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MOSSORÓ PRECISA SE CUIDAR.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 1 de out. de 2015
  • 5 min de leitura

RAIMUNDO NONATO SOBRINHO

No livro do radialista Lupércio Luíz ‘Grandes e Pequenas Histórias do Futebol Mossoroense’, a escalação da Seleção de Mossoró de todos os tempos conta na camisa 10 com um patuense que era chamado de ‘Motorzinho’. O nome dele é Nonato, maestro do meio de campo do Potiguar durante onze anos, entre 1960 e 1971, que armava como ninguém as jogadas de ataque da equipe rubra. Nonato nasceu em 10 de fevereiro de 1937, 6º filho dos 21 que o casal Jeremias Lazaro de Moura e Amália Dantas de Moura trouxe ao mundo. Quanto tinha dois anos, sua família veio morar em Mossoró em busca das oportunidades que o sertão não oferecia. O pai, até então funcionário da rede ferroviária, abriu um comércio de couros logo ao chegar na cidade maior, e viveu dele até seus últimos dias. Nonato lembra que o principal cliente do pai era o Curtume São Francisco, de Natal, e também tinha Zé Dantas, que levava o couro para Paraíba. “Podia ser de boi, bode, cobra, tejo, gato maracajá, não importava. Naquela época não existia o IBAMA e couro era um produto muito utilizado pela indústria de sapatos, cintos, carteiras, coleiras, selas de cavalo, entre outros”, explica. Com a evolução na tecnologia têxtil, hoje estão à disposição tecidos muito semelhantes as peles e couros de animais, alguns até com melhor qualidade térmica. A infância de Nonato foi aquela em que toda criança sonha: caçando com baladeira e tomando banho no rio, mesmo que cada banho foi seguido de uma boa surra de corda ou cipó da mãe. "Ela achava por demais perigoso aquele divertimento", justifica. Estudou apenas até o curso de Admissão, pois como era dos mais velhos, tinha que também ajudar nas finanças da família, enquanto seus irmãos não paravam de nascer.

TRABALHO EM APENAS DOIS ENDEREÇOS – Aos 15 anos, Nonato foi trabalhar na Indústria de Cadeiras Potiguar, do Sr. Vicente Canuto, uma grande marcenaria que funcionava onde hoje está a concessionária Terra Sal, na Ilha de Santa Luzia. Durante 30 anos trabalhou neste mesmo local, mesmo após duas transferências de propriedade, com mudanças de Razão Social. Primeiro foi vendida para o Sr. Clovis Ciarlini, pai da ex-governadora Rosalba Ciarlini, que mudou o nome para C. Monteiro, passando a produzir móveis. Depois foi o Sr. Jeremias Escóssia quem comprou, passando a produzir esquadrias de madeira. Paralelamente a seu trabalho, Nonato vivia uma intensa agenda cultural, esportiva e social, além de jogador de futebol, sempre estava envolvido com os eventos e festividades da cidade. Pela C. Monteiro, chegou a ser escolhido Operário Padrão por três vezes, sendo um desses anos também escolhido pelo SESI como Operário Padrão da Indústria de Mossoró, ficando em terceiro lugar no estado do RN. Neste período, teve que encerrar sua conhecida carreira de ‘namorador’, ao casar com Maria Alzenir Rebouças da Costa, nascida em Grossos, considerada por ele como “sua grande companheira de vida, presente em todas alegrias e nas poucas tristezas de sua longa trajetória.” Com ela teve três filhos: Roosevelt, professor de educação física; Rosalinynn, administradora com especialização em marketing; e Robson, ex-jogador de futebol com atuações pelo São Paulo, Guarani, União São João, América, todos do estado de São Paulo, encerrando a carreira no Caldense, de Minas Gerais, onde hoje possui um comércio. Em 1982, seu irmão Geraldo o tirou do ramo de marcenaria para lhe ajudar na Farmácia onde Nonato se encontra até hoje, na esquina das ruas Meira e Sá com Dionísio Filgueira. “Ou seja, passei 30 anos em um local de trabalho e agora já são 33 em outro. Acho que esta estabilidade se deu devido meu jeito tranquilo e cordial, mas ao mesmo tempo eficiente e dinâmico”, define-se Nonato.

O FUTEBOL E SUAS MARCAS – Em sua vida, no entanto, nada o apaixonou mais do que o prazer de jogar futebol, fosse de quadra ou de campo. Durante 40 anos deixou seu nome na história do esporte de Mossoró com letras maiúsculas. Começou sua carreira profissional no Ipiranga, e teve passagem também pelo Ferroviário, do Ceará. Mas foram suas atuações pelo Potiguar, durante onze anos, que o destacou no mundo do futebol. Esteve presente em todas as seleções formadas na cidade, inclusive quando da inauguração do estádio Manoel Leonardo Nogueira, o Nogueirão, em 4 de junho de 1967, no jogo entre Seleção Mossoroense e o Ceará Sporting Club. Neste dia, além de Nonato, três dos seus irmãos eram titulares da Seleção: Geraldo, Mota e Toinho Buchudinho. Naqueles tempos, jogar futebol era bem mais paixão do que profissão. Os contratos de Nonato eram na base do salário mínimo, com luvas iniciais que chegaram até a marca dos 100 contos de réis. "O normal mesmo era receber um estofado, uma geladeira, um fogão, algo que iria servir para minha casa. O bicho por vitórias e títulos era o que compensava financeiramente a atividade. E ganhamos muitos títulos”, lembra Nonato. E continua: “Futebol foi tudo pra mim: amizades, conhecimento, aprendizado, experiência de vida, amor pelo trabalho e reconhecimento. Através dele recebi, com orgulho, o título de Cidadão Mossoroense”, relata. Deixou as peladas de futebol society e de praia apenas no ano passado, devido as pernas não aguentarem mais os riscos das pancadas de jogo. “Para manter o corpo em forma o jeito foi fazer natação”, conta.

MOSSORÓ DO JÁ TEVE PRECISA SE CUIDAR – Aos 78 anos Nonato tem uma saúde impecável. Na farmácia dá expediente normal, pela manhã e à tarde, ainda namora a esposa após 50 de casamento, assiste jogos de futebol e noticiários na TV para ficar sempre bem atualizado e não tem vergonha de dizer que é fã da novela Carrossel. “Quem é feliz não fica doente. A vida é prazer, amizade, alegria, compreensão. Devemos valorizar cada momento, pois eles são únicos e merecem nossa gratidão”, dá a receita. Nonato só não refresca quando fala do atual momento de instabilidade econômica pela qual vive sua querida Mossoró. Lembra que a cidade perdeu três indústrias de óleo, duas de descaroçar algodão, uma de corda de agave, quatro empresas de aviação, uma de cerâmica desativada e ver a Petrobrás diminuindo seus investimentos. “A indústria é quem sustenta uma economia. Sem ela não temos como manter um comércio forte, nem os serviços deslancham, nem a estrutura geográfica e humana se fortalecem. Não podemos jogar fora a luta e o suor de tantos anos construindo o vigor de Mossoró”, diz, criticando a forma como estão sendo tratados os taxistas que trazem os consumidores de toda a região: “Eles precisam ser tratados com respeito, são aqueles que trazem a riqueza para a cidade, devem ser valorizados e bem vindos”, defende Nonato.

 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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