64 ANOS DE LEMBRANÇAS.
- obomdemossoro
- 12 de jul. de 2015
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JERÔNIMO DIX-SEPT ROSADO MAIA (IN MEMORIAM)
Há exatos 64 anos um acidente de avião vitimou o então governador do Rio Grande do Norte Dix-Sept Rosado. Nascido em 1911, 17º filho de Jerônimo Rosado, o pioneiro da indústria extrativa de gipsita (pedra de gesso) em Mossoró, Dix-sept já havia se destacado como prefeito da cidade quando, ao lado do ex-prefeito de Natal, Silvio Pedrosa, formou a chapa vitoriosa eleita em 1950 para governar o estado.
No entanto, logo no início do mandato, em uma viagem onde iria buscar verbas federais na capital do país, na época Rio de Janeiro, para o combate à estiagem prolongada que abatia a região, a queda do avião Douglas C-47 enterrou os sonhos deste jovem, querido e respeitado político de Mossoró.
Tendo decolado de Natal, e após fazer escalas em Recife e Maceió, a aeronave encontrou forte chuva a 3 quilômetros do aeroporto de Aracajú, dificultando a aterrisagem e a levando a se chocar com uma árvore as margens do rio do Sal. Os cinco tripulantes e os vinte e oito passageiros tiveram morte instantânea.

O PERFIL SEGUNDO A ESPOSA - Dix-sept Rosado casou com Adalgisa Rosado, falecida em 2013, e deixou órfãos quatro filhos: Carlos Augusto, ex-deputado estadual e esposo da ex-governadora Rosalba Ciarlini; Isaura Amélia, ex-secretária de cultura do governo; Carlos Alberto (Betinho Rosado), ex-deputado federal; e Dix-sept Filho, empresário que na época do acidente estava com apenas dois meses. “Quando Dix-sept morreu não fomos naquela viagem porque eu estava amamentando Dix-sept Filho. Foi a primeira vez que não viajamos juntos”, contou a viúva anos mais tarde ao programa Mossoró de Todos os Tempos, exibido pela TCM - TV Cabo Mossoró.
Nesta mesma entrevista D. Adalgisa traçou o perfil do marido, um pai presente e carinhoso com os filhos: “Muuuito, muito carinhoso com as crianças, quando dava cinco horas da tarde, ele chegava em casa, deitava-se com as crianças numa rede no alpendre. Era uma pessoa alegre, de casa, de andar com a mãe. Dix-sept gostava muito de criança e era bastante animado com os filhos, ele queria filhos. Queria muitos. Durante nosso casamento, eu tendo todo cuidado para não encher a casa de menino, porque dá trabalho. Era muito menino, de todos os tamanhos, dá muito trabalho. Naquele tempo, eu já dirigia, mas não sentia vontade de sair de casa”.

NADA ERA DIFÍCIL - Fiel a memória do marido, criou os filhos com a ajuda da mãe, Amélia, também viúva jovem, fazendo o papel de pai e mãe e se superou fazendo questão que os filhos estudassem nos melhores colégios da cidade, acompanhando a evolução deles no comportamento e socialmente, conforme o filho Betinho Rosado contou na mesma entrevista. “Com o pai teria sido melhor, mais fácil, teríamos conseguido mais estudos”, disse ela.
Primeira-dama de Mossoró aos 28 anos e primeira-dama do estado, aos 30, na campanha para governo do estado, em 1950, estava grávida de Dix-sept Filho. Viúva, passou a trabalhar na Mossoró Comercial, empresa criada pelo marido, ela que nunca trabalhara antes, achava aquilo um passeio, pois a distraia. A empresa comercializava e transportava gesso para o porto de Areia Branca, de onde seguia para a região Sudeste. “Ele era um bom partido, era interessante, bonito, simpático, educado, uma pessoa de resolver tudo, nada era difícil para ele. Insistiram para ele entrar para a política, inclusive Georgino Avelino, adversário político da família. Ele dizia que não queria se meter em política. Foi eleito prefeito na condição que não podia, as pessoas o fizeram prefeito, pois achavam ele simpático", disse Adalgisa.
Ela não incentivou, mas ajudou, acompanhava a agenda do marido, recebia correligionários e eleitores em casa. Adalgisa tomava conhecimento de tudo, pois ele era bastante caseiro. "Dix-sept era um homem da família, dos filhos e dos amigos. Ele nem queria ser líder político, mas o povo o fez”, resumiu.

POLÍTICO EFICIENTE - Eleito prefeito de Mossoró em 1947, aos 36 anos de idade e, com uma gestão considerada excelente, era um político popular e seu nome foi logo cogitado dois anos depois para concorrer ao governo do estado, em 1950. A campanha teve elementos inovadores pioneiramente com o uso do marketing pela primeira vez no estado, que contribuíram para o seu sucesso nas urnas. Muitas peças da divulgação foram elaboradas e produzidas no Rio de Janeiro, como jingles e fotos para folhetos, certamente providenciadas pelo seu irmão Duodécimo Rosado, que lá residia.
Durante a campanha para o governo do estado, seus amigos fizeram distribuição de folhetos através de panfletagens sobre Mossoró e outras cidades e zona rural de todo o estado utilizando aviões do Aero Clube de Mossoró, fundado e presidido por Dix-sept, promoviam pioneiramente também, passeatas sob a audição do serviço de alto-falante na região central de Mossoró. Apaixonado pela aviação, Dix-sept, que não chegou a fazer o segundo grau, aos 19 anos morava e trabalhava na então Vila de São Sebastião, tomando conta da produção da empresa de gesso do pai, farmacêutico Jerônimo Rosado, enquanto os irmãos cuidavam da parte administrativa, em Mossoró. Quando o pai faleceu em 1933, ele tinha 22 anos de idade e assumiu mais responsabilidades na gestão da empresa.
Adalgisa era envolvida com os movimentos religiosos da cidade e na política sempre atuou nos bastidores, de forma bastante discreta. Simples, não tinha vida social e, costumeiramente, andava a pé. “Dix-sept era uma pessoa alegre, animada, não frequentava festas, gostava de ter os filhos sempre por perto”, completou.
Texto reproduzido de: luciarocha.com.br

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