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BENDITO O QUE SEMEIA LIVROS.

  • Foto do escritor: obomdemossoro
    obomdemossoro
  • 12 de ago. de 2015
  • 3 min de leitura

NEY PONTES DUARTE (IN MEMORIAM)

O patrono da Biblioteca Municipal de Mossoró, Ney Pontes Duarte, nasceu em Mossoró em 30 de dezembro de 1933. Por morarem próximos, na mesma rua Desembargador Dionísio Filgueira, aprendeu as primeiras letras com a professora Décima Saraiva, vindo a concluir o curso primário no Grupo Escolar 30 de Setembro. Era muito dedicado aos estudos, sendo sempre aprovado com as melhores notas. Concluindo o ginasial, ingressou no curso de Formação de Sargento, na Escola de Especialista de Aeronáutica do Ministério da Aeronáutica, o qual concluiu em 1955, sendo classificado em 9º lugar e promovido a 3º Sargento, na especialidade de Controlador de Voo, em Guaratinguetá/SP.

Foi transferido para Natal, onde exerceu o ofício de Controlador de Voo na Base Aérea de Parnamirim/RN até princípio de 1958, quando foi transferido para Fortaleza/CE. Para lá levou a mãe e a irmã para morarem com ele. Por dois anos, tudo transcorreu normalmente, até que em 1960 começou a sentir problemas de ordem mental, o que o impossibilitou de continuar na sua atividade.

Várias vezes foi levado várias vezes para Recife/PE com o objetivo de fazer tratamento psiquiátrico na Casa de Saúde São Geraldo, mas nunca mais voltou a ter saúde normal, pois tinha período de lucidez e outros de perturbações. Por esse motivo, em 4 de maio de 1962, foi reformado (aposentado)por invalidez.

Permaneceu morando em Fortaleza, com a mãe e a irmã, levando uma vida de completa ociosidade. Nada mais o motivava. Vaidoso que fora no passado, passou a viver modestamente. Das atividades dos velhos tempos, manteve apenas o gosto pela leitura. E boa parte dos seus recursos passou a investir em livros, que muitas vezes comprava aos montes. Mas ajudou a toda a família, inclusive ao pai, que os havia abandonado ainda pequenos. Mandou buscar o seu irmão Ivani, que morava no Rio de Janeiro, e custeou os seus estudos na Faculdade de Farmácia de Fortaleza.


DOAÇÃO DE MAIS DE 4 MIL LIVROS – Mesmo com os problemas de saúde que o acometera, teve um gesto nobre para com a sua terra natal. Lembrando-se das dificuldades que tinha tido quando menino em Mossoró para encontrar livros para os seus estudos, resolveu fazer doações de livros à Biblioteca Pública Municipal, para que outros meninos carentes de sua cidade pudessem dispor das luzes da cultura.

Segundo depoimento de sua irmã Maria Júlia Duarte, "quase que diariamente ele preparava pacotes de livros e pedia a ela para que levassem ao correio, remetendo-os à Biblioteca Pública de Mossoró". Isso se tornou quase uma obsessão para ele, que manteve o gesto por muitos anos, chegando a doar mais de 4.000 livros, comprados com os modestos proventos de uma aposentadoria de Sargento da Aeronáutica.

Com o agravamento da doença, foi mais uma vez internado no dia 8 de janeiro de 1995, um domingo. E não voltou mais para casa. Faleceu sete dias depois, na manhã do dia 15. Maria Júlia Duarte disse em seu depoimento: "A pedido de mamãe, Ney foi sepultado em Mossoró, nossa terra natal, naquele mesmo dia, numa tarde muito bonita, de um sol muito claro. Parentes, amigos e vizinhos da rua Dionísio Filgueira, palco da nossa infância e adolescência, estiveram presentes. Foi triste, muito triste, porém muito consolador para todos nós."

Como disse Castro Alves: "Oh! Bendito o que semeia livros, livros à mão cheia, e manda o povo pensar! O livro, caindo n'alma, é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar!" Bendito, pois, foi Ney Pontes Duarte com o seu gesto de semear livros na Terra de Santa Luzia de Mossoró. E a cidade reconheceu sua grandeza de espírito, emprestando o seu nome ao nosso templo de cultura, que passou a se chamar "Biblioteca Pública "Ney Pontes Duarte"".


Fonte: Jornal o Mossoroense.

 
 
 

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Tenho amor incondicional pelas pessoas que entram em minha vida e sinceramente, não sei o quanto isso é bom nos dias atuais. Talvez esse seja meu pior defeito.

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