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DESFOLHANDO UMA SAUDADE.

  • Lindomarcos Faustino
  • 14 de out. de 2015
  • 5 min de leitura

LAURO DA ESCOSSIA (IN MEMORIAM)


No dia 18 de julho de 1991, por meio do Decreto N° 954/91, assinado pela então prefeita Rosalba Ciarlini, passou o Museu Municipal a se chamar ‘Museu Histórico Lauro da Escóssia’, uma justa homenagem ao jornalista Lauro da Escóssia, nascido no dia 14 de março de 1905, em Mossoró, filho de João da Escóssia e Noemi da Escóssia, neto do também jornalista Jeremias da Rocha Nogueira, o pai da imprensa mossoroense e fundador do jornal O Mossoroense. Casou-se duas vezes, a primeira com dona Dolora Cunha da Escóssia, enlace do qual nasceram: Lauro da Escóssia Filho, Danilo Couto da Escóssia, Maria da Conceição da Escóssia Melo, Margarida da Escóssia Colaço, João da Escóssia Neto, Maria Carmem da Escóssia Araújo e Raimundo Augusto Couto da Escóssia. Após o falecimento da esposa, contraiu núpcias com dona Maria de Lourdes Alves. Lauro da Escóssia foi diretor do jornal O Mossoroense, professor e escritor, tendo escrito os seguintes livros: ‘As Dez Gerações da Família Camboa’, ‘Memórias de um Jornalista de Província’, ‘Futebol da Gente’, ‘Cronologia Mossoroense’, ‘Desfolhando uma Saudade’, ‘Anedotas de Padre Mota’ e ‘A Maçonaria em Mossoró’. Professor diplomado pela Escola Normal de Mossoró, em 1925, três anos depois ocupava sua primeira função pública, na citada escola, como docente. Foi nomeado interinamente, para em 1930 ser efetivado no cargo e dois anos depois ser demitido. Em 1935, com a posse de Dr. Rafael Fernandes Gurjão no governo do estado, seu Lauro voltou a ocupar o posto ao qual foi exonerado anteriormente, onde passou 33 anos servindo. Sua carreira de jornalista iniciou no ano de 1922, no jornal O Mossoroense, sendo ele um cronista de esporte. Quando descobriu o jornalismo mergulhou de corpo e alma nesta profissão, onde mais tarde fundou o jornal ‘Humaytá’. Em 1927, fundou mais dois jornais na cidade, ‘Vanguarda’ e ‘Mossoró Jornal’. No ano seguinte, em parceria com seu Raimundo Nonato, seu Lauro fazia circular o jornal ‘O Festeiro’, depois vieram ‘Correio Festivo’ e ‘O Esporte’. Ele também foi correspondente do ’Diário de Pernambuco’, do Recife, e do ‘Diário de Notícia’, do Rio de Janeiro. Faleceu no dia 19 de julho de 1988, por insuficiência respiratória aguda e derrama pleural, na Casa de Saúde Dix-sept Rosado. Seu corpo foi velado na Loja Maçônica João da Escóssia e, em seguida, houve uma missa na Paróquia São João Batista, no bairro Doze Anos para depois ser sepultado no jazido da família Escóssia, no Cemitério São Sebastião.


O jornalista Bruno Barreto fez um vasto material para o jornal O Mossoroense, marcando os 100 anos de nascimento do jornalista Lauro da Escóssia. Abaixo, alguns trechos deste belo trabalho:

"Tudo quanto escrevi, procurando enfeixar em um livro, revela o desejo de deixar para a posteridade, ao simples contato de meus conterrâneos, um pouco da imagem do passado guardado na lembrança deste conterrâneo e amigo", a frase atribuída a Lauro da Escóssia revela bem o amor deste mossoroense, pelo povo de sua cidade de origem. Lauro teve uma vida intensa. Professor formado pela escola normal foi responsável pela reabertura de O Mossoroense, a grande paixão de sua vida, em 1946 com a ajuda de Jorge Freire de Andrade, Ving-ut Rosado e José Augusto Rodrigues. Antes já havia trabalhado no jornal como repórter tendo como ponto alto em 1927, quando foi o responsável pela cobertura da invasão do bando de Lampião a capital do Oeste, ocasião em que conseguiu entrevistar o cangaceiro Jararaca antes mesmo que o mesmo fosse interrogado pela polícia. Este é considerado um dos maiores furos de reportagem da história da imprensa potiguar. Graças a isso o jornal, com 5.400 exemplares vendidos, atingiu a maior vendagem de sua história. Segundo familiares, Lauro era dono de um temperamento explosivo. "Trazia no sangue o arrebatamento e a impetuosidade de seu avô, Jeremias. Panfletário e sem medo herdou tantos traços de identificação, revelados nas suas ações e reações, por vezes bruscas, senão violentas, que sempre reclamam conduta irredutível, coragem e espírito de deliberação", assim foi descrito pelo ex-prefeito de Mossoró Raimundo Nonato, em depoimento para o livro 'Escóssia' de autoria do jornalista Cid Augusto. Apesar do temperamento forte, era um homem que não guardava rancores. "Papai estourava, mas dali a dois minutos já estava bonzinho", revelou sua filha Margarida Escóssia. A sua relação com os filhos era muita aberta e pautada pelo carinho. "Papai era um homem à frente de seu tempo absorvia muito bem as mudanças e era muito atencioso com todos nós”, conta. Apesar de fazer história em Mossoró Lauro da Escóssia era um homem de hábitos simples, não fazia distinção entre seus amigos, tanto podia ser amigo dos mais ilustres como dos mais simples. A prova disso é que duas de suas grandes amizades foram o ex-governador Dix-sept Rosado (falecido em 1951) e o pedreiro Francisco Constantino o 'Chico Boseira'. "A amizade de papai com Dix-sept era desde os tempos de prefeitura, quando ele foi secretário, a fidelidade era tamanha que um dia o ex-governador pouco antes de falecer pediu para papai guardar um bilhete em segredo o que ele fez até o final da vida. Já com Chico era uma amizade muito divertida, eles conversavam e se davam muito bem, ele brincava muito com Chico chamando-o de poliglota porque ele fazia de um tudo era pedreiro, encanador e eletricista", revela Margarida.

HOMENAGENS AO DECANO DO JORNALISMO – A intensa vida de Lauro da Escóssia não poderia deixar de lhe render inúmeras homenagens. As mais visíveis são a cessão de seu nome à rua localizada no Abolição IV e ao Museu ao qual dedicou os últimos anos de sua vida. Outra homenagem importante o decano só recebeu após a sua morte: a medalha de reconhecimento outorgada pela Câmara Municipal, em setembro de 1988. No entanto, doar seu nome ao Museu Municipal, a antiga Cadeia Pública onde ele entrevistou o cangaceiro Jararaca, é sem dúvida a mais significativa."Tio Lauro era muito ligado ao museu, mesmo doente ele não deixava de vir até aqui", conta Maria Lúcia da Escóssia, diretora do museu. Para se ter uma ideia do amor e dedicação de Lauro da Escóssia ao museu, próximo à sua morte ele fez a seguinte confidência a um grupo de pessoas que estavam ali com ele, entre elas o pesquisador Raimundo Brito. "Com os olhos cheios de lágrimas, Lauro proferiu a seguinte frase: 'Sei que vocês vão me enterrar, mas a minha alma vai ficar aqui dentro'", relatou Raimundo Brito. Lauro atuou também em várias outras áreas, que iam desde a política até o desporto, passando pela educação, maçonaria. Mesmo nunca tendo assumido cargo eletivo, sua atuação política foi muito intensa, integrante de dois partidos: o Partido Popular e do Partido Republicano. Foi opositor da Revolução 1930 comandada por Getúlio Vargas. Foi partidário da Revolução Constitucionalista de 1932, que ocorreu em São Paulo com objetivo de implantar uma constituição no país que vinha a dois anos sendo comandado por um governo provisório. Lauro atuou como secretário em Mossoró nas administrações municipais de Padre Mota, Dix-sept Rosado e Jorge Pinto. Sem contar que também foi presidente do Tiro de Guerra de Mossoró e do Centro Regional de Escoteiros de Mossoró. A sua atuação política se estendeu ao desporto quando dirigiu entidades como a Associação Mossoroense de Desportos Atléticos (atual Liga Desportiva Mossoroense), dirigiu o Humaitá Futebol Clube, o Clube Atlético Mossoroense e a Liga Operária de Mossoró. Outra área que Lauro atuou foi na Maçonaria, ele fundou a Loja Maçônica João da Escóssia e foi o primeiro venerável, cargo máximo de uma loja. Além disso, Lauro foi professor primário formado pela Escola Normal de Mossoró, em 1925, em 1928 começou a dar aula no serviço público, em 1930 foi contratado em definitivo, ele trabalhou durante 33 anos nessa área. Lauro ainda foi um dos responsáveis pela vinda do Tiro de Guerra para Mossoró e um de seus primeiros presidentes.

 
 
 

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