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ENTRE O APOGEU E À DEPRESSÃO, A SAUDADE.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 11 de set. de 2015
  • 4 min de leitura

PAULO ROBERTO NOGUEIRA DA COSTA

Durante anos, o engenheiro Paulo Roberto se sentiu um exilado. Foi o tempo em que esteve distante de sua terra, do lugar onde viveu seus primeiros quinze anos. Momentos em que tinha a sensação de estar faltando algo, deixando incompleta a trajetória de sucesso profissional e familiar que havia construído com muita determinação. Após perdas e rompimentos, aonde chegou a conhecer a solidão e os temores da silenciosa depressão, resgatou em 2013, finalmente, o delicado fio de ligação com suas raízes. Nascido em Mossoró no dia 12 de janeiro de 1955, morou onde hoje funciona a Temakeria Sam, na Avenida Rio Branco, próximo a estação de trem. Sua maior diversão quando criança era acompanhar a saída e chegada dos vagões levando e trazendo figuras inesquecíveis, sertanejos marcantes, produtos como o algodão e outros que eram frutos do suor do agricultor nordestino da ‘peste’. “Tive uma infância maravilhosa, de moleque, de alegria, com muitos amigos. Brincava de bicicleta e patinete na estação de trem. Foi um tempo que nunca se apagou em minha memória”, registra Paulo.

FAMÍLIA COM HISTÓRIA EM MOSSORÓ – A mãe, Maria Helena Nogueira da Costa, era administradora de empresas, filha de seu Lula, proprietário da conhecida Ourivesaria Lula, que funcionava na rua Cel Vicente de Saboya. O pai, Paulo Gutemberg de Noronha Costa, advogado e jornalista, foi o fundador da rádio Difusora AM e era proprietário dos cinemas Caiçara e Jandaia, em Mossoró, e do Miramar, em Areia Branca. Paulo conta que o da cidade praiana foi construído com areia vinda da Alemanha. “É que para fazer lastro, colocava-se areia nos navios, depois descartada quando não mais necessária. Os balseiros, sabendo da qualidade daquele material, por não ser contaminado por sal como as da cidade, ao levarem sal para o Porto Ilha aproveitavam para trazer a areia que iria para o mar”, explica. Seu Gutemberg também era escritor e poeta, mas de certa forma frustrado por nunca ter publicado seus trabalhos. No entanto, sobrinho de João Costa Neto, do Trio Irakitan, teve musicas de sua autoria cantadas e transformadas em sucesso pelo grupo, como ‘Sina de Cangaceiro’, um baião gravado em 1954 que conta a história da péssima recepção sofrida por Lampião ao chegar à cidade de Mossoró. Sua vida foi de êxitos em outras áreas. Eleito deputado estadual em 1966 e professor da área de Direito da UFRN. Também apresentou, durante anos, o programa ‘Crônicas da Cidade’, na Difusora, que seria o que é hoje o ‘Observador Político’ da 93FM. Além de Paulo, o segundo filho, o casal teve outros três: Constância Maria, professora; Luís Antônio, falecido ainda estudante; e Ricardo Jorge, funcionário público.

AS SEPARAÇÕES – Após oito anos estudando no Colégio Diocesano, Paulo chega aos 15 com a missão de se preparar para a vida. Deixou seus amigos e rotina, matriculado que estava em um Colégio e Curso de Natal para entrar em Engenharia Civil na UFRN, três anos mais tarde, curso concluído em 1979. Logo, desenvolveu suas primeiras experiências profissionais junto a Construtora A. Gaspar. Ao completar quinze anos na capital, pôde respirar os ares mossoroenses por três anos ao vir atuar profissionalmente em sua cidade. Nesta época, já havia casado com Maria da Conceição Gouveia, mossoroense filha do médium Bezerrinha, conhecido por fazer tratamentos espirituais. Com ela teve três filhos: Juliana Costa, psicóloga; Daniel Costa, doutor em Engenharia da Computação e professor da Universidade Estadual da Bahia, em Feira de Santana; e Geovana Costa, arquiteta. As duas filhas morando atualmente em Natal. Dos três filhos, Paulo foi presenteado com cinco netos: Clara, Melissa, Henrique, Flora e Miguel. No final dos anos 80, através de um tio, surgiu a oportunidade de realizar uma obra em Salvador/BA. Foi e por lá ficou por mais de quinze anos atuando em um mercado grande, cheio de possibilidades. Criou sua própria empresa e encontrou a realização e satisfação profissional e pessoal. Foi o apogeu em sua vida e de sua família. Até que aquela sensação de desconforto começou a lhe perseguir. “Eu sentia que faltava algo, como se houvesse tido um rompimento brutal comigo mesmo, um elo estivesse perdido em meio ao dia a dia de trabalho e convivência familiar”, relembra. Vieram as perdas de estimulo, de dinheiro, de emoções, de sentimentos, indicando que algo deveria mudar. Veio então o divorcio inesperado para ambos, mas que o tempo mostrou ter sido necessário. “Quando em um casamento as duas partes estão caminhando em uma mesma estrada a relação é a coisa melhor do mundo. Mas quando ocorrem desencontros, expectativas diferentes, a separação torna-se inevitável”, explica Paulo.

MOSSORÓ FOI SUA CURA DEFINITIVA – Apesar da consciência do que estava acontecendo, o rompimento com a rotina foi para ele um baque. Problemas depressivos o tiraram do mundo ao ver-se sem esperanças e vontade de agir. Paulo havia perdido o tripé de sustentação, formado pela família, pela fé e pelos sonhos. De volta a Natal, com o apoio da própria família, dos amigos e da orientação médica, foi aos poucos retomando suas atividades, criando novas perspectivas e se livrando dos pesos que sua própria mente havia produzido ao longo dos anos. Sua vida voltou à normalidade e ele realizou o projeto de voltar a morar em Mossoró. Aqui fundou uma empresa de empreendimentos e construções, executando obras e atuando como corretor de imóveis. Aos poucos, deu continuidade ao que já vinha realizando em anos anteriores, pois havia sido responsável pelas obras do Hiper Queiroz e do Rebouças da Alberto Maranhão e responsável por trazer a Construtora Massai para Mossoró. Paulo costuma dizer que a volta para sua cidade foi sua cura, construindo novas amizades e referências. Aqui também introduziu em sua vida dois hobbys que renovaram mente e o corpo: fotografar e cozinhar. “Eles se juntaram ao maior prazer que tenho que é estar em Mossoró, respirando o ar de minha infância. Mossoró é para mim o reencontro comigo mesmo, é o meu EU geográfico. Sinto aqui todas as ligações espirituais possíveis que fazem um ser humano ligar-se a um lugar”, descreve.

 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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