O TEMPO JÁ NÃO PASSA NA CALÇADA.
- Sergio Levy
- 29 de set. de 2015
- 2 min de leitura

O mundo já não é o mesmo. Tanta coisa mudou, tanta gente passou, tantas novidades foram inseridas no ritmo de vida de todos nós. Acelerou-se o tempo, para que os novos objetivos possam ser alcançados antes que saia de moda, o que provavelmente já começou a acontecer. Comprar o celular de última geração, realizar a lipoaspiração, viajar para o Japão. Precisamos correr e fazer tudo que for necessário e possível para nos sentirmos abraçado por uma sociedade dura e crítica, excludente, questionadora, informada, versátil e impiedosamente insensível. Quando não é ela a nos cobrar agilidade, capacidade e obstinação, nós mesmos assumimos esta tarefa, a todo instante, sem grandes delongas, sem meias palavras, sem melindres, com a rigidez da objetividade, pois perder o bonde magnético da história é ficar para trás, esquecido, inexistente, invisível. Ah! Os tempos são outros, diferente de quando se colocavam as cadeiras nas calçadas para papear sobre a vida de todos, cada um com sua opinião abalizada, cheia de conteúdo recriminatório, julgamentos definidores, comentários discriminatórios. Tempo, no entanto, onde as pessoas podiam falar, ouvir, conversar... Sentir-se gente, importante, humana, valiosa. Tempo onde se via o tempo passar, como o vento suave que acompanhava docemente as risadas ecoando sob o luar. Onde estão estas pessoas hoje em dia? O que fazem dentro de casa ou do apartamento no décimo andar de um condomínio qualquer? Com quem conversam, já que filhos e netos estão sempre ocupados com seus aparelhos de mão luminosos e fantásticos? Hoje em dia, nem as calçadas são as mesmas. Estão abandonadas por um tempo que urge, pelo sentimento de desassossego provocado pela violência e até pelo individualismo que projeta o interesse de cada um em conversar apenas consigo mesmo.
Registros fotográficos: Pacífico Medeiros







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