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A ARTE DE ENCONTRAR OS CAMINHOS.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 16 de ago. de 2015
  • 4 min de leitura

CARLOS ANTONIO DE FIGUEIREDO

Caçula dos seis filhos do carpinteiro José Damázio de Figueiredo e da dona de casa Maria Andrade de Figueiredo, nascido em Mossoró no dia 06 de maio de 1961, um dos mais reconhecidos artistas plásticos da cidade foi batizado Carlos Antônio. Sua atividade artística, porém, o rebatizou de Careca. Seu pai, um artesão da madeira que fazia móveis por encomenda, não chegou a conhecer o talento do filho. Faleceu quando ele tinha apenas 10 anos.

Com esta dura ausência, seus irmãos foram assumindo, cada um até o tempo de casar e ter sua própria independência, as maiores responsabilidades de colaborar com a mãe na tarefa da sobrevivência. Ela que faleceu há pouco mais de três anos. Pela ordem, seus irmãos são: José Maria, contador que mora em Salvador a mais de 30 anos; Alcides Andrade, aposentado; Maria José, dona de casa; Manoel Andrade, bancário e vendedor; e Raimundo Andrade, já falecido.

Em sua infância, Careca morou na rua Ferreira Itajubá, bairro Santo Antônio, estudando na escola 30 de Setembro, onde hoje é o Estadual. Entre as brincadeiras de criança, uma das que ele diz recordar com saudades era a de caçar calango com baladeira nos terrenos vazios onde hoje se estende a avenida João Marcelino. “Gostava também de construir carrinhos de madeira, talvez meus primeiros trabalhos artísticos”, emenda.

Ainda no ensino fundamental, Careca lembra que gostava da matéria Desenho, quando além de fazer seus trabalhos, ajudava os colegas de turma a concluir os deles. Assim também foi na disciplina Artes, já no ensino médio, quando começou a receber elogios dos professores e alunos em relação as suas atividades artísticas. “Para mim era tudo natural, até começar a vender meus desenhos e pinturas em camisas para comprar minhas roupas”, recorda.

Sentiu que havia se tornado um artista comercial, porém, quando casou com a educadora física Lucia Helena Nogueira Sousa Figueiredo, em dezembro de 1986, tendo que se virar para sustentar a casa. Com ela teve três filhos: Carlos Nathan, jornalista e estudante de Direito, que lhe deu a neta Barbara Nayara (5 anos); Nayara Lourdes, falecida há seis anos; e Nastassja Morgana, estudante de Medicina.

Antes, havia trabalhado três anos no supermercado Minipreço, contratado como Cartazista, produzindo os cartazes de preços. Também passou sete anos como secretário da AABB, local onde conheceu Lucia.


PASSOS EM DIREÇÃO A ARTE – Nesta época, o então prefeito Dix-huit Rosado tinha planos de lançar seu filho Mario Rosado para Deputado e encomendou para Careca uma pintura de uma foto do filho em tamanho grande, trabalho que por meses ficou exposto no cinema Cid. “Por ter gostado, o Prefeito me convidou para fazer parte da primeira turma de funcionários da recém-criada Fundação de Cultura de Mossoró, na Divisão de Artes Plásticas”, conta.

Aos poucos, seus contatos e a qualidade dos trabalhos foram se fortalecendo, e seu nome ganhando espaço no mercado da arte e decoração, ainda pouco explorado na cidade. Além de quadros por encomenda, Careca fazia painéis e lancheiras para aniversários infantis. Também foi dono de lanchonete e do primeiro sexshop de Mossoró. “Esta passagem deu muita confusão, já que pessoas da sociedade achavam absurdo vender aqueles produtos. Até sermão na igreja eu e minha esposa tivemos que ouvir”, relata. Acabou fechando a loja e queimando os produtos, confiante na credibilidade que seu trabalho artístico já lhe conferia.

Qualquer artista sofre com o dilema sobre ser ou não possível viver da própria arte. Para Careca, este impacto foi absorvido pelas encomendas que não faltavam, principalmente os quadros, muitas vezes vendidos nas exposições que ele e Lucia organizavam, contando sempre com a valorosa contribuição da imprensa em suas divulgações.

Uma encomenda que marcou sua vida artística foi feita por Patrício Português, um empreendedor bem conhecido em Mossoró. Ele iria abrir um restaurante e pediu a Careca a reprodução de um quadro famoso para colocar em um de seus ambientes. Com pouco tempo para entregar o trabalho, sentiu que aquele era um divisor de tempo. Ao concluí-lo, percebeu que havia se tornado um artista profissional. “A ficha caiu, e eu comecei a valorizar ainda mais minha arte, pois sabia que tinha alcançado o nível necessário para poder viver dela”, explica.

Daí para frente foram obras variadas como desenhos bíblicos, esculturas em madeira, ferro e aço, pinturas em vidro, tecido, madeira e parede, mosaicos e até outdoors à mão. Tudo com a mesma disposição e criatividade que nunca lhe faltaram. “Nunca rejeitei encomendas. Muitas eram desafiadoras, mas eu sempre conseguia produzir e entregar na data prevista”, enaltece.



ENSINANDO O OFÍCIO – Apesar de autodidata, Careca sentiu a necessidade de ensinar sua arte. Em 2000, abriu inscrição para um pequeno curso temporário de pintura, que já chegou aos 15 anos formando novos artistas com dons e expectativas diferentes. “Neste trabalho são inesquecíveis as aulas para dez deficientes visuais do Instituto de Cegos de Mossoró. Um trabalho voluntário voltado ao conhecimento da arte, noção de medidas e conhecimento das cores. Deslumbrei-me com a rapidez com que eles captaram os ensinamentos, resultando em uma linda exposição realizada em um hotel da cidade”, relembra.

Careca tem formação de Educador Físico (UERN) e mais recentemente de Arquiteto (UNP), atividade para qual já montou escritório e inicia projetos voltados para o urbanismo e interiores. Sente-se feliz em ver que a esposa também se tornou artesã, produzindo encomendas em tecido e gesso, além de lembranças para casamentos e aniversários.

“Resumo minha carreira como um resultado do trabalho, talento e dedicação. Para os que me perguntam sobre a receita, digo que acreditar no próprio potencial é o começo de tudo. A confiança abre os caminhos necessários para que possamos alcançar tudo aquilo que nos propomos nesta vida”, conclui.

 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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