AJUDANDO MENINOS A SE TORNAREM HOMENS.
- obomdemossoro
- 3 de out. de 2015
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PEDROZA VIRGULINO JUNIOR
O filho mais velho dos cinco que teve o casal Pedroza Virgulino, servente de pedreiro, e Maria Gerusa da Silva Virgulino, diarista, nasceu em 04 de abril de 1983, na cidade de Garanhuns, Pernambuco. Pedroza Junior viu nascer e ajudou a criar os irmãos Taciana, Marciana, Bruno e Bruna, todos encaminhados na vida, formando suas próprias famílias, enquanto a mãe vive da pensão deixada com a perda do esposo, falecido há 11 anos de câncer. Começou a trabalhar aos 12 anos para poder comprar suas próprias roupas e ajudar a família. Foi jardineiro, servente de pedreiro e na época da colheita apanhava café. “Tinha que correr atrás para ganhar alguma coisa, mesmo assim estudava, e só parei no primeiro ano do ensino médio quando tive que me mudar devido o futebol”, conta. Foi aos 16 anos que saiu de casa para realizar o sonho de criança de se tornar um jogador profissional. Jogando pelo Sete de Setembro, uma das principais equipes de sua cidade, foi descoberto pelo empresário Afonso, que o levou para o Unibol, equipe da cidade de Paulista que estava apostando na formação de talentos para crescer. Alguns jogadores saídos de lá já faziam sucesso, como Lúcio, Valdeir e Durval, e o zagueiro Pedroza acreditou que também pudesse iniciar bem esta difícil carreira. A família não colocou nenhum empecilho.

PRIMEIROS PASSOS E PASSES – Morando no Centro de Treinamento, ficou dois anos no clube, sendo profissionalizado aos 17 anos após jogar com destaque uma Copa Rio de Juvenil. Saiu para servir o exercito em Garanhuns, quando ficou um ano sem jogar. Neste tempo, um diretor do Náutico, um dos três grandes times de Recife, o contratou por um ano para a equipe juniores, mas Pedroza só foi liberado quando terminou todo período militar. O Unibol, no entanto, só o liberou três meses depois, quando houve um acordo entre as duas equipes. Ele então ficou com apenas seis meses para provar seu talento e continuar no clube. Provou e teve seu contrato renovado por mais um ano, quando foi campeão pernambucano, sempre relacionado para os jogos do time profissional. No inicio de 2005, foi convidado por Neto Maradona, um ex-treinador seu do tempo do Unibol, para vir jogar no Baraúnas, de Mossoró. Logo se apaixonou pela cidade que seria seu novo berço, onde não mais deixou de investir e criar raízes. Na época, presidida por João Dehon da Rocha, a equipe contou com Pedroza nas três competições que disputou: estadual, Copa RN e Série C. Em 2006, renovou o contrato com o Baraúnas e fez parte do inédito título estadual, participando de quase todos os jogos, algumas vezes como titular, outras entrando no decorrer das partidas. Após a Série C, onde a equipe foi eliminada na primeira fase, Pedroza foi jogar o campeonato piauiense pelo Barra, onde ganhou o primeiro turno mas perdeu a final para o Parnaíba. Em 2007, voltou ao Baraúnas para jogar o Estadual e a Copa RN, onde mais uma vez se tornou campeão. Entre as duas competições, ajudou o Sete de Setembro a subir novamente para primeira divisão do campeonato pernambucano. No ano seguinte, adquiriu uma casa em Mossoró e não escapou da marcação serrada da namorada Aliane Alves Virgulino, com quem namorava a dois anos, casando no mês de maio. Com ela teve Pedroza Virgulino Neto, hoje com seis anos. Em Garanhuns, mora Breno Henrique Virgulino, o filho de uma relação passageira que fará 15 anos e com quem tem uma boa relação.

AS LESÕES MUSCULARES – Mais uma vez no Baraúnas em 2008, Pedroza teve sua primeira contusão grave na final do primeiro turno contra o ABC, de Natal. Sua panturrilha abriu pouco mais de três centímetros e ele teve que ficar quase dois meses parado. Quando voltou, jogou o segundo turno do campeonato paraibano pelo Souza e ainda a Série C pelo Santa Cruz de Inharé/RN. Começou então o pior período de sua carreira, quando passou cinco meses desempregado e pensou seriamente em abandonar o futebol. Quem segurou as pontas foram seus sogros, que o acolheram como filho. “Com a redução da quantidade de jogos nas competições regionais, não dá para prever como será o ano de um jogador de futebol. Apenas aqueles que jogam as Séries A e B têm o ano cheio e a tranquilidade de contratos longos”, explica. Em 2009, contratado pela diretoria do ABC, acabou nem jogando devido divergências com o treinador que havia trazido seus preferidos. “Ele nem chegou a me botar para jogar e conhecer meu futebol”, reclama. Foi então contratado pelo Botafogo/PB, onde fez um ótimo Estadual, resultando na renovação de seu vinculo também para 2010. Antes teve a primeira e única experiência no centro sul do país, jogando a Copa Paulista pelo União Barbarense. “Não me senti bem na convivência social do lugar. Faltava o calor do povo nordestino”, lembra Pedroza. Após passar pelo Santa Rita/AL, Parnaíba/PI e CRB/AL, onde jogou a Copa do Nordeste, voltou em 2011 para jogar o Estadual pelo Baraúnas. Em seguida teve a experiência no norte do país, onde recebeu seus melhores salários no futebol. Jogou pelo Ypiranga, do Amapá, e pelo Parauapebas, do Pará. Em 2012, inseriu em sua lista de clubes o Coruripe, de Alagoas, e o 4 de Julho, do Piaui. As lesões musculares já o acompanhavam, o deixando cada vez mais preocupado com a hora de parar de vez. No Baraúnas, em 2013, ficou clara a falta de estrutura do clube para tratar os atletas quando da disputa da Série C. “Faltava tudo, as condições mínimas. Muitos foram embora. Os que ficaram até o fim, segurando a lanterna da competição foram uns guerreiros”, relata. Ainda no Baraúnas, duas lesões mais sérias em 2014, durante o Estadual, o tiraram de vários jogos, e antes da estreia na Série D, Pedroza machucou seriamente o joelho, o fazendo encerrar em definitivo a carreira de jogador. Seu último jogo foi contra o Potiguar, no segundo turno do Estadual.

A ESCOLINHA DE FUTEBOL TIGRES – Antecipou então a ideia que tinha de criar uma Escolinha de Futebol, que a chamou de Tigres, no bairro Três Vinténs. Em agosto de 2015 fez um ano de funcionamento já com mais de 80 crianças entre 7 e 16 anos. A credibilidade e confiança que os pais possuem no trabalho de Pedroza tem sido o destaque principal de todo o trabalho. Só lamenta não poder investir ainda mais e de forma mais intensa. “Cada atleta paga uma mensalidade de R$ 25,00, mas se não fosse a inadimplência poderíamos investir muito mais nas condições de treinamento dos meninos, contratando um preparador físico e na compra de equipamentos de treino”, comenta, acrescentando que o único apoio que tem hoje é de uma empresa de material esportivo que oferece um desconto na compra dos uniformes pelos atletas. No entanto, a satisfação dos resultados já obtidos faz de Pedroza um homem gratificado. “Procuramos, com jeitinho, melhorar cada um de nossos meninos, diminuindo a natural rebeldia da idade, aumentando suas responsabilidades, mostrando o quanto cada um é importante e que para vencer é preciso lutar com disciplina, dedicação e lealdade para com o próximo”, conta. Muitos pais dos seus atletas falam o quanto as crianças estão mudando em casa, se mostram gratos e relatam os benefícios que a Escolinha trouxe para a vida delas e da própria família. “Sinto-me gratificado como ser humano. É algo que não podemos medir. Ajudar meninos a se tornarem homens vale todo o esforço e cada momento que me dedico a eles”, emociona-se Pedroza.

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