PREGANDO NA FAMÍLIA O BOTÃO DO AMOR.
- obomdemossoro
- 16 de jul. de 2015
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MARIA DA CONCEIÇÃO REBOUÇAS
D. Conceição é a mãe de cinco Josés e de quatro Marias. É a Ceição do Armarinho de Variedades que há 52 anos se faz presente no Mercado Público de Mossoró. É a filha carinhosa de D. Cidinha, que aos 90 anos precisa do seu amor para se alimentar cinco vezes ao dia por uma sonda localizada à altura do seu umbigo.
Quando contamos histórias de heróis mossoroenses, cada uma com suas peculiaridades, estamos disponibilizando exemplos de vida para inúmeros leitores internautas. Elas podem somar em suas vidas sentimentos, valores, entendimentos novos, que trazem engrandecimento e evolução pessoal, fazendo assim cumprirmos nosso papel como comunicadores sociais. A história de D. Conceição é um grande exemplo do que seja O BOM, pois retrata o verdadeiro sentimento da bondade, em sua grandeza infinita.

AS RAÍZES – Maria da Conceição Rebouças nasceu em 20 de janeiro de 1944, primeira filha da prole de treze do agricultor e jogador de futebol Manuel Amâncio Filho, Nozinho, e de Plácida da Silva Amâncio, Cidinha. “Eu fui criada, assim como minha mãe, por meus bisavôs, pois seus pais morreram quando ela ainda era uma menina. Morando do outro lado do rio, em um tempo onde ninguém se preocupava com a falta de segurança, chegávamos ao comércio de Mossoró abrindo cancelas pelo caminho. As dificuldades eram grandes, mais existia muita força de vontade e disciplina em minha família para superá-las”, conta D. Conceição.
Tendo estudado até o ensino fundamental, aos 15 anos teve seu primeiro e único emprego na loja de tecidos de Nelson Lucas Pires, onde ficou por três anos até conhecer e casar com José Vieira de Gois, em 1963, com quem teve 11 filhos, sendo que dois, gêmeos, não se criaram. Dos nove vivos, apenas a terceira, Maria Aparecida, mora fora de Mossoró, em São Luiz, capital do Maranhão. Os demais estão sempre próximos à mãe. São pela ordem: José Mario, José Jorge, José Junior, José Hilton, Maria Angélica, José Roberto, Maria Adriana e Maria Andreia. Desta turma, D. Conceição já foi presenteada com dezenove netos e quatro bisnetos, aguardando o quinto para breve.
“Quando casei deixei meu emprego e fui ajudar no armarinho pequeno que meu esposo tinha no Mercado Central. Comercializava louça, material escolar, cosméticos, entre outros produtos. Com a vinda de empresas maiores para a cidade, o comércio pequeno foi inviabilizando, pois não conseguia ter preço para competir. Daquele tempo restaram poucas empresas, apenas as que souberam aplicar mudanças necessárias, se adequando a um mercado competitivo”, descreve.
Foi o que D. Conceição fez ao se especializar no comércio de rendas, linhas e botões, prestando serviços de costura como o de pregar botões e fazer acabamentos em roupas e cortinas. Em seu armarinho, que completou 52 anos no Mercado Central, estagiou para a vida empresarial quase todos os filhos, possibilitando-os abrir seus próprios negócios nos segmentos de roupas, acessórios e mesmo de armarinho de variedades.

A CRISE E O APRENDIZADO – O fato mais marcante nesta trajetória de D. Conceição ocorreu a partir de 1974, quando o esposo resolveu abrir um comércio maior, onde hoje está a Loja do Papai da Praça do Codó. A Casa Gois era especializada em artigos de presente e louças. Cresceu muito e fez com que seu José Vieira se afastasse aos poucos da família, criando laços sentimentais com outras mulheres. Este desgaste familiar durou até 1978, quando finalmente foi concretizada a inevitável separação.
“Foi o pior momento de minha vida e da minha família. Vieira queria até vender o patrimônio que tínhamos, como nossa casa, para pagar suas dívidas acumuladas. Minha sorte é que jamais deixei meu armarinho de variedades. Foi ele que, conquistando uma clientela grande a partir de nosso amor e dedicação, sustentou meus filhos durante muitos anos”, relembra D. Conceição.
Aos 71 anos de vida, cuidando de sua mãe com alegria estampada no rosto, D. Conceição afirma que O BOM DE MOSSORÓ é poder reunir todas as segundas-feiras sua família para a leitura do Evangelho. “Refletimos juntos sobre a nossa própria vida através dos ensinamentos que Jesus Cristo nos deixou. Cada um pode falar de suas experiências, dar suas opiniões, ensinar e aprender um com os outros. Desta forma, nos mantemos unidos e na fé. É tão bom que ninguém quer que acabe. Orações e agradecimentos que nos enche de vitalidade para a vida”, resume.
Aos 78 anos, seu José Vieira mora em Natal e enfrenta problemas de saúde. O BOM é que todos os seus filhos já o perdoaram. “Não vale a pena alimentar sentimentos negativos em nossos corações”, ensina D. Conceição, a sábia mulher que soube pregar na família o botão do amor, incansavelmente.

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