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UMA FAMÍLIA DE GUERREIROS SUPERANDO TRAUMAS.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 11 de out. de 2015
  • 7 min de leitura

ANTONIA ZENEIDE RODRIGUES DA SILVA

Dona Maria Sueli Rodrigues foi uma guerreira enquanto viva. Ficou viúva aos 27 anos com cinco filhos para criar, sendo que a mais nova, Antonia Zeneide Rodrigues da Silva, nascida em Mossoró no dia 28 de abril de 1968, estava com apenas um ano e seis meses de vida. O esposo, tratorista do DNER, hoje DNIT, Antônio Fernandes da Silva, havia falecido devido problemas causados por uma ulcera. Desesperada com a situação da viuvez, sem vislumbrar saídas para sua vida, dona Sueli foi acometida de uma forte depressão que a deixou completamente paralisada, sem falar, comer e andar, ao ponto de precisar ser tratada por especialistas em Natal. “Com a ajuda de Jesus, vi minha mãe reaprender a viver, após ficar internada muito tempo. Minha avó Nenzinha e minhas tias, que já cuidavam das crianças, precisaram ter forças para ensinar tudo de novo para minha mãe”, conta Zeneide. Superado o drama, dona Sueli resolveu dar a volta por cima. Assumiu a condição de condutora de sua família, fazendo vestibular e sendo aprovada para o curso de Pedagogia na UERN, aos 36 anos. Em seguida, ingressou nas redes de educação do município e do estado, onde deu aulas para o ensino fundamental durante anos. Neste tempo, foi mãe de Jane Karla, hoje jornalista morando em São Luís/MA, cujo pai dona Sueli nunca quis revelar, mesmo com a família tendo as devidas desconfianças de quem possa ser. Somada a pensão deixada pelo marido, que também deixou uma casa para família, ela pôde oferecer aos filhos as condições mínimas para que pudessem caminhar na vida, estando todos hoje com suas próprias famílias: Antônia Zenite é dona de casa; Antônio Fernandes, comerciário; Zelita Rodrigues também é dona de casa; e Antônio Rodrigues é mototaxista. Dona Sueli faleceu aos 52 anos, em 21 de abril de 1994, devido infecção pulmonar ocasionada pela sua vida de fumante. “Foi uma grande comoção para toda a família, vizinhos e conhecidos. Ela foi um exemplo de superação. Dizia que nunca queria que seus filhos trabalhassem na casa de ninguém e foi à luta para que isso realmente não precissasse acontecer”, lembra Zeneide.

UM ANJO SURGIU DE REPENTE – A trajetória de vida de Zeneide também retrata uma guerreira incansável, e ao mesmo tempo feliz. Estudou nas escolas municipais Manoel João e Duarte Filho, concluindo o ensino médio na estadual Aida Ramalho. Quando estava no último ano, apaixonou-se por Erivan Oliveira Nunes, um trabalhador do setor de metalurgica. Relação esta que nunca recebeu a aprovação de dona Sueli, mas que dela algo muito bom ficou: o nascimento de Pablo Rythsenber Rodrigues da Silva, conhecido em Mossoró como Pablo Ryth, nascido em 25 de agosto de 1988. “Tirei este nome dos discos de cantores internacionais, depois que o pai não quis que eu colocasse John Kennedy. Na verdade ele não quis foi nada e sumiu do mapa. Eu era muito inexperiente, minha mãe me prendia demais e eu tinha que fugir para ir às festas. Foi assim que apareceu em minha vida o pai de meu maior tesouro”, conta. Apesar do fracasso naquela relação, a felicidade de uma outra logo bateu em sua porta. Quando o filho tinha apenas três meses, Zeneide conheceu aquele que seria a grande âncora de sua vida: Francisco de Assis Duarte de Góis, um vigilante que assumiu de imediato a paternidade de Pablo, e que com ela gerou Jéssica Nayara, hoje com 20 anos, estudante da faculdade de Física da UERN. Zeneide foi criando Pablo com a ajuda da família e de Francisco, vindo a trabalhar somente em 2004, através de contratos com a Prefeitura de Mossoró. Hoje, além de fotografar aniversários, casamentos e eventos diversos, trabalha na Casa de Passagem, onde são encaminhados adolescentes por parte dos Conselhos Tutelares ou do juizado da Infância e Adolescência. Sua relação com Francisco durou 22 anos, até que em 2013 ele a deixou por outra mulher. “Sofro até hoje, mas meus filhos me dão a maior força para que eu possa superar este trauma. Pablo e Jessica são loucos por ele, mas estão do meu lado em todos os momentos”, conta.

Nas fotos, Pablo com a tia Zenite, muito importante em todo o processo; a irmã Jéssica, a noiva Tallyta e a mãe Zeneide.

A OBESIDADE DE PABLO – A dor da separação ocorreu justamente em um período de alegria com a decisão do filho de, finalmente, combater um problema permanentemente presente em sua vida: a obesidade mórbida, aquela que pode levar o portador a ter problemas fatais a qualquer momento. Zeneide conta que Pablo mamou até os cinco anos, só deixando depois de levar umas boas palmadas. Aos seis meses já era difícil de carregá-lo nos braços. "Certa vez, quando estava na creche, inventaram de colocar ele de castigo no almoxarifado. Pablo comeu todos os docinhos que lá havia. Uma coisa que me espanta é que, até hoje, aos 27 anos, ele mantém todos os dentes de leite. Também nunca ficou doente ao ponto de precisar internar. Muitas vezes, porém, me pediu remédio para emagrecer, coisa que nunca permiti que ele tomasse, pois sabia que o prejudicaria mais na frente”, descreve. Sempre muito trabalhoso e traquino, Pablo estava constantemente mudando de colégio. Estudou em colégios públicos, no União Colégio e Curso e também no Senai. Trabalhou com marketing, fotos e produção de eventos. Atualmente, está exclusivamente no marketing, divulgação e produção de shows do artista Wesley Safadão, hoje, um dos mais requisitados do Brasil. “Eu vou às cidades onde haverá show para averiguar e reforçar a divulgação, ver o que está precisando melhorar na mídia. Ele diz que nossa equipe é os olhos dele”, descreve. Zeneide relata que foi somente quando ele conheceu a noiva, a contadora Tabbta Tallyta Nunes de Lima, e ouvindo dos amigos que se ele não se cuidasse acabaria a perdendo, por ela ser muito bonita, é que Pablo resolveu dar um basta a sua compulsão alimentar, conscientizando-se que a solução para aquele problema teria que partir de sua vontade própria.

No dia 25 de agosto de 2013, dia de seu aniversário, Pablo resolveu mudar sua vida. Com muita fé em Deus, luta, força, determinação e perseverança, foi conseguindo, sem remédios, sem cirurgia, sem acompanhamento. Perdeu 80kg só com o apoio de sua família e da família de Tallyta. Juntos há seis anos, espera em breve casar com ela. “Se Deus quiser”, acrescenta, dizendo que está se organizando pra comprar uma casa com este objetivo. Mora só com a mãe e a irmã no bairro Ilha de Santa Luzia. Seu conselho para quem enfrenta os mesmos problemas de sobrepeso, é que tente fazer dietas saudáveis e com exercícios. “Eu consegui, todos podem conseguir”, acredita.

Veja abaixo o seu próprio relato sobre a saga que foi perder peso, ganhando ao mesmo tempo vida:

RELATO DE PABLO RYTH

“Eu vivia normalmente, era feliz, achava que não tinha problema com nada, tinha namorada, trabalhava normalmente. Não me importava com minha aparência. Era um gordinho bonitinho, me divertia. Mas sempre existiu o preconceito, só que eu não ligava. Confesso, no entanto, que já estava me chateando com o povo falando que eu era muito gordo. Um dia minha noiva foi se consultar e eu fui junto. Uma enfermeira começou a falar os problemas que eu poderia ter. Fiquei pensando naquelas palavras. Também ouvi do Dr. Paulo, que sempre quando minha noiva ia se consultar com ele pegava no meu pé, falando das coisas ruins que poderia vir a acontecer comigo. Um dia, um amigo olhou pra mim e disse: Pablo Ryth, você vai explodir. Outro emendou: vai morrer gordo. Juntou tudo, pois minha família e minha noiva não falavam diretamente sobre o assunto para não me machucarem, mas sempre tentavam falar da melhor maneira. Eu sempre fui gordinho, nunca tive quem me impedisse de comer tanto. E tudo que eu ia comer era de muito, eu era muito exagerado em tudo. Comia tudo que tivesse na geladeira. Não deixava nada para os outros de casa. Acordava de madrugada para fazer comida, pois tinha na minha cabeça que só dormia de barriga cheia, muito cheia. E ainda comia quando acordava a noite. No dia do meu aniversário disse para minha noiva e minha família que eu iria emagrecer. Nem o bolo eu comi do meu aniversário. Pensei: vou tentar, se não conseguir vou comer até ‘espocar’, como o povo falava. Aí fui fazendo dieta por conta própria.

REEDUCAÇÃO ALIMENTAR – Parei de comer o que achava que era ruim e passei a procurar me alimentar só de coisas saudáveis, muitas frutas e muita caminhada. Ia caminhar todo santo dia, chovendo ou fazendo sol. Tinha dia que queria desistir, mais minha noiva e as nossas famílias sempre me apoiando. Com um mês eu iria desistir porque achava que não tinha emagrecido nada. Quando me pesei tinha perdido 20 kg. Ganhei força e incentivo para continuar na luta. Quando perdi 30 kg falaram pra mim: pronto agora vai ser difícil, pois até ali eu só teria perdido líquido. Fiquei triste, com medo, mais continuei atrás de meu objetivo. Com cinco meses já tinha perdido quase 60 kg. E com um ano já tinha perdido 80, e sempre comendo coisas saudáveis e muita caminhada. Só quando eu emagreci é que pude ver os problemas que eu tinha. Coisas bestas como calçar uma meia e um tênis era um sacrifício. Cruzar as pernas eu não conseguia. Agora eu só vivo de pernas cruzadas para tirar o tempo perdido. Roupa dava certo americana, muito cara e feia, mais eu tinha que comprar senão vinha outro gordo e comprava. Calça era número 60, com muito sacrífico, bem arrochada, pois não encontrava número maior. Outra coisa que mudou foi o ronco. Minha noiva até se assustava, achando que eu estava me engasgando. Hoje não ronco mais e durmo que nem uma criança. Sem falar na disposição. Eu era muito preguiçoso, só queria saber de comer e dormir. Minha vida hoje é uma maravilha. Tenho disposição pra dar e vender. Em tudo tá melhor: na aparência e na saúde hoje é só alegria. Só tenho a agradecer a todos que me apoiaram, minha noiva e nossas famílias, os amigos que me deram força, Dr. Paulo que sempre me cobrava.”


 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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