UM AMOR DAS ANTIGAS.
- obomdemossoro
- 31 de ago. de 2015
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FRANCISCO RODRIGUES NOLASCO
Quando nasceu seu segundo filho o comerciante Pedro Nolasco Sobrinho, conhecido por Seu Doca, resolveu fechar sua mercearia em Tibau e abrir um supermercado no Alto de São Manoel, entrada de Mossoró para quem vinha de Assu e da distante capital Natal. Por esta razão, com apenas 11 dias de vida, Rodrigues Nolasco, que havia nascido na vila praiana no dia 11 de outubro de 1956, registrado em Grossos, passou a ser também um cidadão mossoroense. Sua mãe, Maria Rodrigues Nolasco, dividia-se entre as tarefas de casa, com a criação dos setes filhos, sendo cinco mulheres, e a presença no comércio, que ficava em sua própria casa. Nolasco lembra que em seus primeiros anos de vida aquele lugar era ‘só mato’, com as casas dispersas e a estrada, hoje avenida Presidente Dutra, de piçarro, trazendo viajantes diariamente à promissora cidade, pois aqui circulava a maior parte do dinheiro proveniente das produções de sal, cera de carnaúba e algodão. “Meu pai tinha uma boa visão de negócios. Depois da grande cheia do rio Mossoró que invadiu nossa casa e o comércio, mudamos ainda mais para o Alto, vislumbrando que aquela região seria a porta de entrada do desenvolvimento de Mossoró”, conta. Seu Doca também visualizava o crescimento dos filhos através dos estudos, sempre incentivando os filhos a se esforçarem para aprender. Nolasco estudou na escola Manoel João, uma das duas opções no bairro, juntamente com a Padre Dehon, onde cursou os primeiros anos do ensino fundamental. Depois o pai fez um esforço e matriculo-o no Dom Bosco para que o filho tomasse gosto pelos estudos, mas Nolasco só foi até o que seria hoje o oitavo ano.
AMOR, DIVERSÃO E TRABALHO – De todos os irmãos, foi o único que não concluiu o ensino médio, tendo inclusive uma irmã advogada e outra contadora. Sua prioridade sempre foi trabalhar e se divertir. “Não gostava de estudar”, confessa, mesmo admitindo hoje que deveria ter investido nos estudos, pois teria mais opções de vida. Por outro lado, na atividade comercial do pai foi um colaborador atuante por mais de vinte anos. Desde jovem acordava por volta das 4hs da madrugada e ficava o dia inteiro nos serviços que fossem necessários. “Meu pai preferia me ver na escola, tanto que matriculou-me, junto com minha irmã Ezetildia, em um colégio melhor, mas não teve jeito”. Explica. Nolasco contava com o poder aquisitivo do pai para viver suas brincadeiras com os amigos, as farras e os namoros juvenis. “As principais diversões era ir pro Brasão, a boate de Olímpio que atraia muitos jovens; ao Ferrão, barzinho que tinha música ao vivo aos sábados; ou ao bar Mucambo, no ‘distante’ Nova Betânia, onde hoje se localiza a padaria Frota”, relembra. Ao completar 18 anos, ganhou do pai um Corcel novinho, um sucesso entre sua turma. Em muitos finais de semana juntou amigos para passear nas praias de Tibau e Aracati, ou nas capitais Natal e Fortaleza. Em 1978, aos 21 anos, conheceu Maria do Socorro Nogueira no colégio Duarte Filho, tempo em que ainda tentava retomar os estudos. Ainda mais quando os dois resolveram se casar, em uma relação que durou cerca de catorze anos e rendeu três filhas: Alessandra, que mora na Suiça; Alexsandra, advogada; e Alexandra, comerciante. Estas duas morando em Natal com a mãe desde a separação dos pais. Nesta época, Nolasco já tinha caminhão próprio e além de fazer as entregas do já comercio de material de construção do pai, também pegava seus próprios fretes, não só dentro de Mossoró como para cidades vizinhas. Seu gosto em ser independente, ter sua própria vida, além dos muitos desentendimentos com Socorro, frutos da inexperiência, falta de maturidade, de disciplinar a rotina da vida em comum, acabaram por decretar o fim do relacionamento. Morando sozinho, voltou a se apaixonar. Desta vez pela jovem Maria Anunciada, ou Neta, que é como todos a chamam. Após três anos de relação, resolveram morar juntos por outros catorze, em uma boa convivência e com muita cumplicidade. Viajavam e se divertiam bastante, já que não tinham filhos. Até que por motivos diversos que só a vida e o tempo explicam, decidiram encerrar a história em comum.
A NOVA E ATUAL PAIXÃO – Nolasco havia vendido o caminhão e aberto uma oficina mecânica que até hoje funciona vizinho ao Hotel Sabino, na Presidente Dutra. Foi nela que conheceu sua terceira paixão: os jeeps. Durante anos foi se especializando na recuperação deste tipo de veículo, o que o tornou conhecido entre os amantes da marca e de outros carros antigos. Este amor o fez adquirir um Jeep modelo 1976 que é o seu xodó. Certo dia, sofreu com ele um acidente entre Assu e Mossoró que até hoje não sabe como escapou. Nele, seu companheiro de estrada ficou todo desmanchado. Nolasco conta que foram seis anos para deixá-lo novamente brilhando e perfeito. Segundo ele, de tão bonito já atraiu propostas de compra que chegaram a R$ 90 mil reais. “Claro que rejeitei. Meu Jeep não vendo por nada. É a minha paixão. Com ele faço novos amigos e por onde passamos é sempre a atração, com muita gente admirando seu estado de conservação”, revela. Nolasco faz em sua oficina outros serviços na área de metalurgia, pois tem uma estrutura física e de maquinários bem completa. Mas o que gosta mesmo de fazer é debruçar-se em carros antigos. “Fazer adaptações é comigo mesmo. Colocamos freio a disco, implantamos diferencial, motor e caixa de macha de modelos Hilux nos Jeeps e reformamos chassis. Um Jeep bem conservado possui muito valor no mercado, o problema é que ninguém quer vender o seu. Em relação ao amor conjugal Nolasco diz que está dando um tempo, deixando que o destino mostre com leveza os novos caminhos a seguir. “Por enquanto vou namorando com o meu modelo vermelhinho que tanto amo”, diz abraçado ao seu Jeep 96.
Obs: de tão apaixonado que é por Jeeps, quase sempre as postagens de Nolasco nas redes sociais são imagens como estas abaixo.

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