MAIS DE 200 QUILOS DE FOTOS.
- Lindomarcos Faustino
- 15 de set. de 2015
- 3 min de leitura

JOSÉ RODRIGUES DA COSTA (IN MEMORIAM)
José Rodrigues nasceu em 02 de dezembro de 1938, na Fazenda Mulungu, município de Mossoró, filho de José Frederico da Costa e Maria Salomé Silva da Costa. Aprendeu as primeiras letras em uma escola que ficava na comunidade de Sítio Trapiá, com a professora Santinha. Em 1954, sua família veio morar na área urbana, onde concluiu o segundo Grau. Por necessidade, começou a trabalhar ainda muito jovem, tendo seu primeiro emprego na mercearia de Vicente Gomes Bezerra, onde eram fabricados caixões de defuntos. Contava Rodrigues que quando fazia trabalhos noturnos, por várias vezes dormia dentro de caixão para fugir dos mosquitos. Foi ainda alugador de bicicletas, instalando um posto na Praça Rodolfo Fernandes. Em 1960, partiu para São Paulo onde permaneceu por dois anos. Por lá trabalhou como servente de pedreiro, pintor e descobriu a paixão pela fotografia, fazendo desta sua profissão. Ao retornar para sua cidade natal, instalou um pequeno estúdio fotográfico, com uma máquina emprestada pelo Dr. José Suêldo Câmara. Durante mais de 50 anos de trabalho no ramo da fotografia, José Rodrigues documentou a cidade em todos seus aspectos e registrou o desenvolvimento de Mossoró e região. Em reconhecimento por este trabalho, recebeu em 2011 das mãos do vereador Genivan Vale e do deputado Betinho Rosado a Medalha de Mérito Fotográfico Manuelito Pereira. Pensando nas gerações futuras, estava sempre preparando seus arquivos fotográficos e de vídeos para perpetuar a história de Mossoró através de um documentário. Sonho que se encerrou no último dia 17 de agosto, ao não resistir à uma parada cardiaca, quando estava na UTI tratando de um câncer no estômago, descoberto quatro meses antes ao fazer exames devido a falta de apetite que o estava acometendo. Era casado com Antônia de Souza Rodrigues e deixou seis filhos, sete netos e uma bisneta.

REGISTRO DE VIDA EM ENTREVISTA – Ao Jornal GAZETA DO OESTE, em 7 de agosto de 2011, José Rodrigues relembrou o início de sua carreira, em 1964, no auge do Governo Militar. “O início mesmo veio quando o médico Sueldo Câmara me emprestou uma máquina fotográfica. Comecei a fotografar pessoas e vender esse material. Ganhei algum dinheiro com essa máquina, de tal maneira que comprei uma para mim. Hoje, sinto-me grato a ele por ter me apoiado, me emprestado aquela máquina, o início de tudo”. “Uma fotografia boa melhora a reportagem. O espelho de uma matéria jornalística é a fotografia. Contribuí com vários jornais, como o Correio Braziliense, O Povo, Diário de Pernambuco, Tribuna do Norte, Diário de Natal e os jornais da cidade. Aqui, inclusive, ajudei na implantação do laboratório de revelação da GAZETA, quando utilizávamos equipamentos que exigiam esse tipo de tecnologia”, comentou. Na época, contou que seu arquivo contava com duzentos quilos de fotografias de vários momentos da cidade, eventos, programações e acontecimentos. “Meu acervo fotográfico e também audiovisual, com personalidades como Dorian Jorge Freire, Dix-huit Rosado, Vingt Rosado, Dom Gentil, João Batista Cascudo Rodrigues, Raimundo Nonato, Sebastião Vasconcelos e Dom Eliseu Simões, além de tantos outros, soma, somente em fotografias, duzentos quilos.”

IMAGEM PARA TODO O BRASIL – Ao longo dos anos de profissão, ele também foi fotografado com várias personalidades, dentre tantas, destaca-se uma foto em que aparece com o cantor Roberto Carlos em início de carreira, e outra com Frei Damião e Câmara Cascudo. As gravações em audiovisual são verdadeiras pérolas da história local. “Gravei a solenidade de posse de Dorian Jorge Freire na Academia Norteriograndense de Letras; gravei Dix-huit discursando em diversas oportunidades. Os jovens de hoje desconhecem isso. Meu objetivo é deixar este acervo para a posteridade”, disse. Na década de 1980, imagens gravadas por ele, que flagraram a morte de Falcone como o desfecho do assalto no extinto Banco Banorte, em Mossoró, foram veiculadas em rede nacional pela Rede Globo de Televisão. Rodrigues registrou exatamente o momento em que o criminoso foi morto por um atirador, enquanto mantinha o gerente da agência como refém. José Rodrigues também se dedicou ao cooperativismo em Mossoró e região por quatro décadas. Fundou a Cooperativa dos Fotógrafos, colaborou com a constituição de Cooptax de Natal; fundou a Cooptur e criou o Informativo Cooptur, instrumento de divulgação do cooperativismo e do turismo do Rio Grande do Norte.
Fonte/Fotos: Gazeta do Oeste e Lindomarcos Faustino

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