SEGREDOS PARA UM BOM NEGÓCIO.

JOSÉ CARLOS LIMA LOPES

Nascido em Mossoró em 16 de outubro de 1947, o empresário Zé Carlos, da loja Disco Fitas, é o mais velho dos oito filhos do casal Carlos Lima Rocha, feitor de salina, e Luzia Lopes Lima. Há 40 anos é casado com Ana Lucia Lacerda Vieira de Lima, professora aposentada, com quem teve três filhos homens: Sênio e Alan, comerciantes, e André, juiz federal. Todos seus irmãos estão radicados na cidade: Lima Neto é professor; Dimas Lopes técnico em eletrônica; Carlos Lima comerciante; Janice Carvalho; Maria de Fátima engenheira agrônoma; Betinha professora; e Gracita cabeleireira.

Zé Carlos começou a trabalhar aos 12 anos na Casa Brasília, loja de tecidos do amigo da família José Andrade, a quem sua mãe pediu ‘um lugar de trabalho para o filho apenas para seu aprendizado, e nem precisaria pagar, ou desse o que achasse justo.’ Foram cinco anos em que Zé Carlos fez de tudo. Bom gostar de matemática, galgou rapidamente seu espaço na empresa, passando pelo pacote, onde conferia as notas de venda, pelo caixa, demonstração de confiança do patrão, até chegar no setor de vendas, lugar que o levou ao empreendedorismo. Antes deste passo, porém, ainda trabalhou na Casa Lima, de eletrodomésticos, dos irmãos Nelito e Carlito Lima.

OS BENEFÍCIOS DA MÚSICA – Na União Caixeral formou-se em Contabilidade, na mesma época de ilustres expoentes da cidade como João Sabino, hoteleiro e professor, e Tomeslávio Freminck, empresário da noite, dono da boate Snob, amigo responsável pelo batismo de sua loja. “O ramo promissor em 1969 era a dos discos, mas já começava a despontar as fitas cassetes. Como eu queria colocar um negócio, Freminck sugeriu botar o nome da loja de Disco Fitas, e assim ficou até hoje”, conta Zé Carlos.

“Mas ninguém pense que foi fácil vender instrumentos na cidade. Quando comecei, a imagem de profissional da música que tínhamos era de Cocota Seresteiro, que vivia bebendo, fazendo serenatas e envolvido na vida de boêmio. Qual o pai que gostaria de ver o filho nesta vida?”, pergunta. Zé Carlos cita a criação da Escola de Música de Mossoró como sendo fundamental para o incentivo a pratica da música por parte das crianças e jovens da cidade. “Música é cultura, melhora as notas na escola, valoriza, responsabiliza, disciplina e educa o cidadão”, afirma.

Para ele, o segredo do comércio, além de nunca deixar faltar os principais produtos relacionados ao negócio, no seu caso teclado, violão, microfone, entre outros, também é saber servir ao cliente que chega com a maior atenção e presteza. “Acho incrível quando um comerciante diz a um cliente: veja ali na loja de fulano de tal se tem. Isso é o inicio da morte de uma empresa”, acredita.

DIVERSIFICANDO OS PRODUTOS – Outros dois importantes aspectos que Zé Carlos enaltece para o sucesso de um negócio é a valorização dos colaboradores, os capacitando e os reconhecendo de acordo com suas qualidades, bem como a agilidade em diversificar os produtos. “Nestes 46 anos de empresa duvido muito que tenha algum mossoroense que não tenha entrado em minha loja por algum motivo”, aposta. Diz isso devido o fato dele sempre ter buscado alternativas populares para seu negócio, citando o serviço de gravações em fitas cassetes, imprescindível nos anos 70.

Outro item que também vendeu muito em sua loja foi a antena parabólica, inclusive através de consórcios. “Os amigos me diziam que era um produto elitizado, e eu apostei que seria popularizado. Acertei. O vídeo cassete foi outro campeão de venda. Hoje em dia diversifico com a telefonia celular rural, muito procurada em toda esta região próxima à Mossoró”, conta Zé Carlos.

O que o deixa desanimado é saber que 90% dos produtos existentes em sua loja serem de fabricação chinesa. “Políticas econômicas erradas e legislações tributária e trabalhista atrasadas estão acabando com a indústria de nosso país. Não existe incentivo para investimentos sérios e de vida longa, aqueles que geram estabilidade para economia e que fazem sustentar os demais setores produtivos”, resume.

Nestes tempos de crise econômica, Zé Carlos orienta os empresários a estarem em dia com suas documentações, as certidões todas positivadas, pois para ele a participação em licitações públicas pode fazer muita diferença nas receitas da empresa. “É necessário termos união e crença em nossas potencialidades, pois o mercado mossoroense sempre comportará otimismo. Nossa cidade tem riquezas naturais e é polo importante da região. Basta acreditarmos e trabalhar muito, com habilidade e inteligência”, aconselha.