TOCANDO A VIDA POR AMOR À MÚSICA.
- obomdemossoro
- 4 de ago. de 2015
- 4 min de leitura
FABIO ROBERTO MONTEIRO DE LIMA
Na mesma hora em que o papa João Paulo II chegava ao Brasil pela primeira vez, em uma visita de 13 dias por 12 estados, nascia em Mossoró Fábio Roberto, o Fabinho, como é conhecido no mundo da música. Sob as bênçãos de João de Deus, o único filho da doméstica Maria Madalena Monteiro, que já havia se separado do pedreiro Elias Pereira de Lima, seu pai, veio ao mundo em meio a um importante dilema: qual o nome que deveria ser dado a ele.
Para a maioria dos amigos e familiares, contagiados com a emoção que o país vivia, o mais correto era colocar no menino o nome de João Paulo. Para a mãe e a tia Maria de Fátima, no entanto, pesou o gosto musical. A mãe era apaixonada por Roberto Carlos, a tia por Fábio Junior, dois expoentes da música brasileira. Sob esta influência, aquele pequeno ser que acabará de começar sua batalha pela vida tinha agora um nome que na verdade foi uma premunição de sua veia artística.
AS PRIMEIRAS PARTITURAS – Criado no bairro Paredões, pelos seus avós maternos, e também pelas tias, já que o pai não deu mais notícias e a mãe faleceu quando ele tinha apenas 15 anos, Fabinho diz ter sua infância marcada pela adoração que tinha por seu avô Biró e pela presença intensa nas atividades da Igreja São José, pois aos 12 anos já era coroinha. “A partir daí foi fácil ser aproveitado no Projeto Esperança, do padre Guido, que envolvia crianças do bairro para atividades sociais, esportivas e culturais, dando oportunidade para o aprendizado e abrindo as portas para um futuro com melhores possibilidades”, descreve.
Foi assim que Fabinho aprendeu, aos 16 anos, tocar um instrumento de percussão e afinar seu caminho de vida com a arte da musicalidade. Aos 18 anos, ao lado de cinco amigos do bairro, criou o grupo Swing do Samba, que tocava em festinhas de aniversário. No entanto, a falta de um cavaquinho limitava a qualidade das apresentações. Foi aí que Alex, um dos membros, comprou o instrumento e começou a aprender. Só que uma semana depois o braço do instrumento quebrou e ele se desgostou de vez. Coisas do destino não é Fabinho?
“Eu peguei o cavaquinho, mandei consertar e o grupo me convenceu a aprender a tocar”, lembra. Foi quando começou a estudar música pra valer. Em pouco tempo dominava o seu primeiro instrumento de corda, fazendo o Swing do Samba evoluir rapidamente, ganhando a qualidade necessária para não faltar convites de apresentações por toda a cidade. Paralelamente aos shows, Fabinho procurou a Escola de Música da Prefeitura e se inscreveu no Curso de Cavaquinho, iniciando assim sua convivência com os profissionais da música de Mossoró.
Já com 20 anos, entrou para o Conservatório de Música da UERN, dando o passo definitivo para fazer da música sua vida. “São 15 anos envolvido totalmente na área, compondo, tocando e até cantando. Minha tia Maria das Graças diz até que quando durmo mexo com as mãos, como que regendo uma orquestra”, conta brincando.
DE ALUNO PARA PROFESSOR – Apenas dois anos depois de estar na condição de aluno, foi convidado para ministrar aulas práticas de cavaquinho aos alunos novos. Seus voos começaram a ser mais altos. Em 2004 fez parte da primeira turma de licenciatura em Música do Rio Grande do Norte, concluída em 2008. Tocou em bandas como Samba Nobre e Samba Astral. Em 2005 fundou a Banda Forró Dourado, com Giannini Alencar, até hoje seu parceiro musical, quando começou a também compor.
Foi autor da trilha sonora do espetáculo Chuva de Bala de 2015, ao lado de Danilo Guanais e Gideão Lima. Repetindo o feito de 2008, só que naquele ano tendo como parceiro apenas Gideão Lima, produtor e compositor mossoroense. Fabinho fez ainda a música do Pingo do Mei Dia deste ano, com o parceiro Giannini. Outro feito foi a 3ª colocação no Forraço, o festival de música da Inter TV Cabugi, de 2012, com a música ‘100 Anos de Gonzagão’.
Em seu currículo constam ainda duas apresentações internacionais. A primeira em Monte Galdela, norte da Itália, a convite do músico mossoroense radical naquele país, onde tocou cavaquinho e bandolim em um recital de música brasileira. A segunda oportunidade foi em Barcelona, durante o V Congresso Nacional de Musicoterapia da Espanha, ao lado de Angelo Maestre, famoso músico brasileiro que mora na Europa.
Em 2011, passou no concurso público do Conservatório, atuando como coordenador do Grupo de Choro ‘Ingênuo’ da UERN, além de ser professor do SESC Cidadão, onde dar aulas de xilofone, percussão e violão, instrumentos que aprendeu a tocar por curiosidade e amor a música. Toca ainda Bandolim e violino.
Uma atividade que orgulha Fabinho, e que ele faz questão de citar, é seu trabalho voluntário na Associação de Apoio aos Portadores de Câncer de Mossoró e Região (AAPCMR). “É onde posso executar o que aprendi no Curso de Especialização em Musicoterapia, feito em Olinda/PE. Toco violino para as crianças e as ensino a magia dos instrumentos. A autoestima vai lá pra cima, me deixando satisfeito e recompensado por tudo que tive a oportunidade de aprender”, diz emocionado.

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