RESPIRAR É SENTIR-SE PLENAMENTE VIVO.
- obomdemossoro
- 6 de jul. de 2015
- 3 min de leitura

FRANCISCO DIONÍSIO BARROSO.
O BOM DE MOSSORÓ é respirar o seu ar maravilhoso, é estar vivo para usufruir desta benção. Se esta resposta do comerciante Dionísio Barroso pode parecer simplória, espere mais um pouco para ler sua história de vida.
Nascido em Pacoti, 123 km de Fortaleza/CE, no ano de 1942, Sr. Dionísio casou em 1964 com Vilani Vieira, com quem teve quatro filhos, sendo três morando atualmente em Fortaleza e um em São Paulo. Como representante comercial de uma empresa do setor alimentício instalada no Ceará, veio morar com toda a família em Mossoró entre 1967 e 1984, construindo um rol de amizade que viria a ser de suma importância para a continuação de sua vida.

A MORTE DE PERTO - Chamado pela empresa para voltar à Fortaleza e encarar novos desafios, o destino lhe preparou uma dura experiência. Em 10 de maio de 1986, em uma de suas viagens a trabalho, entre Fortaleza e Floriano/PI, uma ação de bandidos transformou sua vida para sempre. Ao estacionar o carro em um restaurante, foi abordado por dois rapazes com armas em punho. Ao reagir ao primeiro, Sr. Dionísio foi alvejado pelo segundo com um tiro que rompeu a 10ª vértebra, o deixando paraplégico. Após o momento do disparo, lembra apenas de ter aberto os olhos e visto um cano de revolver apontado em sua cabeça, enquanto ouvia a voz do comparsa, já dentro de seu carro que seria roubado com todas as mercadorias:
- Não estrague a bala que o homem está morto!
Dias depois soube que se tratava de uma quadrilha da Bahia que estava atuando na região e responsável até aquela data por 26 assassinatos seguidos de roubo.
Tratado no hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, na época único no Brasil especializado em lesão medular, Sr. Dionísio ficou praticamente sem dinheiro para sobreviver. Em uma cadeira de rodas, poucas opções lhe restaram para ver sentido em sua vida. Uma delas era a de ir à luta. E ele preferiu seguir este caminho.
Voltou à Mossoró em 1988, com a ideia de comercializar mercadorias na rua Dionísio Filgueira, centro dos negócios de estivas e cereais. Mas como conseguiria um ponto, se não tinha dinheiro? Era preciso o pensamento positivo e a fé.

VAI DAR CERTO - Uma visita do amigo José Andrade foi fundamental neste processo. Ele lhe contou que Salvador Marinho, um de seus grandes amigos do passado e proprietário de vários pontos comerciais no Centro, havia colocado um negócio para seu filho que não tinha dado certo, estando, portanto, com um ponto vazio.
Sr. Dionísio diz que passou aquela noite mentalizando o ponto comercial, a pessoa de Salvador e a frase: Vai dar certo! Vai dar certo! No outro dia, chamou um amigo e pediu para levá-lo de carona para o Centro. Chegando ao local, viu Salvador Marinho se deliciando com um mamão na calçada e logo pediu ao amigo que o chamasse até o carro. Quando ele se aproximou foi logo gritando com seu peculiar estardalhaço:
- Amigo Dionísio, não pude lhe visitar ainda mais lhe digo que é um prazer revê-lo. Diga-me se estar precisando de alguma coisa?
- Preciso de um ponto comercial. Respondeu de pronto Sr. Dionísio.
E Salvador mandou de imediato o rapaz levar o carro até próximo ao ponto que ele havia a poucos dias rejeitado uma boa oferta de venda. Chegando lá, para surpresa de todos, Salvador disse a Dionísio:
- Amigo, coloquei um negócio para meu filho e não deu certo. Tem umas caixas aí dentro e está meio bagunçado. Mas vou mandar ajeitar tudo e lhe cederei de graça este espaço pelo tempo que desejar.

A FÉ NO PENSAR - E foi assim que Dionísio recomeçou sua vida. Durante três anos comercializou na rua que tem o mesmo nome que o seu, sendo um ano sem pagar aluguel à Salvador.
Anos depois, José Andrade disse diante dos dois personagens que nunca tinha entendido o que tinha acontecido com Salvador naquele dia, pois ele era conhecido por saber ganhar dinheiro, e além de ter rejeitado uma boa oferta de venda daquele ponto comercial, ainda tinha o oferecido, de graça, para Dionísio trabalhar. A resposta de Salvador foi imediata:
- Até hoje nem eu entendo. O que foi seguido de imensas gargalhadas dos três amigos.
A fé em Deus e o pensamento positivo sempre presente, são os guias na vida deste Senhor que não parou no tempo. Hoje Dionísio sai todos os dias para trabalhar em seu carro adaptado, com o auxílio de seu assistente Claudio Simão e o apoio essencial de sua irmã Maria Eugênia.
“Meus companheiros e meus bons pensamentos formam a base que me faz trabalhar e viver com alegria cada momento de minha vida”, revela. Para seu Dionísio, 29 anos depois do trágico acidente, tudo é lucro, até o ar que respira.
Comments