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SER FELIZ É UMA OBRIGAÇÃO DO AGORA.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 2 de out. de 2015
  • 5 min de leitura

MARCELLO 'TUBARÃO' AUGUSTO BEZERRA

Foi quando Marcello tinha dez anos, durante uma de suas férias escolares, que aconteceu seu inesperado (ou esperado) encontro com um tubarão. Tinham saído da praia de Maracajaú, município de Maxaranguape/RN, e estavam em alto mar ele, o tio Deodoro, Damião, mestre do barco, e um pescador local. Estavam puxando a rede de volta para o barco na expectativa do que ela traria de pescado. Foi quando, para surpresa de todos, enroscado estava um tubarão da espécie Martelo, que na hora os mais experientes chamaram de Cabeça de Pá, medindo cerca de 1,4 metro. “Me deitei ao lado do tubarão e ouvi meu tio logo alertar: você quer ser mordido? Na mesma hora, surgida de minha mente infantil, saiu a frase profética: quero virar um tubarão. E foi o que aconteceu anos depois, quando juntei ao meu primeiro nome a alcunha tubarão”, relatou Marcelo. O professor de Engenharia de Pesca da UFERSA, Marcello Tubarão, nasceu no bairro do Alecrim, em Natal, em 02 de outubro de 1960, filho de um militar da Aeronáutica, Nivaldo Augusto Bezerra, e da assistente social Valdete Gurgel Bezerra, ambos falecidos. Além dele, que era o segundo filho, o casal teve ainda três filhas: Vânia, jornalista do CNPQ; Verônica, professora de música; e Vilma, funcionária da ANEEL, todas residentes em Brasília/DF.

DE VOLTA AO NORDESTE E AO MAR – Quando do golpe militar de 1964, o pai foi transferido para Brasília, onde Marcello teve sua infância no bairro Cruzeiro Novo, lugar onde moravam famílias de todo o Brasil. “Época de brincadeiras e crescimento enriquecedor, em experiências provindas das mais diversas culturas, recheadas de sotaques e termos regionais que rapidamente eram absorvidos por toda a turma”, recorda. Nas férias, no entanto, Marcello queria mesmo era está perto do mar, não importava se fosse em Natal, Maceió ou João Pessoa, cidades onde moravam familiares. Aos 18 anos, tendo concluído o ensino médio, não escapou do serviço militar no 1º Regimento de Cavalaria e Guarda, fazendo guarda externa em todos os principais prédios do poder central, em Brasília. Só em 1981, após ser aprovado no curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Ceará - UFC, é que realizou seu sonho de voltar a morar em uma cidade litorânea, inicialmente em república de estudantes, depois no próprio apartamento comprado por seus pais. Os quatro anos de curso foram de muito conhecimento em toda a faixa litorânea cearense. Conheceu muitas espécies de peixes, embarcações diferentes, comunidades pesqueiras e, claro, sereias, mas nenhuma ainda capaz de resgatar um Tubarão solitário. Terminado o curso, foi somente após passar um ano na empresa PeimPex, onde aprendeu técnicas especificas de pesca, e ainda dois anos no Programa de Preparação de Engenheiros de Pesca para Comandar Embarcações Pesqueiras, da empresa Leal Santos Pescados, feito em Santana, cidade do Amapá, que Marcello pôde retomar um relacionamento que prometia consistência ao seu coração de marinheiro.

DE MOSSORÓ A SEUL, CULTURA DIVERSIFICADA – Foi com Silvia Helena, uma diretora de colégio, pedagoga, divorciada, mãe de Thiago, então com 11 anos, com quem casou no ano de 1991. Desta relação nasceu Marcella, concluinte de Direito, morando em Fortaleza e que em julho passado casou com o coreano do sul Haseong, na cidade de Seul, oportunidade em que Marcello conheceu os costumes e a disciplina daquele povo asiático. “Serviço público impecável, respeito extremo pelo próximo, violência quase que zero e uma cultura nacionalista em prol do coletivo, diferente do Brasil, onde reina o egoísmo da cultura de levar vantagem em tudo, se preciso, passando por cima de quem estiver na frente”, compara. Uma experiência que teve em Seul e que bem demonstra como pensa aquele povo, se deu no metrô. Uma nota equivalente a R$ 10,00 estava mansamente no meio de duas dezenas de passageiros e ninguém se mexia para pegar. Não era de ninguém, então ninguém pegava. Marcello soube que no final do dia funcionários do metrô recolhiam tudo que havia sido perdido e colocavam a disposição de quem fosse procurar no dia seguinte, inclusive aquela nota. Estabilizado em Fortaleza, durante quinze anos prestou serviços para empresas entre o Rio Grande do Norte e o Maranhão, desenvolvendo projetos de pesca e produção ligados a aquicultura. Projetos necessários para a aprovação do financiamento junto aos bancos oficiais, dos quais era credenciado para este serviço. De 1994 a 2000, também foi Diretor do Departamento de Pesca da Prefeitura de Icapuí/CE.

Em 2005, foi aprovado em concurso de professor substituto de Navegação e Tecnologia de Pesca da UFC, onde ficou até 2009, quando foi aprovado em concurso semelhante na UFERSA, só que desta vez de professor permanente, com dedicação exclusiva. Silvia, concursada pela Prefeitura de Fortaleza, se manteve morando naquela cidade, enquanto Marcello dava suas aulas em Mossoró e em todos os finais de semana retornava para a capital cearense. Aqui havia alugado um quarto que servia apenas para guardar suas coisas, pois até dormir preferia a rede no quintal para curtir “o frio da noite mossoroense e sua brisa constante vinda do sertão.”

O DRAMA, O CHOQUE E A MÚSICA – Em 2012, comprou uma casa em Mossoró e Silvia veio morar com ele, tornando-se desnecessárias as constantes viagens. No entanto, sua vida teve que se adaptar as dificuldades da esposa em conviver com a Síndrome de Fibromialgia, motivo pelo qual Silvia teve que se afastar do emprego. O portador desta doença sente dores por todo o corpo durante longos períodos, com sensibilidade nas articulações, nos músculos, tendões e em outros tecidos moles. Pesquisadores acreditam que a síndrome é causada por um descontrole na forma como o cérebro processa os sinais de dor, causando fadiga, distúrbios do sono, dores de cabeça, depressão e ansiedade. Foram dois anos difíceis, muitas vezes com Silvia escondendo suas dores para que não fossem ampliadas as dificuldades da relação. Até que em 01 de setembro de 2014 ela teve o primeiro infarto. Fez um cateterismo e ficou em casa controlada por medicação. Só que a mistura de remédios para os dois casos pode ter sido fatal, causando mais três infartos até o dia 12, quando Silvia não mais resistiu. “Foi para mim uma situação devastadora. Passei três meses navegando às escuras, como se estivesse vivendo em um nevoeiro constante”, relembra. Em meio ao vazio, dezembro chegou trazendo uma inspiração que até então não existia em sua vida. Através do facebook, começou a escrever textos poéticos. Sua cunhada Celene despertou para aquela criação e pediu para que Marcello fizesse um texto para seu esposo, o cantor profissional Domar, musicar. Estava nascendo um novo compositor, um novo artista, um novo horizonte na vida de Marcelo. Escreveu a música ‘Naufrágio’ em homenagem a Silvia, uma balada romântica onde são citados vinte nomes de barco da cidade de Penedo/AL. Este trabalho não só está presente no quarto CD de Domar, a ser lançado neste mês de outubro, como lhe empresta o nome. Outras duas composições de Marcello também fazem parte: o xote ‘Amar o Mar’ e o reggae ‘Tubarões do Brasil’. Em sua sala na UFERSA, logo na porta de entrada, é fácil encontrar a indicação do rumo da vida do mestre Tubarão. “Este ano de 2015 tem sido de renovação, reconstrução, com minha bússola indicando que a vida voltou a funcionar, com tempo aberto, cabeça limpa e consciência de que a vida é um constante aprendizado, onde o ser feliz é uma obrigação do agora”, finaliza Marcelo.

Obs: Parabéns Tubarão pela busca da superação e por seu aniversário.


 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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