UM PAI NA LUZ DE JESUS.
- obomdemossoro
- 8 de ago. de 2015
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ANTONIO LAURINDO MATOS (PARTE II)
O negócio dos pintinhos coloridos em Mossoró era de uma dimensão ainda maior do que a que funcionava em Campina Grande. Chegou a ter três caminhões, uma Kombi e uma caminhoneta C-10, pois além da cidade o negócio se estendeu por todo o estado do Rio Grande do Norte. Toda segunda-feira seu Antônio comprava até sete mil pintos de uma única vez em uma granja de Fortaleza. Durante quatro anos ganhou dinheiro, mas solteiro não investia, pois sempre confiava que seu trabalho lhe daria o retorno necessário para viver.
De tão rendoso, o negócio acabou crescendo os olhos do investidor. Aos poucos, seu Antônio foi se sentindo excluído do trabalho e acabou saindo. Em 1991, depois de investimentos que não lhe renderam bons resultados, a ex-deputada Sandra Rosado lhe estendeu a mão, recebendo um convite para trabalhar ao lado dela fazendo inúmeros serviços, entre eles locução e organização de setores de suas campanhas políticas.
Com a eleição dela para vice-prefeita em 1992, seu Antônio recebeu um cargo comissionado na Prefeitura, perdendo-o quando do rompimento de Sandra com o Prefeito. Mesmo assim, ele manteve seu salário devido a total confiança que ela tinha por ele, garantindo assim a permanência do colaborador ao seu lado. Com a vitória de seu grupo político para o Governo do Estado, em 1994, seu Antônio mostrou que seu prestígio era grande, recebendo um emprego na Companhia de Agua e Esgotos – CAERN, onde permaneceu durante seis anos. Acordos políticos no âmbito do poder, que muitas vezes fogem ao controle das lideranças políticas, acabaram desgastando a relação entre seu Antônio e a então Deputada. “Por orgulho, não mais quis me envolver com política”, confessa.

OS AMORES DE SUA VIDA – A vida apontou para seu Antônio um novo destino, o próspero serviço de moto-taxi. O dinheiro que ganhou com o tempo de serviço na Caern, investiu em uma moto, e foi à luta. Em uma de suas primeiras corridas, levou um passageiro para a cidade de Ipanguaçu, 92 quilômetros de Mossoró. Chegando lá, após deixar o passageiro, seu Antônio foi tomar um cafezinho na feira.
“Foi quando avistei pela primeira vez uma morena meiga e simples, a qual convidei para tomar café. Maria José dos Santos me contou a sua história de vida, parecida com a minha, e de imediato a chamei para morar comigo. O que achei incrível é que ela aceitou, dizendo que não tinha nada para pegar. Voltei para Mossoró com ela na garupa. Foi amor a primeira vista, um amor enorme, que me fez feliz por cinco anos”, descreve.
Com a ajuda do amigo Hilton Bezerra, com quem morava, alugou uma casa no Parque das Rosas, e foi morar com Maria José. Nesta casa ficaram pouco tempo, morando posteriormente nos bairros Santo Antônio e Santa Helena, onde ela adoeceu e depois veio a falecer. Com ela seu Antônio teve Aspázia Michele, hoje com 16 anos, Maikon Michael, 14, e Ozana Gabriely, 13.
“Nós tínhamos uma união muito feliz. Eu trabalhava para termos uma vida com mais condições, vendia frutas, fazia serviços de pedreiro e mantinha o moto taxi. Ela me dava todas as condições para trabalhar e cuidava dos nossos filhos com muito amor. Em maio de 2003, pela primeira vez, Maria me falou de um problema na garganta, que a lhe impedia de comer direito. Lutamos juntos por sua saúde por oito meses, mas nos faltou a atenção devida, a assistência correta para lhe salvar da grave doença. Foi uma perda irreparável para minha vida e a dos meus filhos”, conta entristecido.

A AJUDA PROVIDENCIAL – Sem Maria, seu Antônio se viu só para cuidar de três filhos pequenos. Havia colocado todo seu dinheiro para tentar salvar a esposa, inclusive vendido a moto e duas carroças que lhe davam o ganha pão. No primeiro domingo após a perda da esposa, desmaiou de fome por ter ficado três dias sem comer, apenas alimentando os filhos com o leite que recebia do governo. Nesta hora pediu a Jesus que o ajudasse a criar aqueles meninos.
Não faltou a ajuda dos bons. Os do Vuco Vuco, onde fazia ponto na época de moto taxi, fizeram uma arrecadação de dinheiro e alimentos. Outro amigo, que chamava de Galego, ofereceu para ele trabalhar em sua moto nos finais de semana, e sua esposa ainda se prontificou a ficar com os meninos enquanto fazia as corridas.
Ganhou também uma carroça da igreja Evangélica Avivamento Bíblico, do pastor José Hilton, e uma casa emprestada na Favela do Fio, do amigo Anselmo Raimundo. Com a carroça pôde se locomover melhor, viabilizando serviços diversos em casas de família. Nesta época colocou os filhos na creche, o que lhe dava a tranquilidade para trabalhar.
Nestes 11 anos sem Maria, outros percalços aconteceram como nos invernos em que seu Antônio e os filhos sofriam com as enchentes, quando rezava para a casinha emprestada não cair por sobre sua família. “Minhas orações foram sempre ouvidas, pois no outro dia em que nos mudamos para uma nova moradia, a casa veio abaixo”, conta.
Esta mudança de residência foi fruto também de outro pedido feito por seu Antônio ao Cristo. O proprietário da casinha havia solicitado a desocupação imediata do local. Desesperado, seu Antônio pediu uma luz divina, algo que lhe abrisse as portas para resolver tamanho problema. “Foi quando me despertaram para possibilidade de reivindicar meu aposento junto ao INSS. Tinha tempo de serviço mais não tinha idade. Ao também informar meus problemas de saúde, a luz iluminou minha vida, com a concessão de minha aposentadoria”, relata.
“Pude dar aos meus filhos uma condição melhor de vida. Sinto-me feliz e grato a Deus por hoje ver meus filhos iguais a qualquer um, com saúde, estudando, com expectativas e oportunidades que pareciam impossíveis anos atrás. O BOM é ter o que comer todos os dias, sentindo o amor dos meus filhos bater em meu coração”, diz emocionado seu Antônio.
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