ACHE A HORA!
- obomdemossoro
- 4 de out. de 2015
- 5 min de leitura

FRANCISCO DE ASSIS LINHARES
Para o radialista Diassis Linhares, ‘O homem se forma quando descobre sua arte’. E foi o que aconteceu com ele em 1970, acompanhando, na casa do amigo Pedro Aquino de Morais, a conquista do tricampeonato da seleção brasileira na Copa do Mundo do México. “A paixão pelo futebol tomou conta de minha mente e do meu coração. Comecei a comprar a revista Placar, toda semana, para saber tudo que acontecia neste esporte pelo mundo, e minha vida não mais se afastou do mundo da bola”, conta. Nascido em Mossoró em 22 de dezembro de 1957, filho de Francisco Linhares do Rosário e Francisca Oliveira do Rosário, naturais de Apodi, Diassis é o caçula da prole de dez filhos do casal, que logo que nasceu o primeiro deixou o sítio onde morava para fazer a vida na cidade maior, onde seu Chico Linhares poderia exercer sua profissão de barbeiro com melhores resultados. Ao chegar a Mossoró, foi trabalhar no Grande Hotel, na época como se fosse o shopping, onde eram oferecidos os melhores serviços da cidade. Durante 34 anos, até 1979, sustentou sua família de sua arte com a tesoura e o canivete, tendo falecido em 2004 com 87 anos. Dona Francisca Linhares, no entanto, lucida, ainda faz e coloca o café da manhã de Diassis todos os dias. Fará em novembro 90 anos. Dos filhos, contando ainda com Maria, a filha adotiva que chegou à família até mesmo antes dos filhos naturais, quatro faleceram ainda novos, estando hoje sete morando em Mossoró.

LEITURA, PLANTONISMO E ESPAÇO NA MÍDIA – E A infância de Diassis foi no bairro Pereiros, com todos os prazeres possíveis para uma criança, mesmo o de tomar banho no rio. “Minha mãe nunca deixou”, ressalta. Se neste caso ele sempre obedeceu, não o fazia ao viver escapando para bairros mais distantes sem que ela soubesse. As viagens mais longe, porém, fazia nos livros que desde os seis anos aprendeu a devorar, assim que começou a frequentar as aulas com dona Cleonice. Depois estudou no Instituto Anchieta, que ficava na Praça da Redenção, e no colégio Dom Bosco. Teve ainda uma rápida passagem pelo Diocesano. Mesmo sem a dedicação necessária, se esforçou e concluiu o ensino médio, pois em sua mente desde os doze anos, seu foco estava voltado unicamente para o futebol. Com facilidade de memorização e alimentado pelas informações das revistas, Diassis se sentia preparado para trabalhar em rádio, nos programas esportivos, pois via certa deficiência no setor em Mossoró. Em 1974, antes de iniciar mais uma Copa do Mundo de Futebol, procurou o radialista Evaristo Nogueira e disse que gostaria de contribuir com o seu programa ‘Atualidade Esportiva’, da rádio Tapuyo. Aceito na equipe, Diassis escrevia as notícias que Evaristo prontamente lia no ar, citando devidamente sua credenciada fonte. Era o caminho certo para assumir, em seguida, o setor de Plantonismo, onde atualizava os resultados dos jogos pelo Brasil e os da Loteria Esportiva. Durante 14 anos, mesmo com diversas mudanças na equipe de esportes da rádio Tapuyo, Diassis se manteve firme no Plantão Esportivo, apenas com rápida passagem pela rádio Libertadora. Em 1976, criou o Musibol, das 13 às 16hs, antecedendo a jornada esportiva dos domingos. O programa, que existe até hoje, mudou apenas de emissora. Passou pela Libertadora, Gazeta de Areia Branca e Sal da Terra, sua FM Comunitária que funcionou por dois anos e quatro meses até ser fechada pela Agência Nacional de Telecomunicações para devida regularização. Atualmente está na programação da 93FM, onde também, diariamente, faz o programa Lance de Gol, das 6 às 7h.

PRODUTOS COMERCIAIS – As mudanças de costumes, a modernização da informação, a exigência do tempo, fizeram com que o Musibol fosse se aperfeiçoando, mudando o horário, que passou a ser pela manhã, e incluindo um mais qualificado conteúdo musical, além de informações abrangentes, analisadas e inteligentes sobre todos os aspectos de interesse do ouvinte. “Com o advento da TV cobrindo de forma mais integral o futebol, as jornadas esportivas no rádio passaram a se limitar à própria transmissão dos jogos”, explica Diassis. Para ele, o futebol romântico foi atropelado pelo futebol comercial. “Hoje não existe nem muito o interesse em ter o torcedor no estádio, mas sim, em frente à tela da TV para curtir as chamadas publicitárias dos grandes patrocinadores, verdadeiros financiadores do futebol hoje em dia”, comenta. Seu programa diário, criado em 1985, e o qual resume como ‘a jogada que proporciona ao torcedor a maior emoção do futebol’, tem um público fiel que busca se atualizar sobre os resultados dos jogos e a classificação de seu time nos diversos campeonatos que disputa durante o ano. Nasceu quando de sua participação diária no Jornal da manhã da rádio Tapuyo, onde dava as mais atualizadas notícias esportivas. Foi quando a Libertadora o contratou e ofereceu o espaço de uma hora que mantem até hoje, uma tradição no café da manhã de muitos mossoroenses. Outro produto que Diassis criou e que é sucesso de público e receita é a revista A BOLA. Desde 1995 é editada todos os anos, trazendo um resumo do melhor do esporte, com destaque para o que acontece em Mossoró. “O público esportivo, principalmente o amante do futebol, quer informação para manter viva a chama dessa emoção que fascina, apaixona e mexe com os sentimentos de forma avassaladora”, resume.

SÓ FALTA LEGALIZAR A RÁDIO COMUNITÁRIA – Como explicar sua própria paixão pelo Corinthians? Segundo ele, em 1967, ao ficar doente, pediu a mãe que comprasse um jogo de botão do Fluminense ou do Flamengo. A mãe, sempre preocupada em agradar o caçula, foi logo encomendando a um dos filhos mais velhos o presente. O problema, que virou paixão, é que ele chegou com o time de botão do clube paulista. Plantou-se a partir daí o amor incondicional, ao ponto de até hoje não conseguir dormir se não souber o resultado do jogo do Corinthians. “Sinto um vazio na alma se não tiver notícias do Timão”, revela. Diassis também é um apaixonado por música. Entre 1984 e 1986 levou ao ar na rádio Tapuyo o programa ‘Linda Juventude’, referência ao sucesso do Grupo 14 Bis. Foi através deste que enriqueceu sua musicalidade, alimentando seu desejo contido de ser cantor, enquanto investia do próprio bolso na compra de discos novos para atualizar seus ouvintes. Também é pai. Do relacionamento com Maria da Conceição Bezerra, funcionária do estado na área da saúde, teve três filhos: Nidia Lessy, técnica de enfermagem; Vagno Basílio, administrador e comerciante; e Adamo, também comerciante. “Para minha trajetória de vida ser completa só falta mesmo a notícia da legalização de minha rádio comunitária”, confessa. Enquanto Diassis vai narrando a história de Mossoró, contando fatos engraçados, relembrando acontecimentos não só do mundo esportivo, falando sobre as resenhas com os amigos e parceiros comerciais, ficamos aqui tentando ‘Achar a hora’ de como ele, fazer aquilo que se gosta para não ter que trabalhar. “Fazendo o que gosta jamais seremos empregados do trabalho, dizia o pensador chinês Confúcio. Desde 1974, trabalho por conta própria fazendo o que mais gosto. Isto é por demais gratificante e compensador”, revela.

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