IMAGEM QUE FALA À ALMA
- Islamara Costa
- 17 de set. de 2015
- 3 min de leitura

Minha tarde fora triplamente doce. Primeiro, pela agradável e peculiar companhia de um amigo que me garantira muitas risadas. Segundo, pela forma como gentilmente me ofertara um lanche saboroso, tapioca de queijo com requeijão e café. Só essas duas gentilezas já teriam garantido momentos maravilhosos. Mas é justamente na terceira razão que pretendo me ater. Tive a oportunidade de apreciar a obra de um artista plástico, que já havia me chamado atenção em outra oportunidade. Naquela tarde, no entanto, pude sentar por uns minutos e, silenciosamente, observar as pinturas que estavam ao meu redor. Enquanto observava, conversava com o autor das obras ali expostas. Confesso que fiquei tentada a perguntar-lhe sobre seus sentimentos enquanto pintava, mas disse pra mim mesma: sua alma pode ler a alma dele, através da arte. Mergulhei no meu quadro preferido e ali tentei adentrar em sua alma... Aos poucos, fui percebendo uma alma forte, marcante, cheia de alegria. Nas cores quentes, cada necessidade e urgência de aproveitar ao máximo a vida, de extrair cada detalhe de forma intensa, agitada, mas, ao mesmo tempo, serena. Senti-me lida, por aquele quadro. Era estranho como uma imagem poderia falar tanto da gente.
UM MISTO DE SENTIMENTOS – Percebi nos detalhes que sua alma é dada a alegria... Ele nunca se deixou levar pelas dificuldades impostas. Optou por ser feliz, alegre, ser vivo e isso faz da sua arte algo sui generis, peculiar, única e especialmente linda. No entanto, algo ainda me intrigava, sem que eu não conseguisse decifrar. Queria entender por que uma alma feliz como a dele necessitava usar tanto a cor preta. Eu estava com preconceito com a cor preta? Não, nada disso. É que na psicologia é a cor que representa alguns sentimentos ruins. Mas, estranha e docemente, em sua arte, ela se harmonizava, suave e serenamente. O preto ali não pesava, não dava um ar sombrio às imagens, pelo contrário, tornava-as completas. Sua pintura concedia um misto de sentimentos a quem olhava, chegando a ser intrigante, mas não incomodava. A mistura com o vermelho, com o amarelo forte, com o laranja não me causara nenhuma sensação negativa, nada disso, ela proporcionava ao seu apreciador um deleite maravilhoso. À noite, voltando para casa, me questionava o que a alma daquele artista queria transmitir para a minha (que naquele momento, era apreciadora de sua obra). Encontrei algo que pelo menos por enquanto, aquietara a minha alma e me fizera sorrir sozinha, ao lembrar quão linda era a sua.
UMA IMAGEM DA PRÓPRIA VIDA – Percebi que sua arte transmitia, de forma detalhada, a maneira como devemos encarar a vida. Alegre e contagiante, vibrante, forte e impactante, a vida estava a nossa disposição através das cores quentes de seu trabalho. Mas como também existem os dias negros, escuros, sombrios, a cor preta estava ali os representando. Aquelas noites sombrias onde não existe nenhuma réstia de luz, onde não se vislumbra a possibilidade de um Sol para lhe substituir. O lindo de tudo é que o artista demonstrou ser possível harmonizar essas noites escuras com os dias de alegria, de euforia, de folia, de festa. Tudo de uma forma minuciosamente harmônica, intensa, forte, porém serena. Mostrou o quanto é necessário aprendermos a conviver com o lado negro da vida, compreendendo que é possível amoldá-lo com o lado claro, brilhante, radiante. Fiquei extasiada ao constatar tão forte lição. Como alguém conseguira transmitir em apenas uma imagem, um aprendizado tão marcante e significativo? Agradeci a Deus por ter me concedido aquela tarde e roguei-lhe que outras, de igual força, me fossem proporcionadas. Foi isso que li, vivi e aprendi, naquela doce tarde. Ao meu amigo Janssen Klauss, minha gratidão por me conceder esta oportunidade. Ao grande artista e produtor de tão lindas artes, Rogério Dias (pai de Janssen), deixo os meus parabéns e a minha admiração. Quero assistir uma exposição sua.
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