QUEM TEM QUE MUDAR É VOCÊ.
- obomdemossoro
- 8 de out. de 2015
- 5 min de leitura

WILKAR MAIRA BATISTA DE OLIVEIRA
A gerente financeira do condomínio Veronique, em Mossoró, Wilkar Maira, tem uma vida como a de muita gente. Já passou por experiências sofridas, teve dificuldades em superá-las, chorou, teve dúvidas se resistiria à pressão, superou obstáculos e venceu os medos. Apaixonou-se, teve receio de amar, amou, foi menosprezada, lutou por seu amor, até cair na realidade, alertada por sua sábia vó, dando um rumo à sua vida e ao seu coração. Nascida em Mossoró em 17 de abril de 1981, Wilkar é a quarta de cinco filhos do casal José Vitor de Oliveira e Serli Batista de Oliveira. A mãe, que durante anos foi vendedora de roupas de porta em porta, hoje tem uma lojinha em sua própria casa no bairro Bom Jardim. O pai, exerceu a profissão de pedreiro até quebrar três costelas, acidente de trabalho que o fez descobrir sua vocação para o empreendedorismo. Passou a alugar ferramentas e andaimes para construção civil há oito anos e melhorou de vida. A alegria maior deste casal hoje em dia são os cinco netos: Juninho, Pedro Lucas, Daniel, Samuel e a pequena Maria Vitória, de apenas três meses. Os filhos já tomaram seus rumos: Wigton faleceu antes do primeiro ano de vida devido problemas no coração; Wilton é pedreiro, seguiu a profissão do pai; Wilgna é técnica de enfermagem do hospital Tarcísio Maia; e Wiliana é estudante de administração da UNP. Aos domingos, todos se encontram para no final da tarde lanchar, conversar e se divertir na casa de Zé Vitor e Célia, nome pelo qual a mãe é chamada por todos. “É uma tradição que começou quando minha avó materna faleceu, há cinco anos. Até esta data era ela, dona Auri Batista, quem recebia a todos no domingo pela manhã em sua casa. Até uma mesa enorme encomendou para que filhos, netos e bisnetos melhor se acomodassem. Fazia deliciosos pastéis e um café da manhã para mostrar que a família deveria estar sempre unida, nos bons e maus momentos”, conta Wilkar.

ENSINAMENTOS VALIOSOS DA AVÓ – Foi respirando este clima familiar e amoroso que Wilkar passou toda a sua infância e adolescência. Morando até os dez anos com seus pais e os dois irmãos mais velhos em uma casa de um quarto no fundo da casa de dona Auri, diz que as dificuldades financeiras eram compensadas pelas orientações valiosas de sua avó, que lhe ensinou quase tudo que hoje sabe sobre a vida. Na época, sua mãe tinha problemas de asma e não podia trabalhar, ficando apenas para o pai a responsabilidade de sustentar a família. “Não vivíamos folgados, mas não faltava a boneca no Dia das Crianças e no Natal”, lembra. Dona Auri era um exemplo de mulher decidida. Teve quatro filhos de três maridos. Dizia que ‘A mulher poderia viver muito bem sem um homem, principalmente quando ele não prestasse’. Para ela, a mulher é a fortaleza da família e não poderia ser dependente do homem. Funcionária pública e depois aposentada, escreveu sua história vivenciando as lutas feministas e colocando-as em prática. Conquistas que ainda hoje deixam muitas mulheres sofrendo por não saberem lhe dar com a independência conquistada diante de sentimentos delicados como o amor e a paixão. Wilkar estudou seu ensino fundamental na escola estadual Cunha da Mota, enquanto o médio foi na escola estadual Dix-sept Rosado, terminado em 2002. Dois anos antes, havia conhecido Fábio Luis do Nascimento, sua primeira grande e marcante paixão. Neste tempo, a família já havia se mudado para uma casa maior, construída pelo próprio Zé Vitor. De repente, uma bomba em sua vida: descobre que estava grávida. Com medo de não decepcionar a família, segurou a notícia o quanto pôde, até o quarto mês de gestação, mesmo com a pressão de Fábio para que contasse logo toda a verdade. “Quando contei minha mãe disse que já sabia, mas que estava esperando que eu mesma falasse. De minha avó, só recebi alegria”, conta.

A DIFÍCIL RELAÇÃO ENTRE ADOLESCENTES – Wilkar teve uma gravidez complicada, com pressão alta, riscos e dúvidas em relação a Fábio. Ficou morando na casa de seus pais ainda por três meses após o nascimento de Pedro Lucas, quando resolveu ir morar na casa dos pais dele. Fábio era estudante na época, mas já trabalhava em uma escola pertencente a sua irmã. Por acreditar que aquela relação nunca iria dar certo de verdade, Wilkar não se importou em oficializar o casamento. Mesmo assim, em um período curto, chegaram a morar apenas os três em um apartamento que alugaram. “Éramos imaturos, não sabíamos lidar com as responsabilidades de uma relação. Eu me magoava com facilidade ao não aceitar a vida que Fábio queria levar, e buscava constantemente abrigo na casa de minha mãe como se fosse uma solução. Já ele não abria mão de diversões como se ainda fosse solteiro, sem medir as consequências negativas que aquilo representava para nossa casa”, relata. Foram onze anos de uma luta onde a persistência de Wilkar enfrentava a acomodação de Fábio, que parecia surfar no conforto daquela situação. Até o dia em que ela ouviu da experiente avó, em seus últimos dias de vida, uma frase que foi definitiva em sua vida: “Wilkar, Fábio não muda. Quem tem que mudar é você”. Aquela frase lhe deu um norte, fazendo-a deixar de se esconder da realidade, de ficar atrás de uma relação que não estava a fazendo feliz. Nesta época, Wilkar já tinha certa independência financeira. Desde quando teve seu filho, começou a trabalhar e formar suas economias. Passou cinco anos no Colégio da família de Fábio. Depois, devido às dificuldades na relação, trocou o emprego por outro na empresa Multfrios, onde ficou por oito anos. “Foi lá que tive todas as oportunidades de aprendizado profissional, com a confiança para bem produzir e mostrar meu valor”, enaltece. Vendeu sua moto e deu entrada em um apartamento. Na semana que recebeu as chaves, e diante de mais uma farra do companheiro, pegou um sofá que tinha comprado, um colchão, um ventilador, suas roupas e as de Pedro Lucas, e saiu da casa dos pais de Fábio. “Chorei e sofri muito com as interrogações que me afligiam. Não tinha a certeza de que aquela atitude era a mais correta. O apartamento, apesar de ser uma conquista pessoal, me dava uma sensação de fracasso na vida amorosa”, relata. Com o tempo, foi arrumando seu novo lar e seu coração, resistindo às investidas de Fábio que queria que ela retornasse para aquela frágil relação.

A RECUPERAÇÃO DA AUTOESTIMA – Wilkar conta que o primeiro ano foi difícil. O trabalho a ajudou a superar as inseguranças. Entrou na universidade, curso de Ciências Contábeis e foi trabalhar no escritório de Yaskara, então contadora da Multfrios. “Ela foi muito significativa em minha vida, me incentivando a seguir uma carreira profissional. Infelizmente, com apenas um ano e poucos meses que eu estava em sua empresa, ela veio a falecer”, registra. Wilkar ainda trabalhou na salina do Grupo Maranata, até chegar à gerência financeira do condomínio Veronique. Em relação ao seu coração, Wilkar conta que há um ano e seis meses conheceu Hélio Bernardo, um motorista de caminhão com quem tem uma relação de carinho, atenção, respeito e admiração mútua. Dele ouviu o pedido de casamento que nunca existiu na relação anterior. “Já aceitei, e estamos nos preparando para realizar este sonho em breve”, revela. Com quase 14 anos, Pedro Lucas sempre contou com o apoio da família de Fábio, estando perto de concluir o ensino fundamental. Aos sábados, participa do Grupo de Escoteiros Cruzeiro do Sul, no Abolição I, onde a mãe trabalhar como voluntária para estar perto e apoiar as conquistas de seus tesouro maior. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, Wilkar jamais deixou de sorrir. É uma marca de sua família, onde a união encoraja e fortalece cada um, sempre no sentido da positividade. “O sofrimento devemos guardar para nosso íntimo e para poucos, mas a diversão deve ser distribuída sempre. Devemos repartir o lanche do fim do domingo, os risos dos irmãos e sobrinhos, os amores e alegrias que nos confortam, na certeza que o amanhã será sempre melhor do que foi o ontem”, finaliza.
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