O SUCESSO DA SIMPLICIDADE.

JEANE SOUZA PEREIRA

A mossoroense Jeane Souza Pereira tem uma história de vida inusitada, não muito comum, e que desde abril ganhou ares de superprodução hollywoodiana. Filha do casal de empresários do setor de autopeças Jaime Ferreira de Souza e Maria Neuza Freitas de Souza (in memoriam) estudou em várias escolas de Mossoró: Diocesano Santa Lúzia, Escola das Irmãs, União Colégio e Curso e Maria Stela. Desde muito cedo, ela e os oito irmãos acostumaram-se a trabalhar nas empresas da família. Ela, por exemplo, cuidava do setor de cobranças, o que lhe conferiu boas doses de disciplina e responsabilidade, que hoje utiliza em tudo que faz em sua vida.

Conheceu o esposo através da internet em 1999, mas logo ele foi contratado por uma empresa dos Estados Unidos e a distância criou um obstáculo à relação. Após o período de muitas idas e vindas, decidiram casar em 2002 e morar naquele país. Uma mudança radical na vida de Jeane, apesar da adaptação fácil que teve. “Hoje somos americanos também. Sempre trabalhamos com o que nos dar prazer e fazemos o possível para viver dentro da lei e respeitar a cultura americana. Seu povo muito gentil, porém muito cauteloso. Aqui não é comum fazer perguntas pessoais”, conta.

No começo, com o visto de esposa, não podia trabalhar fora legalmente. Então, para aprender a nova língua, começou a fazer curso de artes: pintura, scrapbook e costura. O sofá de casa e a vida de dona de casa nunca lhe atraiam, então além dos cursos, sempre estava fazendo pequenos trabalhos pela internet como web sites e artes digitais.

TUDO PODE MUDAR, A QUALQUER HORA DA VIDA – Em 2010, Jeane foi impactada com a perda da mãe, lhe deixando desmotivada para fazer o que fosse. Adquiriu uma forte depressão junto com a síndrome do pânico. Começou a fazer terapia quando percebeu que já não conseguia descer sozinha a escada da frente de casa. “A terapeuta me orientou a começar a fazer uma arte, então voltei novamente para o curso de costuras e parecia um parto enfrentar as aulas porque a fobia era presente e forte demais”, conta.

Sempre que chegava a sua casa após cada aula, queria logo por em prática o que eu tinha aprendido. Assim, começou a mostrar em suas redes sociais os produtos que confeccionava. Coisas simples como uma sacolinha para embalagem. Amigos do Brasil e USA começaram a gostar e perguntar se Jeane fazia para vender. “Esse questionamento me motivou a querer aprender mais e mais. Motivou-me a fazer mais e a mostrar mais. Quanto mais eu confeccionava pra treinar, mais eu notava que as doenças que eu tinha adquirido estavam sumindo. Descobri o meu remédio”, descreve.

Jeane então passou a aceitar encomendas das suas costuras e abriu uma empresa. Vendia bastante para os USA e o mundo. Logo se viu diante de um novo desafio. As pessoas lhe perguntavam como conseguia vender tão bem seus produtos. Foi quando teve a ideia de gravar vídeos com o passo a passo da produção, e junto com isso, passar dicas diárias de como vender.

“Deu tão certo que tive que fazer uma escolha: trabalhar confeccionando produtos para vender; ou trabalhar gravando para ajudar as pessoas a confeccionar e vender. O coração optou pelo caminho que estava me fazendo feliz, através das respostas que chegava a cada dia como um ‘Obrigada Jê, agora deu certo e estou conseguindo trabalhar’. Sim, escolhi ajudar as pessoas a confeccionar cada vez mais de uma forma prática e orienta-las de como vender. E essa escolha foi um salto no meu trabalho. Grandes empresas começaram a me ver como uma boa formadora de opinião, e isso mudou minha vida”, relata Jeane.

ATITUDES SOCIAIS – Começou então a chegar convites para aparecer na TV e o surpreendente convite da famosa empresa de máquinas de costuras Singer para uma grande feira no Brasil: a Mega Artesanal. “Eu não iria ministrar uma aula lá, porque julgava não ter publico para isso. Combinamos que eu estaria lá apenas ‘como uma figura decorativa’, pensando eu que durante os quatro dias do evento seria possível que viessem, no máximo, umas dez pessoas ao meu encontro. Viajei para São Paulo e fui para a feira sentindo um misto de felicidade e medo. Afinal, era uma exposição muito grande. Fui da mesma forma que falo para as minhas leitoras diariamente: se tiver medo, vá com medo mesmo. Quando vi caravanas chegando ao meu encontro, em minhas redes sociais pessoas comentando que era sua segunda tentativa para falar comigo na feira e não conseguia, a pressão baixou e passei mal, incrédula com o que estava acontecendo”, conta.

Com a motivação em alta, Jeane resolveu fazer mais. Em junho, juntou uma turma e confeccionou 120 Naninhas do Bem, bonecos de almofadas que dão conforto espiritual, para abraçar as crianças de Mossoró. “Distribuímos com afeto para as crianças do Hospital do Câncer, APAE, Casa do Caminho e favela do Tranquilim. As parcerias com os anjos da Bela Trupe Teatro e da U7 Lanches foram fundamentais para o resultado deste projeto maravilhoso. Ganhar o sorriso de uma criança, não tem preço”, diz emocionada.

Trabalhando em seu ateliê/estúdio instalado em sua própria casa, e com contratos com a Singer e algumas de suas revendedoras, como a Estica Fio e a Maria Cereja, do Rio de Janeiro, e a Tecidinhos Jaqueline Lopes, de São Paulo, que lhe dão segurança e tranquilidade, Jeane segue uma rotina de 8 horas diárias fazendo o que ama. Formar novas artesãs pelo mundo a fora e fortalecer a arte do fazer é uma dádiva de Deus que a popular Jê Souza consegue fazer com muita simplicidade e amor.

Conheça mais da arte desta mossoroense através dos links: www.facebook.com/DreamsFactoryByJeane/timeline - http://www.dreamsfactorybyjeane.com/ - https://youtu.be/tV_bW1xaGG0