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FIRMEZA ENTRE DORES E AMORES.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 29 de ago. de 2015
  • 4 min de leitura

JOSÉ MARIA DE ABREU

Assim como seus seis irmãos, Zé Maria, da mais famosa banca de revistas de Mossoró, nasceu na casa onde morava no dia 08 de abril de 1939, na Rua José de Alencar, bairros Pereiros, em um parto natural e difícil. Assim como sempre foi a vida do casal José Jerônimo de Abreu, pedreiro, e Maria das Dores de Abreu, mágica, pois só com este dom poderia fazer render as poucas finanças que entrava, inclusive com seus trabalhos nas casas para sustentar a prole. Zé Maria, o primogênito, e sua única irmã, Maria de Fatima de Abreu, que ainda reside na mesma casa dos Pereiros, são os únicos vivos da família. Dar para imaginar o quanto estudar não foi nem um pouco fácil para todos eles. Zé Maria, por exemplo, só alfabetizou-se através de uma amiga da família que lhe dava aulas em sua própria casa. A prioridade era sobreviver. Para isto, começou sua luta aos seis anos de idade, quando ajudava na entrega dos bolos que sua tia Josina fazia. “Os clientes eram do próprio bairro e do Centro, no Mercado Central, em bares e mercearias”, revela. Já aos doze anos, sua especialidade na distribuição começou a render novos frutos. Foi contratado por Barbosinha, que na época tinha comércio de bebidas, para entregar o produto puxando um jumento. Eram dois caixotes de cada lado e Zé Maria ia à frente orientando o animal. Com confiança no colaborador, que demonstrava disciplina, honestidade e organização, Barbosinha adquiriu uma bicicleta para facilitar seu serviço. “Ela podia levar até doze caixas de uma só vez. Mas o que parecia melhorar fez foi piorar. Com o peso e em estradas de areia, colocava a língua pra fora para poder entregar as encomendas”, relembra Zé Maria sorrindo. Foram 16 anos nesta empresa.


EXPERIÊNCIA E APRENDIZADO – Neste período, casou com Maria das Dores da Conceição de Abreu, quando ambos tinham 17 anos. A conheceu vendendo jornais no Alto da Conceição. Primeiro namorou com a irmã dela, mas pelo fato desta ser loira, perdeu a concorrência para a bela morena com quem Zé Maria teve duas filhas: Maria da Conceição, que não casou e quem mais o ajuda na banca de revistas; e Eliana, que já lhe deu três netos: Everton, Erick e Erica. Quando do esperado nascimento de seu terceiro filho, o desespero e a dor bateram pela primeira vez na porta do sereno e paciente Zé Maria. Problemas no parto vitimaram não só a criança como a mãe, a companheira fiel e tão querida de nosso protagonista. “Até hoje tento esquecer aquele dia, mas é como se estivesse colado em minha memória. Não tem como apagar”, relata. Suas filhas passaram então a ser criadas por sua mãe, fato que se manteve mesmo após o seu segundo casamento. Foi assistindo um vesperal de domingo no cinema Pax, de Jorge Pinto, que Zé Maria conheceu Maria José de Abreu, outra morena bonita com quem vive até hoje. “Não lembro o nome do filme, não sei nem se era de bangue-bangue, meu gênero predileto, mas lembro do sorriso e do olhar daquela mulher que via pela primeira vez”, conta nosso romântico galanteador. Como Maria José teve que ir morar em Natal, o casamento ficou adiado por um ano, até o seu retorno. Com ela, Zé Maria teve cinco filhos e experiências dolorosas. Três deles, infelizmente, foram enterrados com a tristeza e o coração partido do pai: José Neto foi morto no exercício de sua profissão de policial; o comerciário Danilo foi vitima de afogamento na barragem de Genésio; e Vanda Maria derrotada por um câncer. O BOM é que eles deixaram cinco netos para o carinhoso vovô: Suelen e Suely, de Vanda; e Décio, Teverson e Paulo Arlindo, de José Neto. Os dois filhos que gozam da companhia de Zé Maria são Edson Jerônimo, mototaxista, e Vaninha, comerciária casada, mas ainda sem filhos.

A BANCA CULTURAL DA CIDADE – Ao sair de Barbosinha, Zé Maria foi contratado pela Distribuidora Potiguar, que incentivou a criação de bancas de revistas na cidade. Com isso, logo tratou de colocar três delas nos melhores pontos do Centro. “Era um setor promissor e a que coloquei na calçada do Hotel São Pedro, hoje prédio onde funciona a Câmara Municipal, já completou 36 anos. As outras, com o tempo, repassei e vendi”, conta. Foi ainda, durante sete anos e sete meses funcionário da Casa da Revista, de Porfírio Negreiros, distribuindo periódicos por toda Mossoró. Entre os produtos que mais vendem em sua banca estão a revista VEJA, as de fofocas como Ti Ti Ti e Minha Novela, gibis e palavras cruzadas. “Vendia muito jornais, chegando a alcançar 350 em num só dia, entre os locais, os de Natal e os com abrangência nacional. Com o tempo, e a chegada da internet, a venda de jornais caiu de forma avassaladora,” diz de forma melancólica. Estes também foram os motivos pelos quais várias revistas de todas as grandes editoras do Brasil encerraram suas atividades. Traços de sua personalidade, o bom humor e o sorriso fácil se revezam com o poder de observação que o faz estar ligado em tudo que se passa ao redor de seu negócio. A presença dos inúmeros amigos, que chegam muitas vezes apenas para colocar as conversas em dia, é para Zé Maria a maior das satisfações. “São gerações de mossoroenses que por aqui passam enriquecendo o saber em conversas descontraídas e sempre democráticas”, descreve. Aposentado com um salário mínimo, Zé Maria diz ser sua banca um ponto de encontro social e cultural da cidade, devendo ser preservado e respeitado como tal. “Enquanto for possível, quero estar por aqui muitos anos ainda, observando a cidade se modificar, mesmo que nem sempre seja da forma que gostaríamos. É onde me divirto, lembrando histórias boas e os amores vividos, tentando deixar no passado as dores sobrevividas”, conclui.

 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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