LEMBRANÇAS DE UMA MOSSORÓ DIFERENTE.
- obomdemossoro
- 24 de jul. de 2015
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ANTONIO AUGUSTO DE PAIVA NETO
O agrônomo por formação e comerciante por profissão Neto de Moisés nasceu na esquina das ruas José de Alencar com Nísia Floresta, em Mossoró, no dia 22 de janeiro de 1943, filho de Moises Mario de Paiva, serralheiro, camboeiro, ferroviário, marceneiro e produtor rural, e Edite de Freitas Paiva. Terceiro dos catorze filhos do casal, sendo que apenas sete foram criados. “Este meu nome de guerra surgiu ainda jovem, nos encontros que tínhamos na Praça do Cid, em frente à Catedral. Na época tinham cinco Netos. Para diferenciar só mesmo usando o nome dos pais. Foi assim que me tornei o Neto de Moisés”, explica.
Sua infância foi na beira do rio, onde hoje é a rua da Cosern, pulando da ponte do trem, passeando de canoa, tomando banho de rio, jogando pelada de futebol, que gostava muito, apesar de em toda sua vida nunca ter ido ao Nogueirão. “Era uma Mossoró diferente da de hoje. Saíamos de casa e voltávamos a qualquer hora. As famílias se encontravam e se reuniam diariamente. Hoje tudo está mais individualizado, cada um na sua, cada um com seus próprios interesses”, descreve Neto.
Seus estudos foram na escola 30 de Setembro, colégio Estadual e União Caixeral. No 2º ano do ensino médio parou de estudar para trabalhar no cais do porto de Recife, cidade onde morava um de seus irmãos. Por lá acabou ficando quatro anos e conseguiu concluir o 2º grau. Ao retornar à Mossoró, passou no vestibular de Agronomia da ESAM e se formou nesta profissão que jamais exerceu.

SIMPATIA E BOM HUMOR – Trabalhou um bom tempo com o pai como serralheiro, fazendo portas, janelas, basculantes, tudo em ferro. “Aqueles quatro portões grandes do cemitério foram feitos por mim e meu pai”, orgulha-se Neto. Durante cinco anos teve contrato com o Abatedouro Frigorifico Industrial de Mossoró, AFIM, e ainda participou de um Censo Agropecuário do IBGE.
Do casamento com Maria Silvana de Melo Paiva, em dezembro de 1980, teve a filha Maria Edite de Paiva Melo, formada em Administração, que com os pais cuida da lanchonete ao lado do colégio Dom Bosco que a família mantém há mais de 25 anos. É nela onde seu Neto passa o dia, trabalhando e se divertindo com a vida. “Aqui conto e ouço histórias das mais diversificadas e de diferentes gerações. Como a do cliente que pediu um pastéis e duas coxinha”, conta gargalhando o perspicaz comerciante.
Em suas boas lembranças, destaca o grupo Teatro Escolar de Amadores de Mossoró, o TEAM, da qual participou nas décadas de 60 e 70. “Fiz algumas peças como O Pagador de Promessas, dirigido pelo escritor mossoroense Tarcísio Gurgel, hoje radical em Natal. Naquela época não tinha teatro em Mossoró e nos apresentávamos no auditório da faculdade de economia, no prédio chamado Epilogo de Campos, onde funciona atualmente a reitoria”, lembra.
Sempre de bom humor, distribuindo simpatia e ganhando com isso a admiração de sua clientela, formada em sua maioria por jovens estudantes, seu Neto diz que não tem muita religiosidade, mas afirma que para ser ateu é preciso ter muita fé. “Eu acredito que possa haver vida após a morte, mas não tenho pressa em ter certeza”, se diverte.
Para ele tudo é BOM em Mossoró, menos este clima de insegurança e marginalidade que só aumenta. “Quando vejo os estudantes de hoje fico preocupado. Muita liberdade e pouco compromisso com a vida e com as outras pessoas”, conclui o Neto, do pai Moisés.

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