nos momentos que precisei. Deu-me amor e carinho de uma maneira especial, sem dizer uma única palavra, apenas através de um abraço forte e apertado, unindo nossos corações, já me dizia tudo que sentia por mim. Ainda me fez reviver toda emoção do seu nascimento através do nascimento de seu filho Igor. Como sempre te dizia filhos: nunca esqueça que os amo muito e os amarei por toda eternidade” JANINA MARINHO, ESPOSA: “Deus concede a todos os seus filhos uma missão na terra a ser cumprida, cuja base de trabalho é a caridade! Caridade é ‘a qualidade da pessoa que ajuda outra de forma desinteressada’, revelando assim nosso objetivo de amparar quem tem necessidade de ajuda, não só material, mas também espiritual e moral. Para isso o primeiro passo é sermos exemplos, de modo que possamos atrair e dar confiança a quem precisa. Ivan, dentro de seu curto tempo aqui na terra, viveu em busca de ajudar seu semelhante, respeitando e levando esperança e harmonia por onde passava. Não só pelo lado profissional, onde atuava praticando a caridade, mas em todos os setores de sua vida! Embora recatado, de poucas amizades, era prestativo a qualquer momento e a quem quer que precisasse! Amava sua família, sentia-se bem quando conseguia reunir todos! Seus exemplos refletem até hoje em nossas vidas, mostrando que a família é base de tudo, fundamental na formação do homem de bons princípios. A história de vida de Ivan, baseada no amor, respeito e valores humanos muito me apoia em continuar minha missão, como também incentiva Iasmin a seguir o caminho do bem. Acredito que Igor, por admirar tanto seu pai, foi encaminhado por Deus para que seguissem juntos à vida eterna! Somos presenteados com oportunidades que Deus nos dá diariamente de tornarmos pessoas cada vez melhores! Por isso não podemos ser omissos e indiferentes ao nosso papel na família, na sociedade, no amor ao próximo. Que o exemplo de Ivan possa nos inspirar nos momentos de desânimo e quando os obstáculos aparecerem. Que Deus, Jesus e Nossa Senhora iluminem todos que trabalham para o bem! “

IZABELLE BRASIL, IRMÃ: “Falar de um irmão, quase um pai, exemplo a ser seguido em suas virtudes, sua dedicação com a vida e com o seu semelhante, requer muitas linhas, pois são muitas as histórias para contar. Quando criança, sua vida foi muito sacrificante pela distância dos nossos pais. Na adolescência não foi diferente, mas nunca perdeu o viço da vida, nem a ternura, não se maldizia e sempre foi um bom filho e um exímio cidadão de bem. Foi escoteiro, atleta, muito estudioso, religioso e bondoso. Tornou-se um médico brilhante pelo bem que fez e um pai zeloso e amoroso. Como esposo, aos meus olhos, foi muito dedicado. Um pai de família daqueles de novela. Quando cursava pré-vestibular levou um colega de sala para morar em nossa casa, pois esse não se dava bem onde residia. Certa vez, vi meu irmão tirar as sandálias que usava e dar a um mendigo e detalhe: a sandália era de nosso pai. Levou uma bronca, mas depois todos nós admiramos aquela atitude ímpar. Se minha avó fizesse um sanduíche um pouco melhor para em relação ao do amigo, ele trocava o sanduíche e comia o mais simples. Ele era assim porque era, e ponto.


NINGUÉM MANDAVA ELE FAZER, SIMPLESMENTE FAZIA – Conheci o Ivan aventureiro, que escalava, mergulhava, pedalava, fazia rapel e ainda, às vezes, me levava. Confesso que sou medrosa, mas adorava vê-lo fazer esses esportes radicais, como da vez que fomos vê-lo saltar de paraquedas. Foi seu último salto do curso que ele fez sem dizer nada a ninguém. Meu irmão tinha uma frase como tema para a vida: ‘Nunca deixe para amanhã, o que você pode fazer hoje.’ Ele seguia à risca essa frase. Lembro uma vez, quando menina, que ele me levou ao Mirabilândia, em Recife, com um detalhe: saímos de Natal de tarde e voltamos a noite, num bate e volta, pois no dia seguinte eu tinha uma prova, com ele me dizendo que estudasse no caminho. Viveu intensamente e foi assim até o último dia de sua vida. Viajamos para Santiago do Chile juntos, só que ele voltou na frente. Em uma noite me ligou e disse que estava muito feliz por eu estar aproveitando. Quando eu o olhava no olho, eu sabia disso. Sou eternamente agradecida por tê-lo como irmão, que fez muitas vezes o papel de pai, que me deu sobrinhos maravilhosos e que até hoje só ouço coisas boas sobre ele, seja através dos eternos pacientes que o venerava, seja pelos verdadeiros amigos, pelos admiradores e por todos que de algum modo tiveram a oportunidade de conviver um pouco com esse ser iluminado. Se tivesse que defini-lo com uma palavra, com certeza seria: OBRIGADA!


IVANA BRASIL, IRMÃ: “Tudo o que eu mais queria era poder lhe dizer: te amo, saudade, se cuida...? Não tenho como não rir e chorar toda vez que penso no meu irmão, que também foi um pai, protetor, amigo e companheiro de aventuras. Quando eu era criança, lembro-me que ele me ensinava a enfrentar meus medos, mas na verdade, mesmo quando eu tinha medo, eu tinha coragem de me aventurar, pois sabia que com ele estava segura. Era assim que ele me convencia a atravessar um açude fundo sem colete, apenas segurando em suas costas. Sempre que nós ficávamos de férias, ele me ensina coisas diferentes. Devido à diferença de idade, meus irmãos me mimavam e cuidavam de mim, e ele parecia que já treinava para quando seus filhos nascessem, pois sempre desejou muito ser pai. Foi dele que ganhei meu primeiro filme de história infantil: ‘Alice no País das Maravilhas’. Minhas primeiras revistas em quadrinhos, me incentivando a ler cada vez mais e melhor. Ensinou-me as primeiras palavras em inglês e às vezes junto com meus pais, também me ajudava a estudar assuntos da escola. Aprendi também minhas primeiras pedaladas de bicicleta, mas não como uma criança comum... Do jeito dele! Aprendi na bicicleta grande dele, na qual eu mal conseguia dar a passada e ele rindo de mim, pois se eu parasse cairia. Ainda criança, lembro-me dele querer me levar pro Clube dos Escoteiros no qual tinha muito orgulho em ser membro, porém, meu pai não deixou por eu ser muito pequena (eu queria!).


INFÂNCIA DE BONS MOMENTOS E AVENTURAS – Quando fui morar em Natal, ele pegava no meu pé para que eu estudasse e fosse boa aluna. Incentivou-me a ficar vaidosa e feminina (coisa que eu não ligava), e me apoiou nas minhas primeiras maquiagens... Vez por outra viajávamos juntos só eu e ele, geralmente de Natal-Mossoró, e o percurso sempre era divertido. Durante a viagem, gostávamos de ouvir som alto e de repente ele baixava a música de vez só pra ver se eu estava cantando certo. Admirava-se por eu gostar das mesmas músicas que ele. Contava-me confidências e curiosidades que eu tinha que ficarão pra sempre guardadas comigo. Simplesmente conversamos sobre nossas vidas e de todas as formas ele sempre tentava me ajudar... Por último, me ensinou a não desistir dos meus objetivos, ser persistente, vencer minhas metas a continuar sempre, mesmo se eu tivesse medo. Falava-me sobre Deus, o amor, amizade, humildade, respeito e sempre ajudar ao próximo. Meu irmão é meu exemplo do que é ser homem de verdade, do que é ter caráter, exemplo de bondade. Sempre tão justo, pai amoroso e dedicado com meus sobrinhos lindos que ele zelava com tanto cuidado. Jamais esquecerei todos os exemplos que você nos deixou, seus conselhos, seu abraço de urso ou até mesmo dos nós que você deixava em meu cabelo quando enrolava. Sinto muito por não termos feito a ‘próxima viagem’, por não ter te dito mais o quanto te amo e o quanto é importante pra mim. Sinto muito por tudo o que o pouco tempo nos fez deixar pra depois... Toda noite eu rezo e peço a Deus que Ele cuide de você e Iguinho, e que um dia a nossa família possa estar reunida novamente. AMO VOCÊS!

 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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